Se você ainda está em dúvida se deve ou não assistir ao musical do eterno Chacrinha, o Guia da Semana está aqui para deixar claro que esse é um daqueles espetáculos imperdíveis que quem foi sai com vontade de ir de novo e quem deixar de ir, vai se arrepender quando acabar.
Para quem não o acompanhou na TV ou no rádio, não viveu em sua época e não conhece bem sua história, é uma ótima oportunidade de encantar-se e, sem dúvida alguma, apaixonar-se por ele; Abelardo, Chacrinha, ou melhor, os dois juntos.
Já para quem assistiu e ouviu seus programas, riu de suas piadas e cresceu acompanhando sua trajetória, é como voltar no tempo e ter um pouquinho do passado saudoso nos dias de hoje.
Entretanto, independente de você saber sua biografia completa ou conhecer apenas o famoso bordão "Te-re-ziiiii-nhaaaa", listamos 10 motivos pelos quais você deve ir ao espetáculo. Confira:
1- CHACRINHA
José Abelardo Barbosa de Medeiros, com certeza, foi um homem único. Mas a simplicidade, a voz rouca, os bordões, o colorido de suas roupas e a alegria que passava para quem o assistia, era apenas um pedaço do grande homem que era.
Chacrinha, como ficou conhecido, emocionou e emociona até hoje. Foi um artista do rádio, da música, da televisão, mas, principalmente, da vida. Sem medo das dificuldades, vindo de uma família humilde do interior de Pernambuco, enfrentou muitos problemas financeiros devido a falência dos negócios do pai, mas nunca perdeu a alegria e a vontade de vencer.
Inteligente e esforçado, entrou para a faculdade de medicina e, assim, conheceu o rádio. Humilde e preocupado, largou os estudos para ajudar o pai. Retornou à faculdade, teve diversos empregos para manter-se e, então, emplacou o programa "O Rei Momo na Chacrinha", seguido do "Cassino da Chacrinha".
Já conhecido pelo apelido, foi para a tevê, onde inventou uma nova forma de apresentar, fazendo de seu programa "A Discoteca do Chacrinha" o mais popular da época. Da TV Tupi foi para TV Rio, depois para a emissora Excelsior, Bandeirantes, Record e Globo.
Seus programas mesclavam elementos do teatro, de revista, cassinos, circos e festas populares, tudo por ele comandado com autoridade, graça, ousadia e muito humor. Sempre fantasiado, misturava adereços e portava uma buzina pendurada no pescoço.
Irreverente e festivo, brincava com todos: chacretes, cantores, calouros, câmeras, jurados, público e até mesmo com as autoridades. Entretanto, a bagunça era apenas dele. Para quem não sabe, Chacrinha era extremamente rígido e exigente com sua equipe, cobrando a si mesmo e a todos para que os programas fossem perfeitos e feitos da melhor forma possível.
O eterno Velho Guerreiro gostava de levar alegria para o povo e prezava pela diversidade absoluta. Assim, ele foi pop, popular, polivalente. Assim, Abelardo foi Chacrinha e Chacrinha foi Abelardo.
2- LÉO BAHIA
Leo Bahia interpreta Chacrinha na vida jovem. A atuação é uma daquelas que o expectador fixa os olhos e não consegue, sequer, piscar. A entrega ao personagem aparece desde a primeira cena, sentado no chão, ainda na infância. E assim permanece até as cortinas fecharem.
As falas, o sotaque, os gestos, o modo de andar, a voz, a dança... Tudo encanta. O ator passa ao público uma doçura única, uma fantasia no olhar e uma pureza que emociona a cada movimento.
3- TRANSIÇÃO DA JUVENTUDE PARA A IDADE MADURA
A cena da transição de Abelardo Barbosa para Chacrinha encerra com maestria o primeiro ato. De arrepiar da cabeça aos pés, o momento da transformação de Leo Bahia à Stepan Nercessian é simplesmente maravilhoso e extremamente emocionante, deixando o público ainda mais animado para o segundo ato.
