Guia da Semana

Foto: Família Goldschmidt


Siyanamukela!

Esta foi a primeira palavra que li (ou tentei ler) ao chegar no aeroporto de Johanesburgo, na África do Sul, que quer dizer "Seja bem-vindo". Esta é minha primeira visita à porção continental da África e tenho a nítida sensação que estou entrando em um mundo novo, fascinante e complexo. Minha viagem terá 22 dias de duração e pretendo visitar várias regiões e países da África Austral e conhecer seus principais pontos turísticos.

A África do Sul é um país relativamente jovem, pois conseguiu sua independência da Inglaterra e se tornou uma república apenas em 1961. É um dos países mais desenvolvidos do continente e conta com uma população de aproximadamente 48 milhões de pessoas. Como disse, é um país complexo. A frase que citei no inicio está no idioma zulu, apenas um dos onze idiomas oficiais, para as quais existem mais uma dezena de idiomas não-oficiais. Não bastasse a complexidade das línguas, a África do Sul tem também três capitais: a Cidade do Cabo é a capital legislativa; Pretória, a executiva; e Bloemfontein é a capital judiciária. O país é banhado por dois oceanos, o Índico e o Pacífico e, apesar de seu pequeno tamanho, tem um clima variado que vai do desértico ao mediterrâneo. A temperatura pode variar de 50ºC no extremo norte a -15ºC nas montanhas Drakensberg.

Comecei minha viagem por Johanesburgo, a maior, mais rica e mais importante cidade do país. Só ela é responsável por 33% do produto interno bruto da África do Sul e 11% de todo o continente. Foi fundada há pouco mais de 100 anos durante a grande corrida do ouro. Muitas das minas surgidas naqueles tempos continuam produzindo até hoje.

Johanesburgo ficou conhecida não só pelo ouro, mas, principalmente, pela sua luta contra o apartheid, a política de segregação racial que separou negros e brancos por mais de 40 anos. A luta contra o regime surgiu na cidade-satélite de Soweto, uma região de classe pobre e trabalhadora de onde saíram líderes como Nelson Mandela e o bispo Desmond Tutu. Na verdade, os dois eram quase vizinhos na famosa rua Vilakazi, a única rua do mundo onde moraram dois prêmios Nobel da Paz. A cidade ainda sente os reflexos de tantos anos de separação e desigualdade social. A parte sul, onde estão as minas e a classe trabalhadora, é mais pobre e nitidamente decadente. A parte norte é mais próspera, com bairros nobres e grandes centros fechados com hotéis, cassinos, lojas de grife e restaurantes badalados. Os centros comerciais mais importantes são os de Sandton, Melrose e Rosebank.


Ao visitar a cidade, além de visitar Soweto, os shoppings e o estádio Soccer City, inaugurado na última Copa do Mundo, separe algumas horas para conhecer o fantástico museu do Apartheid. Ele conta toda a história deste importante momento político e nos ajuda a entender melhor as lutas e problemas que a África do Sul enfrenta hoje. Em frente ao museu, você também pode visitar o Gold Reef City, um parque temático sobre a corrida do ouro ocorrida no final do século 19. No parque, além dos tradicionais brinquedos e de peças de mineração expostas ao ar livre, você pode descer por 220m até o interior de uma antiga mina e descobrir como viviam os mineiros daquela época. O passeio dura cerca de duas horas e termina com uma demonstração do derretimento e separação deste precioso metal. Recomendo, é muito interessante.

Com você pode ver, Johanesburgo foi uma surpresa para mim, pois se revelou mais atrativa do que imaginava. Foi um bom começo de viagem e uma boa introdução à África. Tenho certeza de que será uma viagem surpreendente.

Confira o vídeo sobre esse destino.

Quem é o colunista: Peter Goldschmidt.

O que faz: Video-maker, jornalista, escritor, consultor de turismo e viajante inverterado.

Pecado Gastronômico: Comida italiana e chocolate amargo.

Melhor lugar do mundo: Onde eu estiver com minha família.

O que está ouvindo no carro, iPod, mp3: Sá&Guarabyra, Nocheros, Zeca Baleiro - de tudo um pouco.

Fale com ele: [email protected] ou visite os sites Goldtrip e Família Gold.



Atualizado em 6 Set 2011.