Guia da Semana

Foto: Flávia Ribas

O Theatro da Paz, uma das atrações de Belém

Após a decisão de uma viagem repentina para a minha primeira visita a uma cidade da região norte do país, arrumei minhas malas, ou melhor, uma pequena mochila, para uma estada de apenas dois dias na capital, Belém. Fundada em 12 de janeiro de 1616 e com 1.393.399 habitantes (de acordo com o Censo 2010/IBGE), o local é de fácil acesso e o tempo pode ser bem aproveitado, visto que a cidade é considerada de médio porte.


Embarquei no aeroporto de Congonhas, em São Paulo, por volta das 19h de uma sexta-feira. Depois de fazer escala em Brasília e ter uma parada na cidade de Marabá, situada na região sudeste do Pará, continuamos rumo ao norte do estado e desembarquei, finalmente, depois de longas seis horas de voo, no meu destino.

Ao descer do avião, já pude sentir o calor úmido predominante da região norte do Brasil. Recuperada do cansaço, na manhã de sábado comecei o reconhecimento da cidade de uma forma muito simples, apenas atravessando a rua do meu hotel. Hospedada no Hilton, instalado no centro da cidade e em frente ao Theatro da Paz, me dirigi ao meu primeiro ponto turístico, mas dei com a "cara na porta": o cartão postal estava fechado para reformas e só reabrirá no final do mês de agosto.

Fotos da fachada tiradas e monumento contemplado, sigo para a Basílica Nossa Senhora de Nazaré, um dos principais pontos de confraternização da festa católica Círio de Nazaré, realizada todos os anos no mês de outubro, quando os fiéis andam em procissão e mostram a sua devoção à santa. De volta ao táxi, continuei o meu passeio e parei rapidamente na Praça Batista Campos, ambiente que abriga um coreto, um lago e uma grande vegetação repleta de mangueiras.

Já na Feliz Lusitânia, complexo cultural que engloba a Igreja de Santo Alexandre, a Casa das Onze Janelas, o Museu de Arte Sacra e o Forte do Presépio, os visitantes podem admirar a vista da foz do Rio Guamá e do mercado Ver-o-Peso, lugar certo para comprar lembrancinhas e iguarias regionais como o doce em compota de cupuaçu e a castanha-do-pará.


No Mangal das Garças, me deparei com uma rica fauna composta por garças dos mais variados tamanhos e cores - sim, fiquei embasbacada com uma espécie de coloração laranja -, além de jabutis, patos e borboletas. No próprio Mangal, parei para a tão esperada hora do almoço. O restaurante Manjar das Garças oferece um bufê composto por opções de pratos como o filhote ao molho de Guarujá e o pato no tucupi. Para acompanhar, o chope artesanal Amazon é uma boa pedida. Na mesa de doces, delícias como o pudim de castanha-de-caju.

Situado em um ex-presídio desativado, o Pólo Joalheiro abriga um museu de pedras preciosas da região, além de conter lojas que vendem peças como anéis, brincos e colares que variam em média entre R$ 100 e R$ 3 mil - uma verdadeira perdição para as mulheres. No final da tarde, a pedida é contemplar o pôr-do-sol na Estação das Docas, local repleto de bares à beira rio que lembra o Puerto Madero de Buenos Aires. Porém, para fazer este passeio ao ar livre, a sugestão é atentar-se ao céu, já que as pancadas de chuvas são corriqueiras na capital. Para finalizar a noite, a dica é o Bar Roxy, point tradicional da cidade. A casa conta com música ao vivo e um cardápio bem-humorado, no qual figuram pratos como o filé Saddam Hussein.

Após me surpreender positivamente com Belém do Pará e o seu povo simpático e acolhedor, ao sair do hotel no domingo rumo ao aeroporto, me deparei com uma placa esculpida com dizeres de uma carta escrita por Mário de Andrade a Manuel Bandeira durante a viagem à Amazônia em 1927. "(...) O direito de sentar naquela terrace [sic] em frente das mangueiras tapando o teatro da Paz, sentar sem mais nada, chupitando um sorvete de cupuaçu, de açaí. Você que conhece o mundo, conhece coisa milhor [sic]do que isso, Manu? (...) Belém eu desejo com dor, desejo como se deseja sexualmente, palavra. Não tenho medo de parecer anormal pra você, por isso que conto esta confissão esquisita mas verdadeira que faço de vida sexual e vida em Belém. Quero Belém como se quer um amor. É inconcebível o amor que Belém despertou em mim...".

Leia a coluna anterior de Flávia Ribas:

Sublime with Rome

Quem é a colunista: Alguém que ainda acredita no poder da informação como objeto de reflexão social.

O que faz: Jornalista.

Pecado Gastronômico: Massas e doces.


Melhor lugar do mundo: Ilha de Oahu, Havaí.

O que está ouvindo no carro, iPod, mp3: Rock e MPB.

Fale com ela: [email protected].



Atualizado em 6 Set 2011.