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A letra de Olhos Vermelhos, do então mocinho Guilherme Arantes, retratava a noite como a válvula de escape de uma geração pós-ditadura que, finalmente, conseguia se divertir sem medo de batidas policiais, toques de recolher e repressões em geral.
Passados mais de vinte anos, a sensação de liberdade que a noite propicia é agora ameaçada cada vez mais pela violência das grandes cidades. Isso intimida os boêmios? Uma pesquisa bem elaborada pode traçar até onde vai o temor das pessoas pra sair de madrugada e jogar seu corpos em busca da batida perfeita.
Posso falar por mim. Adoro o centro de São Paulo, sempre gostei de festas na região mais movimentada da cidade. Em duas décadas de noitada, nunca fui assaltado, não me lembro de muitos casos desses ao meu redor exceto, é claro, o indefectível vidro do carro quebrado por roubo de (na época) toca-fitas ( Roadstar prateado, lógico). Não dá pra negar que exista. O aumento da criminalidade é notório, assim como a impunidade para os delitos, o que faz a triste roda da insegurança girar cada vez mais rápido.
Então, o que fazer? Deixar de sair? Abandonar as noites delirantes? Deixar de viver a melhor fase de nossas vidas?
Algumas dicas são importantes. Diga-me: pra que carregar bolsa ou carteira com todos os seus cartões? Só vai aumentar o risco de ter de falar com uma série de atendentes de telemaketing no meio da noite, pra cancelá-los. Escolha um, de preferência que tenha crédito, certo? Pouco dinheiro, mas não saia sem nada, porque normalmente assaltos são resolvidos com alguns trocados para o meliante comprar sua pedra de crack. Documentos, só fotocópias. Para os moçoilos, não tentem ser o Van Damme achando que não tem pra ninguém, porque o risco de ir pra lona é muito maior.
Outras dicas são clichês, mas não menos importantes, como aquela máxima "se beber não dirija" (faça como a Angélica, vá de táxi). Não esqueça a camisinha (parodiando Guilherme Arantes ainda, " A moçada tá no cio") e respeite o espaço alheio. Educação, prudência e respeito resultam em diversão sadia.
Longe de mim querer ser um tiozinho que zela pela prole dos agregados! A noite está aí pra ser vivida intensamente. Minha boemia eterna garante que esses cuidados valem a pena.
" O mundo vive a noite
E a fera ruge..."
Leia a coluna anterior de Eneas Neto:
Quem é o colunista: Eneas Neto
O que faz: Jornalista, DJ e empresário multimídia
Pecado gastronômico: Os doces são sempre os proibidos, mas não dá pra resistir ao Athenée da Pâtisserie Douce France.
Melhor lugar do Brasil: São Paulo. Noite e dia. 24h.
Fale com ele: [email protected]
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Atualizado em 6 Set 2011.