Guia da Semana

Há pouco tempo um grande amigo fez aniversário e querendo agradá-lo eu escrevi um depoimento pra ele num site de relacionamentos. Ok, na verdade eu queria sacaneá-lo afinal ele chegara aos trinta antes de mim.

Balzac já enaltecia as mulheres que atingiam essa etapa da vida e por causa dele um novo adjetivo surgiu: "Balzaquianas". Umas temem, outras adoram, principalmente aquelas que se julgam remanescentes do seriado "Sex And The City". Pra minha tia, dona de expressões únicas essas são, segundo ela, "as que deram o primeiro tiro na macaca".

Esse mês é a minha vez de ser sacaneado, afinal eu vou entrar na temível casa dos trinta e em pleno inferno astral e já naquele depoimento eu parei pra pensar qual seria o adjetivo para os homens que entram nessa idade que você nem é mais tão novo e nem é tão velho. Algum autor famoso já escreveu sobre os homens dessa faixa etária? Dei uma pesquisada e não encontrei nada...

Confesso que essa idade dá um certo temor, afinal é um pulo para os quarenta, a tal IDADE DO LOBO, e se antes eu não sentia diferença no meu corpo, achava um pouco de fantasia nisso tudo, essa transformação ou um aquecimento para tal dá um frio... Enfim, não quero fazer disso um desabafo cheio de lamúrias, se minha mãe ler isso já vai me encher de sermão: - E as crianças que passam fome na África? E as mulheres que sofrem no Afeganistão? E a sua irmã que já tem 31 e não casou?

Pior do que chegar nessa idade é passar por situações que entregam claramente que o tempo está passando pra você. Escolha uma balada que toque todo tipo de música pra você ver! Lembre que quem escreve essa coluna está a um passo dos 30, não casou, está solteiro e só pra vida não ficar pior, pelo menos não mora mais com os pais. Claro que a maioria dos amigos que me acompanham na balada são mais novos que eu.

Estão longe de darem o primeiro tiro na macaca, e isso às vezes é no mínimo desesperador, principalmente quando começa a tocar músicas atuais cheias de coreografias e você consegue no máximo fazer os passos básicos de um pezinho pra lá, outro pra cá. É um tal de "Creu, creu, creu" que ninguém merece, e os joelhos? A dor nas juntas? Junta tudo e joga fora? E Britney, mesmo surtando longe daqui consegue surtar quem está na pista, não mais que as músicas eletrônicas que fazem todos mexerem a parte superior do corpo com movimentos de ir e vir e sem contar com os gritinhos que acompanham esses movimentos "u-hu, vai, vai, vai". Começa a tocar uma música e todos gritam o tal do "u-hu!!!". As horas vão passando e o dj, acho que com pena dos que não conseguem acompanhar esse samba do crioulo doido começa a querer me agradar (sim, eu fico olhando na cara dele reprovando cada putz-putz que ele coloca) e tenho certeza que influencio quando começa a tocar Pet Shop Boys, Prince, George Michael e outros que, ok são da minha época (humpf). Ai como dói falar isso! Mas enfim, esse é o momento exato que você entrega sua idade, afinal é a sua vez de gritar "U-hu". Agora o pior são as SUAS coreografias que acompanham essas músicas cheias de soquinhos no ar, movimentos quem lembram abrir um zíper emperrado e por aí vai. O problema é não ligar amigos, continuem cantando alto seus trechos preferidos e fazendo suas coreografias guardadas na memória. Pelo menos os cortes de cabelos não são os mesmos, e as roupas não lembram mais um clipe do Michael Jackson.

Se você achou essa coluna dramática demais, relaxe, não leve muito em consideração, to no meu inferno astral e daqui a pouco passa, vou colocar minha calça begue e procurar uma balada com música da minha época, porque ainda bem estamos na moda!

Quem é o colunista: Guilherme Gonzalez, administrador e ator do Pará para a Terra da Garoa

O que faz: Um apaixonado pela artes que largou a vida da administração para viver do teatro

Pecado gastronômico: massa, muita massa!

Melhor lugar do Brasil: Bem acompanhado, até no deserto do Saara!

Fale com ele: [email protected]

Atualizado em 6 Set 2011.