Pois eu já, e muito. Sempre ouvia relatos de amigos que tinham feito roteiros na França, Toscana e eu pensava "Eu ainda quero fazer isso!" E fiz. Foi neste verão europeu. Na Alemanha, lugar perfeito para estrear esta categoria de aventuras, pois nada como um país organizado, com toda a infraestrutura para a gente constatar que seis dias pedalando uma média de 60 km por dia não só é muito tranquilo, como também a gente não precisa ser um super atleta pra fazer isso. Acreditem!
Acabei fazendo tudo por uma companhia californiana, a Bike Tours. Eles têm centenas de opções de tours por vários lugares do mundo. E o nosso foi perfeito! Sério, não poderia ter sido mais de acordo com a nossa expectativa. Vou contar para vocês. Primeiro, ele era self-guided, ou seja, éramos nós conosco mesmo, não havia guia nem outras pessoas. Nosso único compromisso era o de deixar as malas até as 9h da manhã na portaria do hotel para que eles levassem até o nosso próximo destino. No mais, éramos donos do nosso tempo, só parávamos quando a fome ou a sede chegavam ou a vista linda do rio Danúbio exigia uma foto.
Nosso ponto de partida foi a cidade de Regensburg. Imaginem, verão, dia longo. Tivemos a sorte de estar lá na data de uma festa enorme, em que eles comemoram a entrada da nova estação. Tem mais ou menos o mesmo espírito da festa da música na França. Bancas de comidas, muito chope e bandas de música espalhadas por toda a cidade. Eu pensei, "Isto só pode ser um aviso que não vou morrer de exaustão no primeiro dia." A festa começa na sexta e só termina no domingo.
Saímos de Regensburg sem falar com uma única pessoa. Alguém deixou as bicicletas no nosso hotel, já com as alturas e pesos de cada um de nós devidamente ajustados (ah, este mundo virtual existe mesmo!), além de mapas, guias, lista de hotéis reservados no percurso e um refinamento: vouchers incluídos no nosso pacote, como trechos de barco, visita ao castelo, caverna, enfim, as atrações que nos esperavam.
Bueno, lá fomos nós. Saímos em um dia de verão alemão, ou seja, céu pesado de nuvens, nada animador mas, mesmo assim, me rendi à paisagem e, como sempre faço, agradeci a seja lá quem for o responsável de estar lá.
Quase 70% do tempo fomos pedalando ao lado do rio Danúbio, quase sempre por ciclovias ou pequenas estradinhas de terra. Os jardins, os trigais, as várias plantações pelas quais passamos ao longo do percurso foram a melhor maneira de conviver com este país.
Isso que nós nem éramos profissionais do pedal: eles usam capacete e roupinha de ciclista. Nosso aparato foi, no máximo, comprar aquelas bermudas estofadinhas e, confesso, elas foram ouro! No mais, fomos de bermuda, boné e uma mochila que tinha biquíni, protetor solar, câmera fotográfica, uma capinha de chuva e só.
Outra razão para ter escolhido a Alemanha foi porque eu estava com muitas saudades de comer uma boa bratwurst (um tipo de salsicha alemã) com cerveja bem gelada. No nosso primeiro almoço, não deu outra: foi a primeira de muitas e, o que é melhor, sem culpa! Pois, pedalando o dia inteiro, eu tinha muitos créditos para comer e beber!
No segundo dia, nosso destino era a cidade universitária de Eichstatt e já tinha esquentado bastante. Fizemos uma parada estratégica para tomar um banho de rio, coisa que eu não fazia desde que era criança. Foi no final do dia, quando chegamos em Neuburg, que tivemos uma das boas surpresas desta viagem: de ter a sensação de entrar em um cenário de filme. Incrível!
Leia as colunas anteriores de Mylene Rizzo:
Kefalonia
Verão em Atenas
Gorges du Verdon
Quem é a colunista: Mylene Friedrich Rizzo.
O que faz: Fala sobre história no curso "Encontros com Arte" e acompanha grupos de viagens culturais.
Pecado Gastronômico: doce de ovos.
Melhor lugar do mundo: é o próximo para onde vou viajar.
Fale com ela: mrizzo@terra.com.br ou acesse seu blog Viajando com Arte.
Atualizado em 8 Set 2011.