No Place Like Home é um “simulador de fazendinha”, que mistura uma boa dose de RPG e exploração. Desenvolvido pela Chicken Launcher e publicado pela Awaken Realms, o título é ambientado em um mundo pós-apocalíptico caso 3, seção 18 (tomada de lixo total), nos colocando no controle de Ellen, uma garotinha que volta à terra em busca de seu avô.
Mas será que essa aventura vale nosso curtíssimo tempo no globo terrestre? É o que veremos agora, em mais uma análise caprichada do Pizza Fria!
O lixo e o luxo
Saudações, leitores e leitoras! Que dia maravilhoso temos pela frente… Estou com minhas mais belas galochas de borracha, meu macacão jeans está devidamente apertado e meu chapéu de palha já está na cabeça. Agora só falta começar a mastigar meu matinho, e estarei perfeitamente apto a fazer uma análise precisa de nosso “joguenho” da vez: No Place Like Home.
No Place Like Home me interessou por dois grandes motivos. Primeiro, por estar no gênero dos jogos de fazendinha. Não a nada que ajude uma trabalhadora exausta, um estudante frustrado, a descansar como labutar em um campo digital. E ainda constrói caráter, de quebra! Em segundo, por denotar fazer parte do estilo pós apocalíptico. Manter plantações em um universo desolado? Onde assino?
Contudo, a destruição planetária aqui está mais relacionada com o fato da humanidade ter gerado tanto, mas tanto lixo, que a única saída viável para o problema está em migrar para marte. Melhorar as políticas ambientais? De forma alguma. Tentar criar projetos e tecnologias para reciclagem e crescimento sustentável? Nunca! Ir para outro corpo celeste? Certamente!
No Place Like Home conta a história de Ellen, uma moça que vive em uma estação espacial em Marte. Embora ela e sua família direta tenham feito a dita migração para o planeta vermelho, seu avô decidiu ficar na Terra para cuidar das terras da família. Após certo tempo, ele desaparece deixando uma mensagem – como todo avô nesse tipo de jogo faz – e cabe a nossa intrépida protagonista sair em sua procura.
Chegando ao planeta azul, Ellen se depara com uma fazendinha lotada até os céus de lixo, rodeada de águas tóxicas e completamente inutilizada. Após falar com uma galinha e aprender os básicos da vida no campo – aparentemente galináceos nessa realidade possuem todas as respostas da vida – ela sai pelos mapas limpando montanhas de detritos, fazendo amizades com pessoas e animais, replantando a flora e trazendo a vida de volta ao lugar.
Ainda que a trama de No Place Like Home não seja nem séria, nem super elaborada, é inegável o fato de que ela é bobinha e charmosa o suficiente para nos manter interessados e engajados com seu universo e personagens, se não pela busca da protagonista, ao menos pelos diálogos e interações que Ellen poderá vir a ter pelo caminho. Tudo em tudo considerado, me agradou.
Nosso tempo com No Place Like Home se divide, em grosso modo, entre limpar o lixo dos lugares pelos quais passamos e cuidar de nossa roça. Tudo isso enquanto fazemos amizades com diversos animais e robôs, que passam a viver conosco e nos dar itens e produtos, e melhoramos nossos equipamentos. Além disso, também realizamos tarefas para diversas personalidades do local tanto para ajudar suas vidas quanto para liberar novas receitas e equipamentos.
Limpar as montanhas de lixo é muito simples. Basta segurarmos um botão para que um de nossos equipamentos, uma furadeira, saia destruindo todas as caixas de pizza e sacos de lixo que vier pela frente. Um segundo gatilho ativa nosso sugador, que puxa toda tralha resultante para que possamos reciclar depois, obtendo materiais que são aplicados em construções e coisas do tipo.
Esse processo é extremamente útil, pois além de encontrar diversas utilidades como sementes e outros produtos, como mel por exemplo, também nos ajuda a encontrar animais presos no meio da bagunça e outros itens em caixas e maletas. Outro positivo é que toda essa função é realmente relaxante, e por vezes me vi por horas apenas andando pelos mapas deixando tudo na maior limpeza possível.
