Foto: Arquivo Pessoal |
Da dir. p/ esq.: Soares, Erick Jay, RM e Zulu, todos os integrantes do Clã Leste |
A seletiva brasileira do DMC DJ Championship Teams foi conquistada pelo grupo paulista Clã Leste (seguido pelos cariocas do Brothers Mix e as paulistas do AppleBum). Formado por Erick Jay, RM, Soares e Zulu, a crew já está arrumando as malas para Londres, onde vai representar as viradas nacionais no campeonato mundial, em uma competição que já revelou nomes como Q-Bert, Craze e C2C. Antes mesmo da definição do setlist para a grande final, em setembro, batemos um papo com Soares, que em nome do grupo, falou sobre sua trajetória, cena musical e o que vem por aí.
Guia da Semana: Qual é a principal proposta do Clã Leste? Como o grupo foi formado?
Soares: A proposta é fazer música de qualidade, com muita pesquisa, toca-discos e vinis como instrumentos. Em nosso set você pode ouvir de Elis Regina até Jimmy Hendrix. Gostamos de todo o tipo de música e tentamos sempre levar isso aos ouvidos do público, com técnicas de turntablism. Tudo começou em 2000, com o Zulu, fundador e idealizador.
Guia da Semana: Fora dos picapes, com o que cada um trabalha?
Soares: Eu trabalho na coordenação de ensino de uma escola de inglês e faço minhas produções musicais. O Erick hoje em dia trabalha única e exclusivamente como DJ, a mesma coisa que o RM. O Zulu é segurança. Aliás, é o nosso segurança também!
Guia da Semana: Quais são as influências de cada integrante?
Soares: Todos nós possuímos praticamente o mesmo gosto musical. Hip-Hop, Funk, Soul, Jazz, Samba e Bossa Nova. Acho que eu sou o mais roqueiro da turma (risos). Partindo para as influências nos toca toca discos, elas vão desde as lendas vivas como Q-Bert, Cash Money, Dexta, Swamp, X-Ecutioners, Beat Junkies, Scratch Perverts, até os DJs da nova geração, como Rafik, Fly, Trouble, Netik e C2C.
Guia da Semana: O que teve de diferente na performance que vocês apresentaram na eliminatória que fez do grupo campeão?
Soares: Acredito que o entrosamento e os anos de treinamento foram decisivos. Tentamos reproduzir o maior número possível de estilos musicais nos nossos seis minutos de apresentação. Não diria que os outros concorrentes pecaram nisso ou naquilo, mas dentro do que estávamos propostos a fazer, conseguimos fazer bem feito.
Foto: Arquivo Pessoal |
Guia da Semana: O grupo AppleBum, formado apenas por mulheres, fez sua estreia nessa edição. Acreditam que o espaço para mulheres DJs está aumentando? Ou ainda existe um preconceito?
Soares: Com certeza ainda existe. Mas eu garanto que com o Clã Leste, isso não acontece. Sempre demos todo o apoio a várias meninas que queriam ingressar na carreira. O Zulu já teve muitas alunas e sempre deu toda a atenção a elas. Conheço várias DJs mulheres, sempre cobro empenho e dou toda a força possível. Acho que está melhorando. Mas claro que existem aqueles que apoiam até a página 5, ou melhor dizendo, até o cara sentir que está perdendo espaço para elas.
Guia da Semana: O grupo faz algo para divulgar a cultura dos picapes?
Soares: O Clã já vem fazendo este trabalho há muito tempo, são quase 10 anos. Existem outros DJs que também trabalham com o mesmo intuito que a gente. Já ministramos workshops, fizemos apresentações em alguns eventos de médio porte. O pessoal que não conhece sempre acaba se interessando pelo trabalho. No mínimo, nos parabenizam. É muito bom receber este feedback do público. Acho que falta uma oportunidade de se apresentar em eventos grandes, na televisão e no resto da mídia. Não só nós, claro. Mas todos que correm para o mesmo lado. Na hora certa, essas coisas vão acontecer.
Guia da Semana: O que vocês preparam para representar o Brasil na final mundial do DMC em setembro?
Soares: Vamos fazer alguns ajustes no set que apresentamos no DMC Brasil. As expectativas são as melhores possíveis. É a realização de um sonho, mas todos nós estaremos bem acordados. Deixaremos o turismo em segundo plano. A meta é o título.
Atualizado em 6 Set 2011.