DJ Tonyy, um dos idealizadores da festa. Foto: Carol Lorack. |
Quem conhece a noite de São Paulo sabe como é alta a rotatividade de festas e casas. Muitos estabelecimentos não conseguem sobreviver nem por um ano e logo fecham, dando lugar a mais um novo lugar do momento, que vai dar lugar a um novo espaço... é assim. A noite de São Paulo não pára, as pessoas estão sempre ávidas por novidades e se você não quer ser engolido por esse ritmo frenético, precisa sempre se reinventar.
Daí que quando uma festa ou estabelecimento dura mais do que alguns anos, é algo digno de nota! E no dia 4 de maio, a festa Trash 80´s completou cinco anos. Pra muita gente é um mistério como uma festa temática, que supostamente não tem espaço pra se reinventar, consegue ter tanto sucesso, durante tanto tempo.
A minha relação com a Trash 80´s é bem íntima. Eu comecei a freqüentá-la em setembro de 2002, quando ela tinha cinco meses de vida. Em 2003, virei hostess do filhote Pop Trash. Em 2004, quando terminei a faculdade, fui oficializada como assessora de imprensa da festa, e lá trabalhei até o fim do ano passado.
Eu sei o segredo do sucesso da Trash 80´s! E se você acha que é algo secreto e misterioso como a fórmula da Coca-Cola, está muito enganado. Na verdade é simples. O segredo está na intenção. A Trash 80´s nasceu pra celebrar o aniversário de Eneas Neto (por acaso meu "vizinho" de coluna aqui no Guia da Semana), um dos criadores da festa. O sucesso veio sem querer: todo mundo queria fazer parte daquelas noites em que amigos dançavam e riam ao som das músicas da década de 80. Aquelas que ninguém podia admitir que conhecia, sob pena de ser tachado de cafona.
A intenção de fazer uma festa para amigos, ao invés de uma festa "pra bombar e ganhar muito dinheiro" fez toda a diferença. As pessoas queriam ir naquele lugar em que todo mundo se sentia bem. Que todo mundo podia se vestir como queria e dançar como queria, sem correr o risco de ser barrado na porta ou olhado torto. Era quase um bailinho no salão de festas do prédio, só que acontecia no Bar d´Hotel Cambridge.
A festinha cresceu. Nesses cinco anos, eu mesma já decretei diversas vezes: "agora a Trash atingiu o auge, e vai começar a cair". Como eu ia saber que a regra que vale para a maior parte das casas noturnas e festas da cidade não vale pra Trash? Ano após ano eles abrem mais filiais, fazem mais festas fechadas, promovem mais shows e mega eventos e ganham mais fôlego.
Eu acho que uma festa que chega aos cinco anos em São Paulo merece mais que parabéns. Merece nosso respeito e admiração e é por isso que resolvi fazer essa homenagem pública. Eu que, hoje em dia, nem posso mais ser chamada de freqüentadora da Trash 80´s, tiro o chapéu para Eneas Neto e DJ Tonyy e desejo do fundo do coração que possamos comemorar muitas vezes mais! Longa vida ao "cortiço" da Álvaro de Carvalho.
E falando de festas longevas na noite de São Paulo, em maio a Grind, do clube A Loca, faz nove anos! Que tal passar lá em algum domingo pra celebrar com o Pomba, com Michael Love e todo o staff? Aliás, que duplinha, Trash 80´s e Grind...
Leia as colunas anteriores de Lígia Helena:
? A noite alternativa do Rio de Janeiro ferve!: quem acha que o Rio é feito só de sol, samba e suor está muito enganado.
? Noite (e dia) feliz: a colunista conta como foi sua tarde no samba.
? Em busca da noitada perfeita: a eterna corrida atrás da diversão.
Quem é o colunista: Ligia Helena
O que faz: é jornalista e apaixonada pela noite desde que nasceu, em plena madrugada.
Pecado gastronômico: apesar de amar cozinhar e comer coisas bem feitinhas, confessa que não resiste às combinações esdrúxulas e indigestas que combinam tanto com a chegada em casa depois de uma noite na pista de dança. Um bom exemplo? Pão com leite condensado e achocolatado.
Melhor lugar do Brasil: Botecos com cerveja gelada são bons de norte a sul, mas no Rio de Janeiro têm um gostinho especial.
Fale com ela: [email protected]
Atualizado em 6 Set 2011.