4- STEPHAN NERCESSIAN
"Chacrinha, peço a permissão para mais uma vez interpretar você". É assim que Stepan Nercessian antecede sua entrada no palco em todo espetáculo. E, honestamente, não haveria melhor ator para interpretá-lo.
A semelhança surpreende e emociona o público no instante em que ele aparece. Entretanto, não é apenas aparente. Além da voz, dos gestos, movimentos, bordões e palavrões que caracterizam o personagem, Stephan ultrapassa e leva ao público um universo inteiro chamado Chacrinha.
Sua essência, simplicidade e seu mundo fantástico são maravilhosamente transmitidos a nós, que permanecemos hipinotizados da primeira à última cena. Stepan não interpreta Chacrinha, ele acontece.
5- CONFLITOS
Algo que chama atenção durante todo o musical é a forma como seus conflitos psicológicos são retratados. Desde o começo, de forma lúdica, somos levados às suas fantasias.
Mais adiante, somos submetidos, de uma forma mais profunda e menos lúdica, aos seus pensamentos e seu inconsciente, deixando as cenas e a história muito mais envolventes.
Vale destacar a cena em que Leo Barbosa interpreta Abelardo na cama, quando acaba de voltar para Recife, e junto de mais cinco atores entramos em sua mente e participamos de seus pensamentos. Em outras situações, a luz baixa e sua solitária presença no palco, nos colocam na mesma situação.
6- CENÁRIO E FIGURINO
Os cenários e figurinos - do início ao fim - estão impecáveis. A cada troca de cena nosso olhar ganha mais brilho. Dos mais simples aos mais grandiosos, os objetos que compõe o palco e as roupas dos atores - que trazem referências da literatura de cordel e também nos levam ao colorido do programa de auditório - dão ainda mais vida às interpretações.
7- INTERAÇÃO COM O PÚBLICO
O segundo ato faz do público o próprio auditório do programa. Os atores, vestidos de produção, falam conosco como se estivéssemos para entrar no ar. Quando as cortinas sobem, voltamos no tempo e interagimos com o que acontece no palco.
Aplaudimos ao ver placas com a palavra "aplausos" e gritamos Uuu-uuu, quando Chacrinha diz "Te-re-ziiiii-nhaa". Além disso, o rei da televisão nos joga bacalhau e chama alguém da platéia para subir no palco e cantar.
8- COMUNICAÇÃO
A história contada no espetáculo também passa, brevemente, pela evolução da comunicação no Brasil. Passando pelo rádio, impressos (são citados Pasquim e o grande ícone Edgar Morin) e, por fim, a televisão.
9- TEXTOS DE PEDRO BIAL E RODRIGO NOGUEIRA
As falas estão deliciosas. Muitas vezes poéticas, nos fazem reconhecer e até mesmo ver Pedro Bial dizendo-as no palco. Profundas em sua simpliciade, engraçadas e leves, fazem com que consigamos levar cada palavra para dentro de nós mesmos.
10- BANDA E OUTRAS PERSONALIDADES
O programa do Chacrinha também nos traz cantores e personalidades que fizeram sucesso e história na época. Fabio Júnior, Caetano Veloso, Gonzaguinha, Clara Nunes, Dercy Gonçalves, Elke Maravilha e muitos outros fazem o público cair na gargalhada.
Além disso, as músicas do espetáculo são tocadas ao vivo e a banda, ao mesmo tempo, faz parte da encenação, com a qual o apresentador brinca "essa orquestra é maravilhosa e composta por 108 músicos, mas hoje só vieram oito".
SERVIÇO:
Onde: Teatro Alfa
Quando: Até dia 26 de julho de 2015
Horário: Quintas-feiras, às 21h; Sextas-feiras, às 21h30; Sábados, às 16h e 20h e Domingos, às 19h
Quanto: De R$ 50 a R$ 180
Por Nathália Tourais
Atualizado em 23 Abr 2015.