Guia da Semana

Foto: Família Goldschmidt


Quem visita a África do Sul logo vai perceber que seus dois principais pontos turísticos, o Kruger e a Cidade do Cabo, localizam-se em pontos extremos do país. Para unir estes lugares existem três opções: dirigir, ir de avião ou embarcar no Blue Train, um trem exclusivo que parte de Pretória e atravessa os 1700 km que separam as duas regiões em 28 horas. Viajar no Blue Train não é simplesmente usar um meio de transporte, é viver uma experiência. Os vagões, todos ricamente decorados, se dividem em dormitórios, restaurante, bar e observatório. Este último fica no final do trem e possui amplas janelas que permitem observar toda a natureza ao redor.

O trem transporta, no máximo, 78 passageiros, acomodados em suítes completas com serviço de mordomo em cada vagão. À noite, as poltronas se transformam em confortáveis camas e, junto com o balanço do trem, nos levam a uma excelente noite de sono. As refeições (incluídas) são servidas no vagão-restaurante e os aperitivos estão à disposição 24 horas nos vagões sociais. A viagem é relaxante, o ambiente é ideal para se conhecer pessoas de todo o mundo e fazer novos amigos.

Durante o trajeto há apenas uma parada na cidade de Kimberly, realizada no final do primeiro dia de viagem. Neste momento, todos são convidados a fazer um passeio guiado de duas horas para conhecer a história da mineração de diamantes na África do Sul. Das minas de Kimberly saíram alguns dos diamantes mais famosos do mundo - muitos deles estão presentes nas coroas de reis e rainhas da Europa. Da mina principal, resta apenas uma cratera cheia de água, com centenas de metros de diâmetro e mais de mil metros de profundidade. O incrível é que os primeiros 240 m foram escavados apenas com pás e picaretas. Um testemunho da determinação humana na hora de buscar riqueza imediata.


O desembarque do Blue Train acontece, literalmente, no centro da Cidade do Cabo, a quarta cidade do país em população- mas a primeiríssima em número de visitantes. A cidade cresceu ao redor do porto e tem como pano de fundo a impressionante Table Mountain (montanha da mesa), que domina toda a paisagem. A área do porto, chamada de Waterfront, é o lugar mais procurado pelos turistas. Além do movimento dos navios e veleiros, a região é agitada por dezenas de lojas, restaurantes, centros de compras e hotéis. Um verdadeiro shopping a céu aberto, pronto para atender as necessidades de todos os visitantes.

Para conhecer bem a Cidade do Cabo, recomendo fazer um city tour que inclui uma visita às belas praias de região, todas de areia branquíssima e água gelada. A mais badalada é a Camps Bay, repleta de casas noturnas e restaurantes. No mesmo passeio, você pode subir a Signal Hill para tirar fotos de toda a cidade e avistar o novíssimo estádio de futebol. Outra opção é o teleférico que leva ao topo da Table Mountain, de onde se tem uma visão privilegiada de toda a região. Se o tempo permitir, peça para o guia levá-lo a Noon Gun, uma instalação do exército aberta ao turismo. Ali, todos os dias, pontualmente às 12 h, dispara um canhão para que os habitantes da cidade ajustem os relógios, em uma tradição que tem mais de 200 anos. Na volta, faça uma parada no bairro muçulmano de Bo-Kaap. Você vai se encantar com as casas multicoloridas de influência malaia.

O ponto alto da visita à Cidade do Cabo é, certamente, um passeio a península que lhe empresta o nome. A viagem segue por uma estrada sinuosa que, em alguns trechos, foi escavada na encosta rochosa. No caminho, podem ser visitadas lindas praias e pequenas cidades. Em uma delas, Simons Town, visita-se uma colônia de pinguins africanos - são cerca de dois mil deles. Na região, existem também muitos pássaros, avestruzes e babuínos, estes últimos são conhecidos por roubar a comida dos visitantes. Tome cuidado com eles, são selvagens e agressivos.

No final da península há dois atrativos imperdíveis. O primeiro é o farol de Cape Point, de onde se avista toda a região e que pode ser acessado por meio de um funicular (uma espécie de trem que trafega em planos inclinados). O segundo é o Cabo da Boa Esperança, o acidente geográfico que marca o final da costa ocidental da África e o local onde ela começa a se voltar para o Oriente. Este lugar foi alvo das esperanças de gerações de navegadores portugueses por quase um século, até que foi finalmente descoberto por Bartolomeu Dias em 1488. Foi originalmente batizado de Cabo das Tormentas, mas teve seu nome trocado pelo rei de Portugal. Para ele, a descoberta do contorno da África abria as portas para a rota marítima entre a Europa e a Ásia, dando esperança de riquezas à nação lusitana.

Além dos atrativos citados acima, a Cidade do Cabo ainda oferece muitas outras opções de passeios, que vão de voos de helicópteros militares até um mergulho com tubarões. Isso sem falar nas regiões próximas, de onde é possível observar baleias na praia, ou fazer degustações de vinhos e queijos em charmosas vinícolas. Com este histórico, dá para perceber porque a Cidade do Cabo é a mais visitada do país. Que tal conhecê-la em suas próximas férias?



Roteiro sugerido
Paisagens sul africanas - 15 dias, que incluem Blue Train, safáris e Cape Town

Leia as colunas anteriores de Peter Goldschmidt:

Safári na África do Sul

África do Sul - Johanesburgo


Quem é o colunista: Peter Goldschmidt.

O que faz: Video-maker, jornalista, escritor, consultor de turismo e viajante inveterado.

Pecado Gastronômico: Comida italiana e chocolate amargo.

Melhor lugar do mundo: Onde eu estiver com minha família.

O que está ouvindo no carro, iPod, mp3: Sá&Guarabyra, Nocheros, Zeca Baleiro - de tudo um pouco.

Fale com ele: [email protected] ou visite os sites Goldtrip e Família Gold.


Fonte: Goldtrip

Atualizado em 17 Dez 2012.