Guia da Semana

A Lôca, em São Paulo
Foto: Divulgação


De acordo com o dicionário Aurélio, buraco é "uma depressão ou abertura, natural ou artificial, na superfície; cavidade", mas para os freqüentadores da noite paulistana e carioca não seria este o real conceito. Para eles, uma balada-buraco é um local de fuga das mesmices clássicas que existem, além de serem locais perfeitos para encontrar pessoas interessantes.

O jornalista Jean Apolinário, freqüentador d´A Lôca, em São Paulo, diz que o local é diferente de todas as outras baladas, parece uma caverna, o que facilita para fazer novas amizades. "O público é bem diversificado, tem gente de todos os estilos, góticos, mauricinhos, punks, metaleiros, entre outros. A Lôca é um lugar diferente, underground, por isso agrega todas as tribos", conta.

Fernanda Gimenes no Outs
Foto: Arquivo pessoal
"Todos são bem-vindos na casa", é o que afirma a designer e atriz Fernanda Gimenes que vai regularmente ao Outs. "Quando cheguei na primeira vez, no banheiro, conheci um uruguaio que rendeu boas risadas. Depois descobri que ele era um dos caras da banda, Motosierra, que tocou naquela noite. Logo após a banda tocar, fui para a pista e me esbaldei, de Elvis à David Bowie, de Joy Division à The Donnas. Dancei a noite toda". Ela ainda ressalta que esses ´buracos´ tendem a ser mais confortáveis, a cerveja mais barata e o pessoal que freqüenta não tem frescura. "Se a música é boa, então, você acaba se sentindo em casa mesmo", completa.

Música boa é o que não falta no Hole Club. Os DJs da casa facilitam encontros inusitados com os mais diversos sons como os ´rastas´ com o tradicional projeto de dub e reggae-roots Java. O DJ Felício "Marmitex" Marmo, que mensalmente promove o duelo de festas Motherfunk vs Wi-Funk, explica que o Hole tem um caráter subversivo, como o de muitos outros buracos. "O clube fica debaixo de um local onde durante o dia funciona como galeria de lojas. Dançar em pistas assim, é uma sensação única que só o underground propicia".

Mais buracos para se jogar em São Paulo
Sarajevo (saiba +)
Tunnel (saiba +)
Inferno Club (saiba +)
Vegas (saiba +)
Choperia Liberdade (saiba +)
Milo Garage (saiba +)
CB Bar (saiba +)
Susi in Transe (saiba +)



Rio de Janeiro: cerveja barata, música e amigos

Buraco da Lacraia completou 20 anos de atividade ininterrupta
Foto: Divulgação


A Lapa andou provando ao Rio de Janeiro e ao mundo que diversão noturna vai além do glamour das grandes discotecas. No melhor visual "quintal de casa" (inclusive no tamanho), os estabelecimentos da Rua Mem de Sá e arredores, por exemplo, são prova disso. É lá que está a maior concentração de estilos e classes sociais diferentes por metro quadrado.

O bar do Buraco: cerveja e amigos
Foto: Divulgação
Essa atração do público notívago carioca por lugares mais alternativos (lê-se "sem muita frescura") não é de hoje. "Aqui não tem essa de salto alto", brinca Adão Arezo, proprietário de uma das boates mais curiosas do Centro da cidade, o Buraco da Lacraia (foto). Em 1987, quando Adão abriu a casa na Cinelândia, era preciso descer dois lances de escada rolante para chegar ao Arezo´s Bar, como era chamado há 20 anos. Detalhe: elas não funcionavam. Não demorou muito para os freqüentadores inventarem o apelido que foi registrado recentemente como nome oficial da empresa. O sucesso ficou por conta do boca a boca. Hoje, o clubinho ocupa outro casarão (não tão no buraco) do Centro e recebe até artistas.



Marcelinho da Lua dá o seu pitaco...

?? Veterano na cena eletrônica carioca, o DJ acredita que, independente de ser ou não modismo freqüentar os buracos da noite, as pessoas não querem mais ver a cidade partida por gosto ou classe social. "Aprendemos a dividir a arquibancada do Maracanã e a praia, e não queremos perder isto de jeito nenhum. É impossível uma night club não seguir a tendência".




Okay. Mas o que leva uma pessoa a sair de casa para passar a madrugada em um lugar como esse? Adão tem a fórmula: salão de videoclipes, videokê, salão de sinuca, pista de dança, darkroom e Beer Fest (bebida à vontade). Tudo isso por um preço camarada. De sexta a domingo, até as 23h, você paga R$ 15,00 e tem acesso livre ao bar e a todas as dependências da casa. "Aqui o ambiente é família, tem gente que traz até a mãe", conta Adão. "Os DJs tocam de tudo. Você pode até pedir Gretchen que eles vão tocar".

Música diferente, por favor!
Foto: Divulgação
Além da cerveja barata e ambiente descontraído ao extremo, a preferência da galera é fugir da mesmice. "Os clubes alternativos se tornaram refúgio de quem quer ouvir boa música, que não aquelas executadas o dia inteiro nas rádios", explica DJ Yanay, residente da festa Febre (que completa uma década neste ano), da Casa da Matriz, e professor do curso de DJs da boate. "É mais seguro para um empresário repetir o formato que faz sucesso na noite do que investir em um som mais segmentado, que não agrade a todos os ouvidos". Dos mesmos sócios-proprietários, a Pista 3, o Casarão Cultural dos Arcos, o Teatro Odisséia, o Cinemathèque, além dos bares Drinkeria Maldita, Choperia Brazooka e Bar da Ladeira são obrigatórios no seu trajeto bar-pista. Do samba ao eletrônico, do cardápio às pistas, a diversidade cultural brasileira é carro-chefe nas casas do Grupo.


A Lapa Niteroiense
Foto: Divulgação

Mais conhecida como Praça Cantareira, a Praça Leoni Ramos é o point de Niterói. Próximo à Universidade Federal Fluminense, o reduto boêmio é inundado por turmas de estudantes depois das aulas. Freqüentador fiel do local, Marco Túlio Dal´Gobbo Freitas é fã da Caverna do Osama, que nem telefone tem: "Esse buraco oferece o que um boteco tem de melhor, cerveja gelada e barata, petisco e sinuca. Pode ser para passar a madruga, isso se você for um bom "conversador", ou também para se abastecer antes de se jogar na pista".


Atualizado em 6 Set 2011.