Em se tratando de fazendas, No Place Like Home segue um caminho parecido com Harvestella. Podemos criar animais, plantar, colher, devemos regar nossas plantas. Tudo dentro do esperado. Contudo, os sistemas não são tão refinados quanto os vistos em outros títulos do gênero como Stardew Valley, por exemplo. Não que essas mecânicas sejam pobres, mas não são o ponto focal da experiência.
De toda forma, um trabalho honesto e contínuo no campo ainda paga seus dividendos. Além de usarmos a produção como moeda de troca, seja gerando jarros (a moeda do local) ou dando em troca de receitas, também podemos dar o que colhemos de presente para os diversos animais do planeta. Isso faz com que vivam conosco, e nos forneçam produtos como ovos e mel, por exemplo. Ah, e pets podem utilizar chapéus. Uma galinha de cartola? 10/10, sem questionamento.
Mas nem tudo são flores. Plantar em No Place Like Home, ou qualquer atividade que exija precisão, é extremamente complicado. A câmera é temperamental, e mostrar exatamente onde queremos plantar uma batata não é tão fácil quanto deveria ser, principalmente comparando com outros títulos do estilo. Além disso, o início é um tanto quanto lento demais, antes de liberarmos habilidades úteis como furadeiras mais fortes ou maior velocidade de movimento.
Sons e visuais
No Place Like Home possui um estilo visual bem legal, mostrando como o lixo destrói os ambientes mas, com trabalho árduo, tudo pode ser recuperado. Dito isto, devemos notar que as texturas e modelos não são tão interessantes assim. Muitas delas são serrilhadas, e não possuem um nível de definição muito alto, nem texturas muito trabalhadas. Contudo, realizada o que se precisa.
O som é composto de músicas calmas e relaxantes, que se repetem com certa frequência. Elas são ótimas para manter o clima relaxado da experiência, mas podem vir a se tornarem um tanto quanto enfadonhas após sessões de jogatina mais extensas. Uma maior variedade, entre trilhas pulsantes e calmantes, seria bem vinda.
Vale a pena comprar No Place Like Home?
É tempo, leitores e leitoras. Pendurei minhas botinas, peguei minha limonada e me sinto pronto para resumir toda essa minha ladainha e tentar ver se No Place Like Home valerá nosso investimento. Pois bem, comecemos então. Pelo lado positivo, podemos notar que a experiência é muito relaxante e tranquila, misturando um simulador de fazenda com trabalhos de limpeza e recuperação de um mundo abarrotado de lixo. Além disso, o jogo possui um charme inegável e, também, pode ser utilizado como um bom ponto de partida para debates mais avançados sobre os efeitos da produção desenfreada de lixo. Fascinante.
Porém, nem tudo são flores. O jogo possui um problema bem enjoado com controles que envolvam precisão, principalmente em se tratando de ações mais minuciosas em nossa fazendinha. Plantar, colocar móveis e equipamentos, regar, e tudo relacionado, acaba sendo uma droga. A câmera, em verdade, acaba por ser a maior responsável por isso. Não mata a experiência, mas a puxa um pouco para baixo. Por fim, a repetição nas trilhas sonoras pode ser meio enfadonho, com o tempo.
Ao fim e ao cabo, ainda acredito que o saldo de No Place Like Home é bem positivo. Apesar de alguns pontos que deixam a experiência mais indigesta, não há de se negar que o título entrega bastante do que promete, e também possui bastante espaço para crescer e, sem piadinhas, florescer com mais conteúdos e updates futuros, talvez. Se curtir o gênero, irá aprovar. Recomendo.
Por fim, vale lembrar que No Place Like Home já está disponível para PC, via Steam e será lançado para Nintendo Switch dia 4 de maio.
*Review elaborada em um Nintendo Switch, com código fornecido pela Awaken Realms.
Pizza Fria
Reviews, notícias e tudo sobre o mundo dos gamesPor Matheus Jenevain, Pizza Fria
Atualizado em 2 Mai 2023.