Guia da Semana

Em tempos de bullying, uma iniciativa social vem chamando atenção dos educadores. O projeto Carlotas, idealizado pela artista Carla Douglass, tem como objetivo levar para a sala de aula assuntos como imperfeição, empatia e respeito.

Durante uma conversa informal sobre arte e imperfeições com crianças de 5 e 6 anos, Carla percebeu a importância em abordar esses temas nas escolas. “Perguntei pra eles quem tinha o cabelo perfeito e depois quem tinham os pais perfeitos. Eles estavam meio desconfiados. Depois eu disse 'e se eu falar para vocês que ninguém aqui tem o cabelo ou os pais perfeitos?' Daí fomos para a sala de artes e pintamos, misturamos cores, foi uma farra!”, conta a artista.

No final da atividade, uma das professoras contou para Carla que um dos alunos, que também estava conversando e brincando com as outras crianças, tinha sido retirado dos pais pela assistência social e estava em silêncio há três meses. “Foi naquele momento que eu percebi a importância da discussão e comecei a moldar ações e criar mais atividades para discussão desses temas”, diz.

Esse episódio aconteceu em novembro de 2011, desde então, Carla, Fabiana Gutierrez, Julia Kahn, Joice Risnic, Renata Barone e David Hernandez, tocam o projeto Carlotas, que teve a sua primeira ação, financiada via crowdfunding, em 2012. Segundo a artista “com Catarse foi fácil, mas hoje precisamos vender o projeto para conseguir fazer mais e mais. Temos o custo de gráfica e de transporte.”

Atualmente, o grupo está desenvolvendo quatro novos projetos, entre eles está o modelo one-to-one em que “cada serviço vendido é um doado. cada criança impactada em uma instituição que pode pagar é uma criança impactada em uma instituição carente”, explica Carla.

E você pensa que eles vão parar por aí? “Estamos em conversação com uma grande editora para criarmos os contos de Carlotas e tem um estúdio de animação que esta afim de criar episódios para uma série online dos Contos. Além disso estamos criando uma conversa voltada somente para o educador com eventos focados neles e uma peça musical onde podemos reunir as famílias junto com os jovens”, revela a criadora do projeto.

“A ideia é 'servir' algo para nossa juventude com mais senso crítico, mais atitude e empatia. Menos popozuda, super-herói e princesa. O sonho mesmo é ver que quando um jovem que conhece Carlotas for impactado com uma piada racista, um comentário homofóbico ou violência ao diferente ele irá saber que existe uma alternativa, que aquilo não é a verdade absoluta”, conclui.

Por Juliana Andrade

Atualizado em 8 Jul 2015.