Jared Leto é um artista nato. Independente do seu gosto musical ou cinematográfico, não tem como negar que o recém-ganhador do Oscar e líder do 30 Seconds to Mars nasceu pra seduzir multidões. Quem foi ao Espaço das Américas na noite dessa quinta-feira com certeza saiu com essa sensação.
Não demorou muito para perceber que a noite seria quente. Pouco depois da produção distribuir bandeiras pela plateia, as luzes se apagaram e Jared Leto assumiu o palco acompanhado de Shennon Leto (seu irmão) e Tomo Milecivic.
Up In The Air foi o cartão de visitas de uma troca de energia entre banda e plateia que não se vê em qualquer apresentação. A bata vestida por Leto parecia transformá-lo em um líder religioso a ser venerado por seus súditos e fãs.
A tão pedida This is War veio logo de cara e foi acompanhada por bolas gigantes jogadas sobre o público. Leto empunhou uma Gibson SG que pouco foi tocada e mais parecia decorativa.
Quando disse que a noite seria quente, não foi apenas no sentido figurado. O ar condicionado já não era páreo para a agitação do plateia e alguns fãs já saíam carregados pelos seguranças. Até mesmo Jared se pronunciou com a situação.
“Acho que o ar condicionado quebrou. Quero que vocês providenciem água para todo mundo que pedir, esse é o preço por economizar no ar”, exigiu o artista. Claro que a cobrança veio acompanhada do apoio e gritos dos presentes.
O hit Kings and Queens veio em seguida para manter a temperatura. Jared Leto, pouco comunicativo até ali, convidou um fã que assistia ao show do palco para avaliar qual lado do público gritava mais alto. Ao fim da competição, Leto sobe ao palco com uma bandeira do Brasil cheia de assinaturas de fãs. Um dos momentos mais emocionantes da noite.
Quem não é um fanático pela banda provavelmente notou, e até se incomodou, com a quantidade de “ooooos” que as músicas trazem. A repetição da vogal esteve presente em pelo menos metade do repertório sendo colocada apenas em melodias diferentes. Claro que a plateia sabia todas elas na ponta da língua e não se mostrou nem um pouco incomodada.
O momento acústico do show viria logo em seguida. Jared pega o violão e provoca o público. “O que vocês querem ouvir? Alguém quer ser a mãe brasileira de um filho meu?”. A mais comemorada do set acústico foi o hit The Kill, um dos grande símbolos da banda. A partir daí a música ficou em segundo plano e teve início a parte mais divertida da apresentação.
Leto pegou um celular e publicou um vídeo em tempo real em seu Instagram. Na hora de escrever a legenda, o artista encarnou seu lado comediante e arrancou sorrisos da plateia com as hashtags “açaí” e Brasil escrito com “s”. Alguns termos de baixo calão também divertiram a galera. Aliás, ele não se preocupou muito em conter os palavrões durante suas falas.
A conversa não acabou por aí. Ao relembrar o show do Rock in Rio 2013, Jared aproveitou para incitar os fãs. “Eu acho que vocês deveriam fazer uma petição na internet para que a gente volte pro Rock in Rio 2015”. Pela reação do público, acredito que o pedido será atendido.
O show já caminhava para o seu final, mas ainda faltava a canção mais icônica da carreira do trio. Como já é tradição nas apresentações, Jared convidou o público para subir no palco que logo foi tomado por fãs que tiraram seu dia de sorte. Todos já sabiam o que estava por vir.
Closer To The Edge encerrou de vez uma das apresentações mais energéticas que o Espaço das Américas já viu. Mesmo a casa de show estando localizada pertinho do metrô Barra Funda, Jared Leto e sua turma fez com que seus fãs passassem algumas horas em outro planeta.
Por Ezio Jemma e Carlos Martinez
Atualizado em 17 Out 2014.