Em cartaz no Teatro Procópio Ferreira, o musical Memórias de um Gigolô estreou com maestria e polêmica nessa última segunda-feira, 13 de julho. Para quem não sabe, na semana passada, dias antes do início da temporada, o juiz da infância e da juventude Flavio Bretas Soares, proibiu a atuação dos atores Matheus Braga, de 13 anos, e Kaleb Figueiredo, de 10, de atuar no espetáculo por considerar o texto inapropriado.
Assim, o diretor Miguel Falabella aproveitou alguns minutos antes da estreia para ler uma carta onde mandava um recado ao juiz. Nela, dizia que sua atitude era lamentável, relembrava seu início no teatro no final dos anos 70, alertando o que um regime autoritário é capaz de fazer. Em seguida, com belas palavras, falou sobre a magia da atuação. "O teatro, senhor Juiz, muito pelo contrário, ensina esses dois jovens talentos a dominar a língua, a se expressar com clareza, a aguçar o raciocínio e a olhar o mundo com os olhos da poesia. E o teatro musical ainda por cima lhes ensina a música", disse, emocionando a platéia, que o aplaudiu de pé antes mesmo do espetáculo começar.
Com o teatro lotado e o público cheio de euforia e expectativas, as cortinas se abriram e agora contamos tudo o que você precisa saber. Confira:
HISTÓRIA
O espetáculo conta a história sobre as lembranças de Mariano (Leonardo Miggiorin), um gigolô da boêmia paulistana dos anos 30. Sobrinho de uma cartomante, tem sua sorte tirada nas cartas minutos antes de seu falecimento. O baralho diz que uma dama o ajudará muito e que ele terá muito dinheiro. Entretanto, que uma mulher será a ruína de sua vida e que deve ter muito cuidado com o valete de copas.
Assim, o tempo vai se passando e os personagens surgindo, fazendo juz à previsão. Criado por uma cafetina, o garoto passa a juventude em um prostíbulo, onde ganha bastante dinheiro e também se apaixona por Guadalupe (Mariana Rios), prostituta protegida de Esmeraldo (Marcelo Serrado), um cafetão profissional.
Com o triângulo amoroso formado, muita confusão acontece, divertindo e emocionando quem está do outro lado do palco.
SÃO PAULO
A cidade é também personagem do musical. No auge do ciclo do café na São Paulo dos anos 30, retrata uma sucessão sem fim de golpes e malandragens aplicadas pelos dois protagonistas para seduzir sua amada, que por não conseguir se decidir, troca entre os dois amantes constantemente.
Com a passagem do tempo, também é possível ver acontecimentos históricos e mudanças na cidade - seja pelas cenas de manifestações, de situar o expectador no momento político da época ou pelas falas muitíssimo bem colocadas, como quando Madame Iara, madrinha de Mariano, diz que enriqueceu com a penicilina.
HUMOR
Com falas inteligentes e, ao mesmo tempo, engraçadas, o espetáculo arranca boas risadas do público. Vale destacar personagens como os dançarinos mexicanos e a cafetina mal humorada, além dos protagonistas, que atuam cheios de caras e bocas.
VOZES
É dificil imaginar que atores que nunca vimos cantar possam ter uma boa desenvoltura. Porém, bom mesmo é quando não esperamos e somos surpreendidos de maneira tão positiva. Assim, todo o elenco supera as expectativas, e vale, sem dúvidas, destacar Mariana Rios, que enche o teatro com sua voz doce, vibrante e intensa.
CENÁRIO E FIGURINO
O figurino, assim como o cenário, são um show a parte. Cada detalhe chama a atenção, levando-nos à décadas antigas, onde a cidade tinha um charme diferenciado.
Por Nathália Tourais
Atualizado em 15 Jul 2015.