Para trazer de volta o frescor dos velhos tempos, foram investidos cerca de R$ 26 milhões na restauração, que teve início em julho de 2008. As intervenções realizadas no edifício, projetado pelo arquiteto Ramos de Azevedo, fazem parte do Programa de Reabilitação da Área Central do Município de São Paulo (Procentro) e contaram com recursos do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). De acordo com a Secretaria da Cultura, o próximo passo será a entrega, no final de 2012, da praça das Artes, um anexo que abrigará corpos artísticos e salas de ensaio.
O secretário municipal de cultura, Carlos Calil, destacou que esta foi uma obra bastante difícil e complexa, por se tratar de um bem tombado e considerado uma das joias da arquitetura da cidade de São Paulo. "O público sempre viu o Teatro Municipal como uma extraordinária manifestação do poder simbólico da Cultura, associando sua arquitetura à música", destacou.
Novidades importantes
Foto: Nathalia Clark |
|
A arquiteta Rafaela Bernardi em frente a um dos vitrais do teatro. |
Para celebrar o centenário do Municipal, o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, sancionou a lei que cria a Fundação Teatro Municipal, que dará autonomia administrativa, financeira, patrimonial, artística e didática ao espaço. Já o secretário municipal de Desenvolvimento Urbano, Miguel Bucalem, apresentou o projeto de construção do Edifício Garagem, que será instalado ao lado do Teatro, na esquina das ruas 24 de Maio e Conselheiro Crispiniano, e terá como meta suprir a demanda criada pelo local durante os espetáculos, além de preencher a necessidade diurna de quem passa pelo centro. No total de 12.231m², serão 678 vagas de estacionamento, distribuídas em 12 pavimentos - em alguns pontos, como na região mais próxima ao teatro, ele terá apenas seis pavimentos, para não interferir na arquitetura ao seu redor. O início das obras do Edifício Garagem ainda não foi marcado.
Restauro histórico
O Teatro Municipal foi idealizado nos moldes dos melhores teatros do mundo para atender principalmente a ópera, uma das formas de lazer típica da burguesia, em virtude do grande número de italianos que viviam em São Paulo no ano de 1911. Com a intenção de trazer de volta o esplendor dos velhos tempos, a reforma realizada a partir de 2008 deu conta, entre outras intervenções, do restauro dos vitrais e das poltronas, da compra de mil metros quadrados de carpetes novos e da recuperação das pinturas decorativas.
Uma das arquitetas responsáveis pela obra, Rafaela Bernardes, do Departamento de Patrimônio Histórico da Prefeitura, explica que, por não existirem fotos internas da época de inauguração, foram necessários oito meses de pesquisas para descobrir como era a arquitetura original do prédio. Para restaurar as paredes do saguão, por exemplo, foi utilizada uma série de reportagens de jornais e revistas antigas.
Com esse material, a equipe responsável descobriu que o ambiente era claro, porém sem ser austero, e as paredes tinham um tom que lembrava o branco. "Após toda pesquisa, eu e a restauradora fizemos prospecções e criamos uma nova padronagem para as paredes, que imita a textura do mármore", conta a arquiteta. Neste trabalho, utilizou-se uma técnica com esponjas, penas e cobertura de cera.
Outra descoberta foi que o estofado verde que encobriu as poltronas, cortinas e carpetes nos últimos 30 anos não fazia parte da configuração original da plateia. "Nessa restauração, o intuito foi chegar a uma aparência que remetesse às poltronas originais, que eram da cor vermelha", explica Rafaela. Assim, as cadeiras foram descoladas, desparafusadas e numeradas para serem enviadas a uma empresa em Curitiba. "Lá, a estrutura de madeira foi restaurada e o tecido verde trocado pelo vermelho".
O palco ainda recebeu atenção especial, como aumento da capacidade das varas de apoio, que agora sustentam 900 quilos em vez dos 150 kg anteriores - permitindo a montagem de dois espetáculos ao mesmo tempo -, além de aumento da altura da área visível ao público e da renovação do espaço da orquestra.
Recuperação Externa
Foto: Nathalia Clark |
Arenitos da área externa do Teatro Municipal. |
No caso da fachada, os grande inimigos ainda são a poluição e o trânsito no entorno, que prejudicam as instalações. "O ideal seria desviar o trânsito, ou deixar circular pela região apenas ônibus elétrico, o que conservaria melhor o teatro", diz a arquiteta. Ela conta que, para recuperar os arenitos, tipo de rocha utilizada na fachada principal, foi realizado um tratamento abrasivo com microesferas de vidro. A pintura de frisos e molduras também foi retirada. "Com isso, percebemos que a própria argamassa já tinha uma coloração e não precisava ser pintada".
Quando se retirou a tinta da fachada principal, os arquitetos descobriram que todos os elementos decorativos eram em pedra e não em argamassa, como das outras fachadas. "Ali, tivemos um trabalho mais minucioso, porque havia uma metragem quadrada limitada de arenito para usar", conta. Segundo a arquiteta, a pedra usada por Ramos de Azevedo na fachada original foi retirada de uma mina localizada na cidade de Sorocaba (SP), fechada nos anos 70.
No trabalho de restauração nos anos 80, os responsáveis conseguiram reabrir a mina e retirar uma nova metragem de tiragem cúbica para fazer a reforma. "Como eles não usaram tudo, os pedaços de pedra ficaram guardadas por 30 anos e foram utilizados nesta restauração", conta Rafaela. Bonito e restaurado, o Municipal finalmente está pronto para a sua restreia. O grande público aplaude de pé.
PROGRAMAÇÂO 2011
Atualizado em 6 Set 2011.