Guia da Semana

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Decoração do Astronete

Conhecida por um público eclético, a região paulistana conhecida como Baixo Augusta reúne todo o tipo de tribos. Emos, sambistas, indies e playboys. Entre as figuras que por ali circulam, é possível encontrar de tudo um pouco. As grandes atrações são os botecos, as baladas e os shows, além das tradicionais casas de massagem, que habitam o local há décadas. No meio de tudo isso, encontra-se a Astronete, mais um dos muitos clubes locais com programação voltada para o rock independente.

Som de qualidade, chopes, mesinhas, go-go-girls e ares nova-iroquinos dos anos 60, com decoração retrô-futurista. Além disso, muitos pôsteres e vinis nas paredes, observados por um público blasé e descolado. Até aí, nada de muito diferente de vizinhos como a Funhouse e o Outs. Se não fosse por um detalhe, conhecido por poucos: durante a tarde, a balada serve como locação para longas eróticos explícitos. Ou se você preferir, os bons e velhos filmes pornôs.

A primeira vez

Tudo começou no primeiro semestre de 2008, quando o polivalente Sony, baixista da banda Crazy Legs e cenógrafo de filmes pornográficos, após uma apresentação na casa, sugeriu a Astronete como uma locação para a produtora que estava trabalhando na época. A empresa em questão era a Brasileirinhas, uma das maiores do país no mercado adulto.

O que chamou sua atenção foi a mistura de rock´n´roll e pop dos anos 50, 60 e 70, soul music e funk (bastante adequada para pornógrafos clássicos) além da decoração kitcsh e retrô, que ofereceria o clima ideal para um cenário excitante."Tenho o maior respeito pelo mundo pornô, caso contrário jamais teria aceitado o convite", confessa o proprietário Cláudio Medusa.

Após o bom resultado do primeiro filme (cujo Cláudio não revela o nome), começaram a surgir novas propostas, todas elas recebidas de braços abertos pela casa. Porém, para não gerar polêmicas entre os frequentadores mais puritanos, as locações são agendadas apenas durante o período da tarde, quando o espaço está de portas fechadas até hoje.

Vale tudo?

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O bar lembra os pubs nova-iorquinos dos anos 60

Mas quem vai para lá esperando encontrar um ambiente promíscuo, com referências de sexo em cada parede da balada, engana-se (ou decepciona-se). "Uma coisa não tem nada a ver com a outra. Mesmo com as go-go-girls e boys, os meus clientes são muito respeitosos". Sem contar que maioria dos filmes são produzidos para exportação, com pouco acesso ao público nacional. "Os poucos que sabem se sentem lisonjeados e até curiosos, mas sempre de forma respeitosa", garante Cláudio.

Ironicamente, as produções eróticas não têm vez nem nas sessões de filmes promovidas pela Astronete, que acontecem todas as quartas, em noites de filmes B e trash, de diretores como Russ Meyer, Herschell Gordon, Lewis, entre outros. Ou seja, os mais empolgados devem procurar outro lugar para fazer sua noite, pois não existe ao menos um slide ou uma fotografia dos pornôs, que têm exibição estritamente proibida. "Nem eu cheguei a ver as gravações feitas aqui. E olha que eu participei de alguns como figurante", afirma Cláudio.

Faça você mesmo

A pornografia come solta na Astronete só durante a tarde, de portas fechadas. Nem adianta insistir para entrar. Mas para quem achou a idéia interessante, o espaço pode ser alugado para qualquer pessoa que queira rodar o seu próprio filme. Basta entrar em contato com a casa e fazer sua melhor proposta, pois o valor da brincadeira é guardado a sete chaves. "Cada caso é diferente. É preciso saber o número de horas de filmagem, o dia da semana... Assim como no cinema, nem toda produção é igual", finaliza Cláudio.


Atualizado em 6 Set 2011.