Na noite, uns optam por points lotados de gente bonita; outros preferem espaços onde a sofisticação e exclusividade imperam. Já outra turma quer mesmo é ferver na cena underground. Mas um fator é comum entre todos: um bom som é fundamental para fazer a pista bombar. Agora pense em uma boate onde cada pessoa tem o direito de escolher um estilo musical e dançar à sua maneira, formando um ambiente de diversos ritmos. Apesar disso, o silêncio impera e só é quebrado pelos casais que flertam no lugar. Embora seja difícil de imaginar, essas são as baladas silenciosas, que aportam no Brasil com adesão do público que busca pelo inusitado.
Começo
Embora recente por aqui, o conceito não é tão novo. A primeira festa com a temática surgiu em 1990, devido à preocupação dos ecoativistas com a poluição sonora. Quinze anos depois, o Glastonbury Festival consagrou o estilo, embalado pelas leis ambientais que restringiam os decibéis próximos às pedras de Stonehenge. Já o ritmo transe psicodélico aderiu em 2006, na Headphone Party, realizado na Índia.
Por aqui, foi a alternativa usada pela primeira vez na Virada Cultural de 2008, no evento de 12 horas comandado pelos DJs Mau Mau e Patife, em que dois canais simultâneos disparavam nos fones do público house, techno e eletro, bem no meio do centro histórico de São Paulo. O carnaval do Rio de Janeiro deste ano também aderiu, com o projeto Shh! Club Silêncio, da produtora cultural Adriana Lima e dos irlandeses Conor Brady e Alex Brennan, no Bloco Silent Monkey. A ideia deu tão certo que o bar carioca Dama de Ferro realiza festas esporádicas com o tema.
Rola por aqui
Uma dessas festas é a Silent Club, patrocinada pela Nokia, que chegou em abril no paulistano Club Sonique. Nela, 200 fones de ouvido com três canais sãos distribuídos ao público - cada canal comandado por um DJ. O silêncio só não impera na pista porque a casa deixa rolar simultaneamente uma música lounge, para quem prefere um bom papo com os amigos. "Buscamos implantar atividades que tenham a ver com a nossa forma de comunicar os nossos serviços e produtos. Após uma conversa com a casa, achamos que fazer uma balada onde você pode escolher um som diferente entre três canais traduzia bem esse espírito", aponta a diretora de comunicação da Nokia, Jô Elias.
O publicitário Henrique Mendes, 26 anos, conheceu o evento por acaso, quando procurava um lugar para curtir a noite. A curiosidade acabou sendo mais forte do que o estranhamento. "Fiquei imaginando como seria e fui conferir. Lá, a situação foi esquisita no começo, mas depois de uns drinques e com o som na pista rolando, a galera se soltou mesmo e deu até para ensaiar uns passos com os amigos", relata.
Mais comunicação
Embora esse tipo de festa possa inibir os mais tímidos, Jô Elias revela que o efeito pode ser o contrário, pois ao ver o pessoal animado os mais reservados acabam curtindo, pois está todo mundo nessa. "Percebi que trabalhar com sons diferentes serve até de pretexto para eles chegarem nelas, perguntando sobre o som que a garota está curtindo. E por aí vai a azaração", analisa. Além disso, o som reservado facilita a conversa entre grupos de amigos, que não precisam gritar para serem ouvidos.
Com um setlist variado, que vai do samba-rock ao eletrônico, a música que rola nos canais depende sempre do DJ convidado. A diretora afirma que rola uma competição entre os profissionais, para ver qual música está fazendo mais sucesso no momento e qual o playlist mais tocado da casa. O próximo Silent Club, promovido pela Nokia na Sonique, está marcado para 22 de junho - a proposta é que seja realizado pelo menos uma vez por mês. Já no bar Dama de Ferro, o Shh! Club Silêncio é realizado todas as quintas. Sintonize o seu canal preferido e caia na pista.
Atualizado em 6 Set 2011.