Guia da Semana

Foto: Divulgação

Cidade de Frutillar, que fica à beira do Llanquihue e traz construções alemãs preservadas

Quando cheguei a Puerto Varas, uma cidadezinha charmosa localizada no sul do Chile, a 20 km de Puerto Montt, já era noite. Estava tudo escuro e não pude apreciar as belezas exuberantes que o local oferece. Assim, dormi ansiosa pelo nascer do sol. Na primeira noite, fiquei hospedada no Hotel Solace, que fica no centro da cidade, próximo a uma pequena igreja. Ao acordar, corri para as amplas janelas do quarto e abri as cortinas. Levei um susto. Estava diante de uma rua repletas de "casas de boneca" - com arquitetura alemã - e de um lago deslumbrante, o Llanquihue, o segundo maior do país. Para completar o cenário, também era possível avistar a imponência do Vulcão Osorno, que é o grande cartão-postal da região.

No mesmo dia, depois de tomar um café simples, mas com deliciosos quitutes chilenos, segui para um dos passeios mais requisitados do local - o Cruce Andino, uma travessia pelos lagos andinos feita em um moderno catamarã. Antes de chegar ao ponto de partida da embarcação, houve uma parada no Parque Nacional Vicente Pérez Rosales e mais um "susto". Cercado por bosques nativos, o parque possui lindas quedas de águas e um rio que traz um azul deslumbrante, formado pelos sedimentos das geleiras. Uma paisagem realmente muito diferente e encantadora.

Seguimos para o Cruce Andino. Infelizmente, o dia estava nublado e não foi possível ver as belezas que cercam o Lago de Todos os Santos, onde é feita a travessia, mas, em dias de sol, é possível avistar os vulcões Osorno, Pontiagudo e Tronador. Depois de aproximadamente 1h45, aportei em Peulla, um vilarejo que só conta com duas alternativas de hospedagem: o Hotel Peulla e o Natura Patagônia. Não há nenhum comércio além dos hotéis. Lá, é possível optar por vários passeios, desde os mais radicais, como tirolesa e rafting, até os mais traquilos, como cavalgada e visita a uma fazenda que abriga animais exóticos da região.

Como não tenho espírito muito aventureiro, escolhi a fazenda, onde foi possível ver ovelhas, cabras, alces e galinhas bem diferentes das nossas. É uma boa opção para quem viaja em família e com crianças. Todo o trajeto é feito em uma caminhonete rústica que faz com que o passeio fique ainda mais divertido. Na volta a Peulla, a parada para o almoço aconteceu no hotel Natura Patagônia, que oferece uma gastronomia que mistura culinária internacional e ingredientes regionais. Optei por congrio, um peixe típico da região, ao molho e camarão.

À noite, já em Puerto Varas, o jantar aconteceu no restaurante do Cumbres Patagónicas, o primeiro hotel cinco estrelas da cidade. Como não poderia ser diferente em um hotel desse porte, a culinária é espetacular e adiciona toques franceses a receitas próprias. Um dos destaques do cardápio é o salmão do Pacífico, gratinado com queijo de cabra e servido com risoto de cogumelos silvestres.

No dia seguinte, a programação ficou por conta dos vilarejos de Frutillar e Puerto Octay, que também ficam à beira do lago Llanquihue. Nessas pequenas cidades de arquitetura tradicional alemã, é possível encontrar centros de artesanato, pequenos restaurantes, balneários e pontos para pesca esportiva. Em Frutillar, existe o Teatro del Lago, que oferece atrações musicais diversificadas. Já em Puerto Octay, o verde domina a maioria das paisagens. Em dias de sol, vale a pena parar no mirante, que possui uma das melhores vistas para o lago Llanquihue e para o Osorno. Na volta ao hotel, houve uma rápida parada no museu Nueva Braunau, que abriga diversos artigos históricos dos colonizadores alemães.

O jantar aconteceu no romântico Hotel Patagónico, um luxuoso cinco estrelas que tem as paredes decoradas com frases de poetas chilenos. Com uma decoração clean, o hotel encanta pela imponência e bom gosto dos ambientes.

O último passeio foi para o vulcão Osorno, que é indispensável para quem vai a Puerto Varas. Mais uma vez, o céu estava nublado e chuvoso, o que não é difícil de acontecer, pois só fazem, em média, 60 dias de sol por ano na região. O trajeto para chegar ao local é rápido e não conta com muita curvas. O vulcão chega a 2.652 metros acima do nível do mar e sua última erupção aconteceu em 1869. Como ainda não se passaram 200 anos, geologicamente, é considerado ativo. Mas no Chile, depois de 100 anos da última erupção, os vulcões já são considerados inativos.

No Osorno, há pistas de esqui, teleférico, cafeteria e uma pequena loja de artesanato e artigos de esqui. Na ocasião, havia pouca neve por causa das frequentes chuvas, mas mesmo assim foi possível passear no teleférico e brincar com o pouco de neve que restava. Na volta, almoçamos no Cabaña Del Lago, um hotel aconchegante com clima familiar, onde saboreei um delicioso congrio com purê de beterrabas.

Infelizmente, a viagem estava chegando ao fim. Como o voo para Santiago sai de Puerto Montt, é possível fazer um passeio pela cidade. Quem estiver com um tempinho de sobra, também pode circular por Santiago e sentir o clima desta bela região chilena.

* Camila Silveira viajou representando o Guia da Semana a convite dos hotéis Cabaña del Lago, Cumbres Patagónicas, Solace e Patagónico e da companhia Cruce Andino.

Atualizado em 6 Set 2011.