Guia da Semana

Foto: Divulgação

O bar Ó do Borogodó é referência no samba de São Paulo

Gostar de uma batucada já foi coisa de quem mora em periferia há muito tempo. O fato é que o que era praticamente exclusividade da cultura negra nos morros do Rio de Janeiro, nas margens de São Paulo ou na Bahia de todos os santos, acabou se transformando na identidade brasileira mais fiel de todas.


O samba, com todas as suas variantes, agrega apaixonados de todos os tipos, credos, raças e ideias, e não é por menos que "As Vilas" (Madalena e Olímpia) se renderam aos encantos de uma batucada nobre, que encanta aos espectadores de todo canto.

Definitivamente, achar um samba de bamba não é nada difícil aqui em Sampa.

Provavelmente todo mundo deve saber que o famoso e cobiçado pau-brasil foi o que chamou atenção dos gringos quando chegaram às terras tupiniquins e, por incrível que pareça, mais de 500 anos depois, nada mudou. Aliás... mudou uma coisa. Pau Brasil virou bar, e um dos mais bem frequentados da Vila Madalena. Engraçado porque, como dizem, a primeira impressão é a que fica. E, sinceramente, não parece ser muito animadora no início. Uma portinhola, que se abre diante de uma garagem onde caberia apenas um carro, meia dúzia de mesas nos cantos e um piano vertical na frente do bar. Estranho? Talvez. Mas você nem imagina o que te espera lá dentro.

A noite entra e uma roda afinada evoca os acordes de Cartola, Noel Rosa, Clara Nunes, Adoniran, Ataulfo Alves e tantos outros, que dão a nota desse samba de raiz madrugada adentro. Aos poucos, as mesas são desmontadas e um festival de bambas, amantes e gringos transforma a garagem numa verdadeira balada de samba de raiz. Mal se pode andar. A entrada? Seis patacas (R$ 6)... Cerveja de garrafa trincando e o caldinho de feijão preto mais gostoso da cidade.

De outro lado, mas bem perto dali, tem também um bar que é Ó do Borogodó, esse sim uma verdadeira "casa de samba". Já na chegada, você provavelmente vai se deparar com uma longa fila na calçada em frente aos janelões de vidro, como um aquário. Lá dentro, a galera rodopia até de manhã também com samba de raiz, partido alto e mandando ver nos dedilhaços das cordas e flautins do verdadeiro chorinho.

O fato é que a velha dúvida de onde nasceu o samba, se em Sampa, Rio ou Bahia é a última coisa da qual a galera se lembra. Todo mundo quer ser padrinho...Tá de bobeira em casa? Bora pra Vila!

Leia a coluna anterior de Douglas Lima:

Surfando na noite


Quem é o colunista: Douglas Lima.

O que faz: Consultor em educomunicação, tecnologias da informação e da comunicação, engajado em movimentos sociais desde moleque, e associado fundador da ONG Viração.

Pecado gastronômico: Calamares à doré do Atenas e o meu Strogonoff.

Melhor lugar do mundo: Onde eu estiver com meus amigos. Principalmente se for no Rio de Janeiro.

O que está ouvindo no carro, iPod, mp3: Chopin, Beyoncé, Maria Gadú...

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Atualizado em 6 Set 2011.