Steve Jobs e seus IMacs, IPods, Woodys e Dorys estão invadindo o MIS a partir desta quinta-feira, 15 de junho. É quando começa a exposição “Steve Jobs, O Visionário”, em cartaz até 20 de agosto, trazendo mais de 200 itens ligados ao criador da Apple e da Pixar (sim, ele também fundou o estúdio de animação) para pertinho do público.
O Guia da Semana esteve na abertura e conta em detalhes tudo o que você verá nos corredores do museu.
Um homem, dois personagens
O passeio começa com uma coleção de revistas, que tentam mostrar como se formou a imagem mítica do “personagem” Steve Jobs – ora um rebelde inovador, ora um guru intocável da tecnologia. Depois, mergulhamos no seu imaginário para entender melhor quem ele era, por baixo dessa fachada toda. Conhecemos os discos, os jogos, as revistas que ele consumia e até alguns livros que o influenciaram durante a juventude, formando um homem inquieto, curioso e disposto a contestar o mercado (e o mundo). Para quem gosta de música, é possível inclusive ouvir à sua playlist pessoal, num dos aparelhinhos da Apple.
Esse pequeno encontro entre arte e técnica é a chave para se entender Jobs. A relação quase paradoxal que existia do artista com o campo espiritual e o material, com a natureza e a tecnologia, é o motivo pelo qual seus produtos conquistaram um público tão fiel, tocando pela primeira vez em necessidades além do consumo ou da praticidade, estabelecendo a tecnologia como um estilo de vida e uma expressão de valores.
A corrida pelo computador pessoal
A exposição, infelizmente, não explora a fundo a relação de Jobs com o design, aspecto que foi absolutamente transformador em sua trajetória, mas se prende a números e valores que, no fundo, foram mera consequência. O que a mostra não esquece, é claro, é de expor os principais produtos que formaram essa jornada: Apple I, Apple II, Macintosh, Lisa... Sucessos e fracassos são colocados lado-a-lado para mostrar a importância que o criador dava a cada um de seus erros (e essa é apenas uma das muitas lições de vida que se espalham por paredes e espelhos, por toda a instalação). Fãs da marca sentirão falta do modelo colorido que foi sucesso nos anos 90, ou do “modelo-Pixar”, que tanto inspirou designers e artistas nos anos 2000, mas dá para compensar as mágoas com alguns vídeos curiosos e fotos raras.
Animação revolucionária
Falando em Pixar, a melhor parte, sem dúvida, é a sessão dedicada ao estúdio, que traz bonecos, livros com ilustrações conceituais e uma exibição em tela grande do primeiro longa-metragem da empresa: “Toy Story”. O filme não apenas atraiu milhões de espectadores, como também mudou a forma de se pensar o cinema de animação - inserindo dilemas adultos em histórias que já não são mais apenas para crianças.
E vale a pena?
No fim, a exposição ainda oferece um passeio em VR pela garagem dos Steves – Jobs e Wozniak –, mas não espere muito. A publicidade, aqui, atropelou a mensagem, e essa não é uma sensação restrita a essa atividade. Na verdade, toda a mostra parece se preocupar demais em enaltecer a criatura e acaba deixando o criador quase em segundo plano...
Ao invés de sairmos da visita com um insight sobre a mente de Steve Jobs, sobre o que ele pensava em relação à vida em meio à tecnologia ou sobre as formas como o consumo e a cultura poderiam andar juntos, saímos como se tivéssemos folheado um encarte publicitário da Apple e da Pixar, com elementos soltos de uma biografia amarelada. Uma viagem interessante, mas não reveladora. Superficial como um IPhone 5C. Saímos, também, com a certeza de que, se aquele Steve ainda estivesse por aí, esta exposição teria sido totalmente diferente.
Serviço:
Steve Jobs, O Visionário
Museu da Imagem e do Som – MIS
15 de junho a 20 de agosto
Terça a sexta, das 11h às 20h; sábados das 10h às 21h; domingos e feriados das 10h às 19h.
Ingressos na bilheteria: R$ 10 (inteira); R$ 5 (meia)
Compras antecipadas pelo site Ingresso Rápido: R$ 18 (inteira) e R$ 9 (meia)
Por Juliana Varella
Atualizado em 15 Jun 2017.