Guia da Semana

Fatboy Slim não poupa elogios ao país durante seus sets
Foto: Site oficial da Pacha


Em fevereiro de 2007, um dos nomes mais conhecidos da cena mundial, o Fatboy Slim, veio para o Brasil e realizou uma turnê por diversas cidades, indo parar até em cima de um trio elétrico no carnaval da Bahia. Na ocasião, os paulistanos tiveram que desembolsar a bagatela de R$ 250,00 para assistir a apresentação do DJ na Pacha, e há quem diga que ele não agradou muito. Uma semana antes, em Recife, o preço para conferir tais mixagens variava de R$ 40,00 a R$ 80,00, enquanto 20 dias depois, em Porto Seguro, um evento pós-carnaval cobrava exorbitantes R$ 500,00 para quem quisesse assistir ao mesmo DJ, tocando as mesmas músicas e exibindo as mesmas técnicas.

A indústria do entretenimento consegue ser uma das mais cruéis com seu público. Afinal, não existe nada pior do que uma banda, DJ ou artista que você gosta muito se apresentar em seu país e não sobrar dinheiro para poder comprar o ingresso, que em grande parte das vezes extrapola o limite do possível da maioria das pessoas.

O fato é que o público, no geral, reclama do preço de entrada e sempre se faz a mesma pergunta: de onde sai esse valor? Para tentar responder, o Guia da Semana conversou com Álfio D´Ávila, produtor de show e eventos há 22 anos, que acumula em seu currículo trabalhos para algumas edições do antigo Free Jazz Festival, a tour da Madonna no país em 93, programação de casas marcos da noite paulistana, como Rose Bombom e Damaxoc, entre outros.

O produtor Álfio D´Ávila
Foto: Arquivo pessoal
Segundo ele, o valor da entrada deriva de um pouco da cada detalhe necessário para a realização do evento: " Ao cachê do artista, soma-se o custo de produção, como palco, som, luz, transporte, hospedagem, alimentação, divulgação e mídia", explica. Alfio ainda conta como é a sua visão sobre o valor que é passado ao público: " O preço do ingresso é como fermento em receita de bolo, você não pode errar nem pra mais e nem pra menos. É preciso ter sensibilidade para saber até quanto seu público pode pagar. O ingresso muito barato aumenta os seus riscos de prejuízo, enquanto o muito caro afugenta público", conclui o produtor. Partindo desse princípio, é fácil entender o motivo pelo qual as casas noturnas de grande porte, acostumadas a receber um público de maior poder aquisitivo, cobrem valores bem altos em suas entradas.

As casas noturnas e de shows cobram valores altos há muito tempo e continuam sempre lotadas. De repente, cabe ao público analisar o custo-benefício dos lugares onde está indo. Nem sempre o que custa mais caro é o melhor. A fisioterapeuta Andréia Mazloum, por exemplo, já chegou a pagar R$ 120,00 em uma balada. No entanto, a experiência não foi muito positiva: " Foi mais ou menos porque estava cheio e não dava para respirar. Além disso, o DJ deixou a desejar!".

Em se tratando especificamente de DJs, os mais "celebridades" geralmente encarecem bastante o preço do ingresso e nem sempre têm qualidade proporcional ao valor cobrado. Hoje em dia, não há nada mais comum do que artistas ressuscitarem dos anos 80 e 90 e aparecerem por aqui por trás das picapes. Essas apresentações acabam inevitavelmente lotadas por conta dos fãs dos antigos trabalhos desses artistas.

Marky Ramone: só músicas de sua banda
Foto: myspace.com/markyramone
No ano passado, por exemplo, o Marky Ramone apareceu em São Paulo e discotecou em uma festa no Vegas. Antes de ele assumir as picapes, a propaganda era de que iria fazer um DJ set com discos de vinil, baseado no início do punk rock. Porém, quem estava no clube neste dia pôde ver um quase-senhor tendo grandes dificuldades para conseguir tocar alguns míseros CDs gravados só com músicas de sua própria banda. Para quem é fã, vale a pena só por estar próximo deum Ramone, mas para quem estava interessado em suas habilidades como DJ, foi um dinheiro jogado fora.

O mesmo aconteceu com o Peter Hook, integrante do New Order, que teve seu nome escalado para o line-up do festival Motomix, também em Sampa. Entre tantas atrações de qualidade, como Franz Ferdinand, Art Brut e Gui Borato, o público assistiu a uma dancinha constrangedora e incessante do baixista de uma das bandas mais conhecidas do planeta. Novamente, habilidade nas picapes zero!


Clique aqui para assistir ao Peter Hook dando coices no Motomix.



No final de setembro, o tecladista do Depeche Mode, Andy Fletcher, vem para o Brasil e se apresenta na Pacha, em São Paulo. Dizem que o moço tem mais intimidade com os toca-discos do que os rapazes citados acima. Segundo a divulgação, ele já vem trabalhando com isso há bastante tempo, mesclando batidas de clássicos dos anos 80 com house e electro. Resta ao público esperar e pagar pra ver. Ou então, procurar uma das inúmeras casas em São Paulo que trazem programações de qualidade a preços honestos. Basta dar uma procurada no Guia da Semana que já é possível encontrar várias opções diferentes!

Atualizado em 1 Dez 2011.