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Recentemente, estava curioso para saber a quantidade de softwares que continham a sigla "DJ" e que circulavam pela internet. Fiz uma breve busca no Google com a frase "Software para DJ". Fiquei assustado com a quantidade de resultados que apareceram, traduzindo cada vez mais a importância dos novos DJs para o mercado de desenvolvimento de software.
Fazendo uma breve relação com o crescimento de todos os setores, devido às automações e aos sistemas de realidade virtual na área da música eletrônica, ficou muito mais fácil tocar em qualquer tipo de festa. Mas isso também traz consequências negativas para a música, o público, as rádios e tudo o que se relaciona com evento público, inclusive os próprios manipuladores do sistema.
Os novos softwares praticamente tocam sozinhos. Basta igualar os BPMs (batidas por minuto) e dar o play, ou usar um sistema conhecido como "SYNC" que marca partes das duas músicas e iguala ambas durante a mixagem. O DJ não precisa mexer em nada.
A banalização dos profissionais está gerando uma safra de "tocadores de músicas", que dependem de softwares para seu sucesso e, na maioria das vezes, não sabem o que é um contratempo. Softwares como Virtual DJ, Traktor e PC DJ, são comuns entre os iniciantes que dão seus primeiros passos em alguns dos ritmos mais populares ou mais fáceis de manipulação, mas que, por outro lado, não conhecem as técnicas de manipulação de CDs ou Vinis. Nessa situação, quando são exigidos mais do que softwares, o DJ desaparece.
Softwares para DJs são muito úteis. Dezenas de profissionais renomados usam estas novidades, mas exploram as ferramentas que aparelhos de CDs não têm, como junção de vários efeitos ao mesmo tempo ou programas que permitem a ligação de outras interfaces para produções ao vivo, entre outras ferramentas úteis.
Atualmente, se um garoto de 10 anos fizer um set mixado de 60 minutos em qualquer software, postar na internet nos lugares certos, com um nome bacana em inglês, ele pode virar um Top DJ em menos de um mês sem tocar num CD. Mas esta banalização não é culpa dos softwares, pois eles são muito mais do que simplesmente encaixar batidas. A culpa é das próprias pessoas, que não exigem dos profissionais o que eles têm que apresentar.
Muitos vídeos e tópicos sobre este assunto são encontrados na Internet, mas logo desaparecerão, pois na época em que o CD e o MD apareceram foi a mesma situação. DJs amantes dos vinis entraram em guerra contra os digitais por inúmeros fatores e, atualmente, muitos deles deixaram os bolachões em casa e se renderam aos minidiscos.
O bom DJ procura informações, ingressa num bom curso, respeita as opiniões dos mais experientes em relação a vinis e CDs, mas, acima de tudo, se esforça para ser um profissional. Antes, ninguém gostava de ser DJ porque era um cara que trabalhava na noite, bebia, tinha vícios, saía com dezenas de mulheres e, quando um garoto ou garota fazia 18 anos, o principal pedido era um carro. Atualmente, eles pedem para serem DJs, compram um PC e uma controladora, e já querem tocar em festas importantes "de graça".
Muitos profissionais da noite ainda torcem o nariz quando tem outro profissional no mesmo espaço tocando com uma controladora, mas o número de pessoas que aderem a essa tecnologia é cada vez maior, e cabe aos responsáveis pela contratação dos profissionais classificar a qualidade da pessoa que está prestando serviço.
A propósito, recentemente saiu para videogames o jogo DJ Hero, versão para DJs do famoso GuitarHero. Agora, todos poderão ser DJs em casa. Mas nem tentem levar a experiência do jogo para as pistas, pois, assim como o GuitarHero, tocar requer prática, estudo e experiência.
Quem é o colunista: DJ há 18 anos, produtor musical há três anos, divulgador de musicas para rádios desde 1997.
O que faz: DJ, produtor de música eletrônica e empresário do ramo de Rádio.
Pecado gastronômico: Lasanha e Pavê de Sonho de Valsa.
Melhor lugar do Brasil: Meu estúdio de produção musical.
O que está ouvindo no carro, iPod ou mp3: Musica eletrônica e diversos outros estilos que contenham letras bacanas e melodias.
Fale com ele: [email protected] ou acesse o site da Radio Giga!
Atualizado em 6 Set 2011.