Arquivo Pessoal |
1985: jovenzinho, posando de galã na porta do Madame Satã. |
A noite me atrai desde a infância. Fazia de tudo pra acompanhar minhas irmãs mais velhas aos "bailinhos de garagem" que rolavam muito no final dos anos 70, na casa de amigos. O contato com música veio desde cedo, da época que minha tia "cocota", que corria atrás do povo da Jovem Guarda, deixou a coleção de discos dela comigo. Não entendia muito bem aquela animação toda, mas já saía dançando. Quando minhas irmãs precisaram da minha "alforria" para poder sair - eu com dez anos, elas com 13 e 16 -, condição imposta por meu pai, minha experiência com música, dança e noite foi completa.
A época era o final da disco music, seus bailes animados, com pouca estrutura, mas a que não podiam faltar a máquina de fumaça e a luz seqüencial, que proporcionavam uma visão até então inédita de como interagir com aquela música mecânica que saía dos alto-falantes.
Daí foi um pulinho para começar a ganhar e depois a comprar os próprios discos e a sair com os amigos para "zoar à noite.
Arquivo Pessoal |
1989: com amigos no Espaço Retrô. |
Minha adolescência foi vivida intensamente na noite paulistana. Quase não dormia para poder curtir as segundas do Cabaret do Madame Satã, local em que depois de certo tempo me tornaria DJ; ou as quartas do Dama Xoc, com excelentes shows; os fins de semana no Espaço Retro, além das festas que eu, Nasi, Skowa e a banda Fábrica Fagus fazíamos nos áureos tempos do Espaço Mambembe, promovendo electro-funk e hip-hop.
Saudade das dezenas de matinês que no começo apenas curtia pela idade, mas em várias das quais acabei depois me tornando DJ, sem contar outros clubes e festas que marcaram minha vida entre o final da década de 80 e o começo dos anos 90.
A partir daí, o envolvimento com a noite passou a ser cada vez mais profissional. Conseqüentemente, a visão do que acontece ao redor acaba mudando e a diversão atinge o equilíbrio com a responsabilidade, mas a maturidade noturna (será que posso dizer isso?) aguça percepções.
Hoje, além de comandar a divertida festa Trash 80´s, me divido entre projetos de música eletrônica e rock/pop alternativo. Nem por isso deixo de freqüentar os clubes que abrem e fecham na mesma velocidade das mudanças sonoras que a grande metrópole impõe.
Neste século, as opções de prazer noturno são tão ecléticas que basta a gente se permitir para transformar horas de sono em momentos de puro prazer e diversão. Isso faz com que a noite de São Paulo seja a melhor do mundo. As pessoas por aqui sabem como festejar quando o sol se põe. Mas isso já é assunto para um novo texto.
Sair à noite é sentir-se vivo. Enquanto eu puder, para mim a noite continuará a ser uma criança.
Quem é o colunista: Eneas Neto
O que faz: Jornalista, DJ e empresário multimídia
Pecado gastronômico: Os doces são sempre os proibidos, mas não dá pra resistir ao Athenée da Pâtisserie Douce France.
Melhor lugar do Brasil: São Paulo. Noite e dia. 24h.
Fale com ele: [email protected]
Quer saber mais? Acesse www.trash80s.com.br e www.fiberonline.com.br
Atualizado em 6 Set 2011.