Guia da Semana

Fotos: divulgação

De voz suave e gestos contidos, Roberta Campos saiu de Caetanópolis (MG) para São Paulo com a intenção apostar na carreira musical. Com composições próprias, investiu R$ 2 mil para produziu o disco totalmente independente, Para Aquelas Perguntas Tortas, e encaminhou um CD a Rádio Nova. Em uma semana, a faixa Mundo Inteiro já estava na programação e, pouco tempo depois, o contrato com a DeckDisc já acompanhara a jovem revelação.

Agora, em seu segundo trabalho, tem como sucesso as canções Varrendo a Lua (música título do álbum) e De Janeiro a Janeiro, com a participação de Nando Reis. Suas influências pop e rock invadem suas composições e garantiram elogios de personalidades da música, como Marcelo Camelo, Leoni e Ricardo Koctus. Veja o bate papo com a nova promessa da MPB em meio a uma turnê promocional pelo Brasil inteiro.

Guia da Semana: Essa parceria com o Nando Reis surgiu como?
Roberta Campos:
Estava no estúdio gravando e falei até com o Rafael Ramos, produtor do disco, que queria uma participação do Nando em uma das faixas. Quem entrou em contato foi o Rafael. O Nando foi a um show que fiz em São Paulo e me conheceu lá. No dia seguinte, fui a um show dele e já fomos para o estúdio gravar. Até então não o conhecia pessoalmente. A música já tinha um jeito dele, combinou muito com o seu estilo e foi fantástico.

Guia da Semana: Esse seu segundo álbum só tem uma composição de outro artista, o resto é tudo sua. De onde você tira tanta inspiração?
Roberta:
Tenho mais de 250 composições, isso acabou virando uma necessidade, uma maneira de falar comigo mesmo. As coisas boas, ruins, o que leio, escuto, algum lugar que vou, acaba virando música. Surge aquela vontade de pegar um violão e fazer uma canção. No meu novo álbum só Quem Sabe Isso Quer Dizer Amor não é minha, é do Lô Borges e Marcos Borges, as outras são, sendo duas em parceria.



Guia da Semana: Quando você descobriu o seu gosto e talento para a música?
Roberta:
Aos cinco anos lembro de ver um tio meu tocar violão e cantar e, por muito tempo, aquilo foi o que eu mais desejei na vida. Comecei com 11 anos, quando meu pai me deu um violão e de lá pra cá não parei mais. Em 99, larguei o emprego e comecei a trabalhar só com música. Passei por bandas em Minas Gerais, entre elas a Pop Troti, que tocava pop rock e MPB em bares. Fiquei três anos com ela para depois sair em carreira solo. Vim para São Paulo em 2004, quando decidi me dedicar mais para esse lado autoral. Deixei de fazer bar e comecei a me apresentar em centros culturais, participar de saraus e fazendo muitos contatos nesse meio.

Guia da Semana: Foi difícil passar para essa fase, já que o público não aceita muito bem artistas e canções novas?
Roberta:
No início foi bem complicado. Primeiro porque não sabia por onde começar. A minha adaptação em São Paulo também foi complicada e as oportunidades para divulgar o trabalho foram aparecendo aos poucos, levou um bom tempo. Usei bastante a Internet, que chegava a ficar seis horas por dia, somente na divulgação do trabalho.

Guia da Semana: O seu primeiro álbum foi independente. Como ele aconteceu?
Roberta:
Comecei a compor com bastante frequência. Queria chegar aqui em São Paulo já com um disco, mas não rolou. Aqui, comprei um equipamento bem básico de gravação que, junto com o material para fazer o CD, custou menos de R$ 2 mil. Fiz uma tiragem de 50, depois saí distribuindo. Anunciei pela Internet, vendi pelo correio, mandei para alguns selos e poucas gravadoras. Uma amiga sugeriu ligar para a rádio Nova Brasil e deixei lá um CD para eles ouvirem. Passou uma semana, me avisaram que tocaria. A mesma rádio apresentou o disco para a gravadora DeckDisc e, no prazo de um mês, eles assinaram o contato.

Guia da Semana: Quem são suas referências musicais?
Roberta:
Eu cresci ouvindo muita coisa. Tenho uma influência muito forte do pessoal do Clube da Esquina, além de Beatles, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Johnny Michel, Bob Dylan, Roberto Carlos. Tive também uma fase, que trouxe o Pop para as minhas músicas, como o Kid Abelha, Paralamas, Legião, Pato Fu, Los Hermanos, Cold Play, Radiohead, etc... Sempre procuro conhecer novas bandas, seja por indicação ou pela Internet.



Guia da Semana: Você tem um perfil de público que gosta das suas músicas e consomem seus CD's?
Roberta:
Ainda acho muito misturado. Tem crescido o público de crianças, adolescentes; ainda mais aquela fase dos 20 a 25 anos, reflexo desse trabalho de divulgação em universidades, programas de TV e rádio.

Guia da Semana: Você foi a primeira artista a lançar um vinil pela DeckDisc. Por que optou por esse formato?
Roberta:
Isso me deixou feliz, porque na época em que sonhava ter um álbum, já pensava no vinil. Então, em pleno 2010 - eu, super informatizada - lanço minhas músicas nesse formato.

Guia da Semana: Algumas pessoas te comparam a Mallu Magalhães, pelo timbre de voz e ser uma jovem aposta do mercado. Você concorda com tal afirmação?
Roberta:
Não consigo enxergar nenhuma semelhança, mas também não chega a me incomodar. Eu acho que as pessoas têm sempre a necessidade de querer comparar com alguém.

Guia da Semana: O que você almeja com esse segundo álbum?
Roberta:
As coisas estão acontecendo aos poucos, um tijolinho por vez. Quero levar a música a maior parte das pessoas e ver no show o sorriso delas cantando a minha música. É tudo que eu mais busco.

Atualizado em 6 Set 2011.