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Após o expediente, a turma do trabalho marca um happy hour. O cardápio da noite promete muita agitação, regada a chope, caipirinha e cerveja gelada. Apenas um problema: você está dirigindo.
Antes da Lei Seca, somente motoristas com mais de 6 dg/l de álcool no sangue (o equivalente a dois chopes) eram punidos. Agora quem for pego dirigindo com uma dosagem superior a 2 dg/l (o correspondente a uma taça de vinho) será penalizado com multa de R$ 957,00, sete pontos na carteira de habilitação e suspensão do direito de dirigir durante um ano. Quem passar disso, pode ser preso em flagrante, com penas que variam de seis meses a três anos de cadeia.
Todo mundo já sabe das punições, que aliás, já estavam em vigor mesmo antes da nova lei. Mas, após os momentos de temor inicial e fiscalização ostensiva, será que os baladeiros de plantão continuarão respeitando a Lei Seca?
Medo da multa
Segundo dados da Polícia Militar, a Operação Direção Segura, realizada na capital paulista, contabilizou um número de 90.579 pessoas submetidas ao teste do bafômetro (até a data do fechamento desta matéria). Foram 9.068 veículos fiscalizados, com 658 condutores autuados por dirigir sob o efeito do álcool (Art. 165 CTB). Do começo da operação até novembro, esses números correspondem a um aumento de 15% na fiscalização em São Paulo, cidade que conta com 51 bafômetros, para uma frota de mais de 6 milhões de veículos.
Para Sérgio Berti, diretor da entidade Direção Preventiva, se a fiscalização diminuir, a tendência é que as pessoas voltem a dirigir alcoolizadas, pois a idéia de tomar uma "cervejinha" já está embutida no comportamento do brasileiro. "As pessoas se sentem acuadas devido à fiscalização, mas não há uma conscientização. Só através da multa que conseguimos uma mudança de atitude, pois força o cidadão a repensar seus hábitos. O trânsito depende do comportamento humano. Enquanto não tivermos uma postura adequada, não teremos um trânsito saudável".
Comportamento de risco
Mas mesmo com a fiscalização acirrada, na prática, a Lei Seca mudou pouca coisa no comportamento dos jovens. De acordo com um estudo feito com 1.034 universitários paulistanos e cariocas, divulgado pela Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT), apesar do número de estudantes que misturam bebida e direção ter caído de 31% para 20%, oito em cada dez afirmam que continuam a pegar carona com motoristas embriagados após a balada. "Muitos amigos meus continuam bebendo e dirigindo. Acho que no começo foi todo aquele alvoroço, mas agora está todo mundo relaxando novamente", diz o estudante Bruno Morais.
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Mudanças na Lei
Algumas pessoas defendem que para funcionar, a lei deve afrouxar o cerco e punir apenas quem exagera na bebida. O deputado federal Darci Pompeo de Mattos é uma delas. O político elaborou uma proposta que estabelece limites mais flexíveis para a quantidade de álcool. De acordo com a proposta, só passaria a ser enquadrado na lei o motorista que apresentar a partir de 6dg/l no sangue. Segundo Mattos, a diferença entre o remédio e o veneno está na dosagem ingerida. "A Lei Seca é inócua e ineficaz. Ela nivela todo mundo por baixo e não diferencia o cidadão de bem que bebe do homem bêbado. Segundo ela, quem ingere um copo de vinho é tratado como quem bebe um garrafão inteiro", afrima.
Injusta?
Parte da resitência perante à Lei Seca, deve-se ao fato de uma grande parcela da sociedade questionar a sua legitimidade - ela obriga o motorista a realizar o teste do bafômetro, ou colher exame de sangue, o que fere o princípio constitucional de que ninguém é obrigado a produzir prova contra si mesmo. De acordo com o advogado Luiz Guilherme Natalizi, a situação é controversa e somente um posicionamento do Supremo Tribunal Federal poderá pacificar essa situação. "Ao que parece, a corrente que vai predominar é a do atual Ministro do Superior Tribunal de Justiça, Luís Felipe Salomão, onde o interesse social, que adota critérios rígidos para aquele que usa álcool e se dispõe a conduzir um veículo, está acima do direito individual", conclui Natalizi.
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Números do álcool Segundo a nutricionista Renata Gonçalves, da GANEP nutrição humana: ? Uma taça de vinho demora cerca de 3 horas para ser eliminada pelo organismo. ? Uma lata de cerveja é eliminada após 4 horas em média. Além disso, o risco de envolvimento em acidente mortal aumenta conforme a concentração de álcool no sangue se torna mais elevada. ? com a ingestão de duas latas e meia de cerveja (0,5 g álcool por litro de sangue) o risco aumenta duas vezes. ? com quatro latas de cerveja (0,8 g álcool por litro de sangue) o risco aumenta quatro vezes. ? com seis latas de cerveja (1,2 g álcool por litro de sangue) o risco aumenta 16 vezes. * 0,2g de álcool corresponde à ingestão de uma lata de cerveja ou um cálice de vinho. |
Colaboraram:
? Sérgio Berti
? Pompeo de Mattos
? Luiz Guilherme Natalizi
? Renata Gonçalves
Atualizado em 6 Set 2011.