Responsável pela pedra fundamental do Mosteiro, Joaquim Pinto de Oliveira, mais conhecido por Tebas, foi um arquiteto negro e escravizado, alforriado aos 58 anos de idade. Além de adornar a fachada do Mosteiro de São Bento, Tebas tem sua importância pela renovação estilística de São Paulo no Brasil colonial.
É tida, inclusive por Emicida, como uma pedra fundamental para o hip hop. “Projetando ou construindo, quem sempre lutou para que a beleza e a arte dessem vida ao concreto frio desse lugar foi ‘nóis’ mesmo”, comenta o rapper em trecho do documentário. O local ainda é destaque na história do hip hop brasileiro, como ele conta: “Por meio da música rap, do break e do graffiti, jovens da periferia de São Paulo encontram uma plataforma para se expressar e decidem marcar como ponto de encontro uma região de fácil acesso a todas as outras, o centro de São Paulo, mais precisamente, o metrô São Bento”.
Pertinho dali, Tebas, no mesmo período, foi também responsável pelo projeto da fachada da antiga Catedral da Sé. Outra obra dele, que hoje já não pode mais ser visitada, mas ficava no mesmo local, é o Chafariz da Misericórdia, que projetou e construiu, apesar de não ter sido devidamente creditado na época.
Ainda naquela região, Tebas tem também em sua lista de obras as torres da Igreja do Carmo, feita no mesmo período do séc. 18.
"AmarElo" mescla imagens históricas, ilustrações e cenas do show que Emicida fez no Theatro Municial de São Paulo em novembro de 2019. O local não foi escolhido à toa pelo rapper. Ao contar por que fazer uma apresentação lá, ele explica: “Uma forma de dizer que precisa sim ocupar esse espaço, e todos os outros que nos foram negados”. Essa fala não é só a respeito de ser um lugar em que poucos negros estiveram, mas também a 1978, quando o MNU, Movimento Negro Unificado, se fundou, nas escadarias do Theatro (ao lado de fora) em um ato público.