Guia da Semana

Fotos: Getty Images

Um grande amigo meu sempre disse que papo é coisa pra homem feio. Homem bonito pega na mão e sai andando, segundo ele. Será?

Tenho minhas dúvidas. É claro que um layout bacana sempre ajuda, mas estou cada vez mais convencido que as mulheres são auditivas. Segundo um professor de psicologia, da época de faculdade, isso acontece por uma questão histórica: as mulheres tiveram que desenvolver a audição, pois tinham que estar atentas aos choros de seus bebês quando se afastavam das aldeias.

Mas deixemos Darwin de lado, por um instante, pra pensar como funcionam as coisas em uma boate hoje em dia. Mulheres dançando e conversando com suas amigas e os homens olhando e escolhendo suas vítimas. Quando se aproximam, começam a xavecar falando os maiores absurdos.

A gata pode nem ter reparado que o cara estava por lá, mas depois de meia hora de papo esta figura pode ter se tornado o homem mais importante da balada.

Tirando Frederico Guilherme, um figura lá do MS, que olha para a mulher e manda: "É impressão minha ou você ta me querendo?", na maioria das vezes um bom xaveco não depende só de cara-de-pau, mas requer bom-humor, sacadas rápidas e comentários inteligentes.

Oras, se elas gostam de ouvir e se a coragem é geralmente o ingrediente que falta a eles, estamos em um momento histórico: na era da comunicação instantânea. O poder da palavra, a serviço da incessante busca pelo acasalamento, nunca foi tão importante.

E o que é melhor, sem risco de levar uma tapa ou de parecer inconveniente.

No MSN, por exemplo, é só ousar e esperar. Se a gata embarcar, você continua. Se não, manda um "hahahaha...", um "rsrs...", ou um "brincadeira" (carinha já é coisa de viado!).

E-mail é uma benção. Você escreve, re-escreve e para os que têm dificuldade, vale até pedir ajuda para algum amigo redator. É uma oportunidade única de se mostrar sem se expor, de conhecer a pessoa sem invadir os espaços. Uma verdadeira ferramenta de construção, de marca, onde você consegue trocar características demográficas, geográficas, comportamentais e psicográficas. Musicais, livros e poesias, especialmente Drummond, toda a genialidade e criatividade do mundo à sua disposição. Ou melhor, à disposição do xaveco. Gil encanta a gata do sorriso bonito, "há de surgir uma estrela no céu cada vez que você sorrir". Vinicius provoca frio na barriga da morena flor, que dá cheirinhos de amor.

E se você é um daqueles que está pensado: Que porra esse cara tá falando? Vamos aos exemplos.

E-mail 01, enviado para uma menina com a qual o cara tinha conversado por 20 minutos, no Sirena. Amiga de uma amiga dele (fonte do endereço):
"Você deve estar achando estranho eu te escrever, mas já que a mesmice é o maior dos riscos que a vida só se dá pra quem se deu, partindo do principio que mais louco é quem me diz que não é feliz, e que visto de perto ninguém é muito normal, estou mandando esse email."

Ou ainda:
Email 02, enviado para uma colega de sala, no MBA, com a qual ele não tinha muita intimidade (problema que visava resolver antes do curso acabar):
"Praia ou montanha?
Vinicius ou Tiesto?
Caipirinha ou champanhe?
Cachecol ou biquíni?
Massa ou japa?
Fla ou Flu?
Abraço ou beijo?"

Mas essas não são as únicas bênçãos do mundo globalizado da conversa em busca do sexo oposto. Ainda não falamos do SMS. Essas mensagens instantâneas dão a vantagem de você poder contextualizar o que está escrevendo. Imaginem se isso fosse possível na publicidade, seria um sonho: vou anunciar meu restaurante bem na hora que ele está saindo pra almoçar.

Claro que não estamos falando em 100% de precisão. Mas convenhamos, as chances melhoram muito. Em uma manhã ensolarada de sábado, mesmo sabendo que ela está em outra cidade, você pode mandar: "praia, sol, amigos, vem logo!". Ou você pode fazer a oferta certa para o estado de espírito dela, na quinta de lua cheia, tempo quente e vontade de tomar uma cerveja. Um outro ponto importante, quanto mais você conhecer a pessoa mais chance de customizar as mensagens, ser relevante e encantador. O incrível e gostoso poder de surpreender, de lembrar de repente, sem horário marcado ou endereço fixo.

Bom, that´s all folks. E só não falei de páginas na internet porque se você chegou até aqui, é claro o quão desnecessário seria.

Quem é o colunista: Stephan Duailibi Younes

O que faz: Gerente de Marketing

Pecado Gastronômico: Lingüiça de maracajú, sobá e mandioca amarela

Melhor lugar do Brasil: Depende com quem

Para falar com o Stephan: [email protected]



Atualizado em 1 Dez 2011.