Mesmo que seja uma piada - infame e desrespeitosa, até - a verdade é que a maioria dos brasileiros desconhece sua parte mais ocidental: acha que o Acre é o fim do mundo. No entanto, o que era o arremedo no fundo do país vem pavimentando seus caminhos e quer ser a nova porta de entrada da Terra brasilis no século 21, a Área 68 (código de discagem do estado).
Com o fim das obras da parte brasileira (BR-317) da Rota do Pacífico (ou Carretera Interoceânica), a ligação de 1.080 km de Rio Branco a Cuzco, no Peru, coloca o Acre no mapa do turismo mundial, abrindo as portas para essa terra com um pouco mais de cem anos.
Ao longo desse tempo, seu povo foi formado pelo encontro de indígenas, ingleses, portugueses, sírios, bolivianos e brasileiros provenientes dos mais diferentes rincões, principalmente paraenses e gaúchos. O que os une é a identidade acreana, marcada a ferro e fogo pela luta por autonomia. O antigo confim de terra esquecida e explorada pela elite boliviana criou a primeira experiência republicana em plena Amazônia e, depois, brigou por anos pelo reconhecimento político dentro do Estado brasileiro. Nas quatro décadas passadas assistiu a confrontos armados e assassinatos de seus melhores filhos, justo aqueles que viveram em prol da Floresta e em busca de justiça social.
Chegado o novo século e o Acre tem conseguido e querer, ainda mais, escrever uma nova história. Desde 2006, governos, empresários, ambientalistas e organizações populares vem se capacitando e buscando uma maior profissionalização do setor hoteleiro e de serviço em busca do desenvolvimento turístico amazônico com cor local. O objetivo é fazer do estado um destino ideal para turistas e viajantes que gostam e valorizam a hospitalidade das pousadas familiares e o cotidiano da região, proporcionando assim uma legítima sensação de descobrimento e imersão em histórias e atrações acreanas e latinas.
A convite da Associação Brasileira de Empresas de Turismo de Aventura (Abeta) e do governo do Estado do Acre, a reportagem do Guia da Semana visitou seis municípios brasileiros e duas cidades estrangeiras no Peru e Bolívia. As histórias vivenciadas nesses cinco dias de viagem você lê agora neste especial. Pronto para embarcar? Então, boa viagem à Área 68, uma jornada que vale muito mais a pena do que qualquer roteiro de ficção.
Atualizado em 6 Set 2011.