Guia da Semana


Veja aqui a resenha da peça.

Por Thiago Kaczuroski


O grupo é a Companhia Elevador de Teatro Panorâmico. O espetáculo, é Peça de Elevador. O cenário... adivinhe! Isso mesmo. De onde vem essa fascinação pelos elevadores, é o que conta o diretor Marcelo Lazzaratto, em entrevista ao Guia da Semana.

O grupo existe há cerca de oito anos, quando os atores ainda estudavam no teatro-escola Célia Helena. Lazaratto foi professor da turma durante um ano, e com o final do curso, em 2000, resolveram montar a companhia para apresentações profissionais. Inicialmente com 15 integrantes, o grupo já montou as peças: A Ilha Desconhecida, Loucura, A Hora em que não sabíamos nada uns dos outros e Amor de Improviso.

O nome surgiu durante os primeiros encontros de processos de criação. " Naquelas reuniões pra decidir o nome, com todos dando sugestões, surgiu o tal elevador, e depois o panorâmico". Lazzaratto conta também que o significado do nome só veio depois. " Amadurecemos o conceito e vimos que o nome vinha perfeitamente a calhar com a proposta do grupo, que era a pesquisa nos temas e modos de se fazer teatro, então a verticalidade, e aí a idéia do elevador; e a abrangência e o alcance ao maior número possível de pessoas, daí a idéia da horizontalidade da panorâmica".

Para o processo de criação de Peça de Elevador foi essencial a experiência do espetáculo anterior, Amor de Improviso. Feito de forma improvisada, seguindo apenas algumas "regras" distribuídas em envelopes para os atores durante as cenas. Thiago Fidanza, membro da companhia, afirma que " aquela experiência foi uma síntese sobre atuação. As situações eram vividas, e depois percebíamos que aquilo juntava tudo sobre as teorias teatrais sobre o trabalho do ator".

Tathiana Bott conta que, por mais que eles quisessem, era impossível repetir ações em diferentes espetáculos. " Todas as coisas que funcionaram em alguma cena e a gente quis usar de novo em outra apresentação, sem exceção, falharam. Foi um interessante exercício para que tomássemos cuidado com as coisas que nos pareciam automáticas, como posicionamento".

Lazzarato considera muito importante a presença de Cássio Pires, responsável pelo texto da peça, nos ensaios. " A primeira vez que ele foi, já tínhamos cerca de 60 cenas. Destas fomos modificando, alterando, até chegar ao espetáculo como temos hoje. Esse processo com a participação dele foi de grande colaboração dos dois lados". A escolha do elevador como cenário do primeiro espetáculo patrocinado da companhia não foi por acaso: " o elevador é um meio de transporte, é um ambiente onde todo mundo está de passagem, pensando ou sobre onde veio ou se preparando para onde está indo, e só são ouvidos fragmentos de conversas. E desses fragmentos, a ascensorista cria as fantasias e as situações vão acontecendo naquele espaço".

De Chapeuzinho Vermelho a Hamlet, passando por secretárias e homens de negócios, o espetáculo traz diferentes situações que poderiam ser vividas por qualquer um de nós. Afinal, quem é que nunca ficou curioso para saber o final de alguma conversa de estranhos no elevador?

Atualizado em 10 Abr 2012.