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Como todos sabem, no último dia 14 de Junho foi realizada a Parada LGBT 2009 na Avenida Paulista, em São Paulo.
Foram quase 8 horas de festa, 20 caminhões de som, milhões de pessoas e dezenas de DJs tocando desde Trance Psicodélico até axé e anos 70.
Mas, afinal, quando um DJ é convidado a tocar, o que ele espera de uma multidão tão grande? E o que esta multidão espera dele?
Muitos DJs me fizeram essa pergunta, temendo a receptividade das pessoas. Eu não tinha muito o que dizer, somente respondi que "para subir no seu espaço, seja dono dele e toque aquilo que você tocaria em sua pista". Não foi muito reconfortante no momento, mas quando eles estavam no comando do som, entenderam a minha resposta.
A atração de um evento como a Parada LGBT é o público, que vai alegre, com o espírito de uma festa. O DJ talentoso já tem isso dentro dele, por natureza, e só precisa colocar para fora.
O único problema é que são 20 caminhões, com dezenas de DJs por todo o trajeto. Fatalmente, hits de pistas serão repetidos, com exceção dos profissionais de estilos variados, que levaram axé music, psy, anos 70 e 80, entre outros.
Claro que estes ritmos fazem a festa em qualquer lugar. Tanto, que o DJ pode gravar um CD em casa somente com os hits mixados, tocar no caminhão e colocar um boneco de posto balançando os braços que as pessoas vão curtir da mesma forma.
Não estou falando mal, mas algumas músicas são tão manjadas, que a questão aqui se trata da criatividade do profissional em chamar o público para a música especial que ele está tocando, para a performance dele e a sua interação com o público.
Atualmente, ser DJ está tão fácil que chega a ser chato. A pessoa chega para tocar com uma lista de músicas, BPM's marcados numa folinha, toca um hit atrás do outro e todos batem palmas a ele. Mas onde ficou a criatividade do profissional DJ, que contagia com ousadia e irreverência?
O público presente na parada deste ano viu e ouviu de tudo. O que me deixou muito feliz, também, é que não vimos nos caminhões as mesmas figurinhas carimbadas de todos os lugares. Pelo contrário, vimos DJs, sem nome na mídia mas que tocam muito, arrebentarem em seus sets.
Eu fui um dos que toquei na parada, e no meu caminhão éramos em quatro DJs, todos de música eletrônica. Nenhum repetiu música ou atrapalhou o trabalho do outro, e mostramos que a e-music tem muitas variáveis e pode surpreender qualquer pessoa em todos os momentos.
O som este ano foi voltado mais ao eletrônico comercial mesmo, aquilo que toca nas rádios, diferente do ano passado, quando ouvimos até músicas infantis. O estilo de mais ascensão foi o House Tribal (composto de batidas de vários instrumentos, teclados pesados e grooves fortes), seguido do Electro House (vertente que mistura vocal forte ou melódico com timbres eletrônicos graves).
Quando um DJ chega para tocar em um evento deste porte, precisa estar preparado mentalmente, fisicamente e materialmente, imaginando que a pista esteja bombando. Somente imaginar, porque, nesse caso, as pessoas não pulam muito, pois há muita gente. O máximo que fazem é gritar. Então, o DJ deve ir para curtir um momento único e passar isso para quem está perto dele.
Muitos DJs estavam fazendo viradas erradas, mas ninguém ligava. O que importava era a festa, a alegria, a irreverência e as figuras por todos os lados. Acredito que quem toca em um evento como a Parada LGBT não se importa com a visibilidade, e quer dizer "Eu toquei no maior evento do mundo". Mesmo que seja de graça e por uma hora, o valor de ver milhares de pessoas por todos os lados não tem preço para quem tem a vibe nas veias.
Ano que vem tem mais, talvez maior, talvez menor, mas sempre única e especial para o DJ que toca na Parada LGBT.
Quem é o colunista: DJ há 18 anos, produtor musical há três anos, divulgador de musicas para rádios desde 1997.
O que faz: DJ, produtor de música eletrônica e empresário do ramo de Rádio.
Pecado gastronômico: Lasanha e Pavê de Sonho de Valsa.
Melhor lugar do Brasil: Meu estúdio de produção musical.
O que está ouvindo no carro, iPod ou mp3: Musica eletrônica e diversos outros estilos que contenham letras bacanas e melodias.
Fale com ele: [email protected] ou acesse o site da Radio Giga!
Atualizado em 6 Set 2011.