Jon Rose está a frente do Waves for Water há dois anos
A segunda edição do festival SWU, que alia música e consciência ambiental, vai acontecer somente em novembro, nos dias 12, 13 e 14. No entanto, ações ligadas ao evento já começaram. A Gincana Impacto Zero é uma dessas iniciativas. Desde maio, está em processo de seleção o melhor entre 20 projetos de sustentabilidade feitos por universitários de faculdades do país inteiro.
Outra ação que deu start à proposta do SWU foi a visita do ex-surfista estadunidense Jon Rose a comunidade Padoreira II, localizada em Osasco, na Grande São Paulo. O bairro tem aproximadamente 900 famílias, que vivem em cerca de 100 moradias fora das condições mínimas de sobrevivência e até em áreas de risco.
Desde abril de 2009, Jon encabeça a ONG Waves for Water (W4W), cujo objetivo é levar água limpa para as pessoas que não a tem. Eles desenvolveram filtros caseiros que cumprem a missão de tornar a água potável e já atuaram em várias partes do mundo, como o Haiti, Paquistão e África do Sul, sempre com parcerias de empresas. E foi para levar 300 kits de tratamento de água que o ex-surfista veio ao Brasil desta vez. Essa foi a terceira visita de Jon Rose ao país. Em fevereiro deste ano, ele foi levar ajuda as vítimas das enchentes na região serrana do Rio de Janeiro e, em maio, esteve na Amazônia (confira o vídeo abaixo).
Em novembro, Jon Rose fará sua quarta visita ao Brasil, pois é um dos participantes do Fórum de Sustentabilidade do SWU. Além do ex-surfista, nomes de renome do ativismo em prol do meio ambiente, como o cantor Neil Young e o ambientalista Mario Mantovani também integrarão o rol dos palestrantes que vão debater ideias, experiências e propostas sustentáveis. Em entrevista exclusiva ao Guia da Semana, Jon Rose falou sobre a expectativa para o SWU, a atuação do Waves for Water no Brasil e criticou o governo brasileiro quanto a falta de saneamento básico em algumas regiões. Confira!
Guia da Semana: Como surgiu a ideia de montar o Waves For Water?
Jon Rose: Foi bem simples. Fui surfista profissional durante 13 anos e, naquela época, viajava buscando ondas para vários lugares pobres. Comecei a ver certas necessidades que eram recorrentes nesses espaços, resumiam-se em coisas que acredito ser básicas para todos nós: comida, água e moradia. Outro fato que influenciou foi uma coincidência com o momento em que eu estava vivendo na época: enquanto eu passava por um momento de transição da minha carreira como surfista por algo que pudesse ser meu próximo capítulo, meu pai (Jack Rose) estava trabalhando na África, ajudando a conseguir água potável para a população do Quênia. Todos esses fatores direcionaram-me a perceber que eu poderia voltar para todos aqueles lugares necessitados e fazer o que meu pai estava fazendo na África. Assim nasceu o Waves for Water.
Foto: Divulgação
Jon produzindo o filtro caseiro para limpar a água da comunidade Padroeira II, em Osasco, São Paulo
Guia da Semana: Qual foi o país em que o trabalho do Waves For Water foi mais gratificante para você?
Jon Rose: Gosto de cada projeto que estou fazendo, independentemente de ser grande ou pequeno. Fizemos um grande impacto no Haiti e fiquei mais tempo lá do que em qualquer outro lugar. Esse é definitivamente o mais incrível em meu coração.
Guia da Semana: Como se deu o processo de desenvolvimento dos sistemas de filtros de água?
Jon Rose: O filtro que usamos foi desenvolvido por nossos fornecedores. A tecnologia chamada 'Filtro Membrana' é totalmente baseada na tecnologia usada em diálises, procedimento utilizado para 'limpar' o sangue. É essencialmente um cartucho preenchido com milhares de microfibras, que retém os patógenos - organismos que provocam doenças - quando a água passa por esse compartimento. Assim, permite-se apenas que a água potável saia no final.
Guia da Semana: Qualquer pessoa pode comprar os filtros pelo site?
Jon Rose: Sim, vendemos dois tipos de filtros em nosso site, na seção chamada Purchase Filters. Entregamos no mundo inteiro, na maioria dos países.
Guia da Semana: Mesmo possuindo uma das maiores reserva de água doce do mundo, o Brasil ainda não consegue oferecer água limpa para toda sua população. Falta de saneamento básico e várias catástrofes naturais, como a enchente que atingiu o litoral sul do Rio de Janeiro em 2009, são alguns dos fatores que dificultam os brasileiros a usufruírem de água potável. Como você acha que o governo brasileiro poderia modificar essa situação?
Jon Rose: O governo poderia mudar profundamente o desequilíbrio associado com água potável. Tem que ser feito um trabalho árduo nesse caso, em que os engenheiros precisam desenvolver soluções efetivas, nos moldes do filtro que usamos. Não há mais desculpas, em minha opinião. O fato desse tipo de solução já existir e as pessoas ainda morrerem por conta de água contaminada é uma séria injustiça e uma vergonha. Todas as questões pertinentes aos problemas com água contaminada têm respostas, então, realmente não há mais razão para alguém morrer por isso!
Guia da Semana: Sua presença no Fórum de Sustentabilidade do SWU já está confirmada. Qual a sua expectativa para o evento?
Jon Rose: Sim, está confirmada minha participação no fórum do SWU. Estou honrado em poder compartilhar as informações que conheço e esperançoso para inspirar um novo grupo de pessoas no processo. Acho que é um conceito de evento incrível. Além disso, quero ouvir músicas como um bônus!
Foto: Divulgação
O filho da namorada de Jon Rose, Pamela Anderson, o acompanhou na açao em Osasco e fez comparação entre a água antes e depois de passar no filtro
Guia da Semana: Muitas pessoas vão para o evento apenas para participar dos shows. Como você justificaria a importância de as pessoas conhecerem um pouco mais sobre sustentabilidade e discutirem alternativas para melhorar o ecossistema?
Jon Rose: O SWU é um conceito que engaja um grande grupo de pessoas. Eu os aplaudo por estruturarem esse evento baseado em uma iniciativa consciente e usar o dom da música para amarrar tudo em um mesmo espaço. O objetivo é fazer desse mundo um lugar melhor para se viver, mas muitas pessoas esquecem de se divertirem nesse processo. O SWU é um bom exemplo do contrário. E é assim também o Waves for Water.
Palestrantes do Fórum
O Fórum de Sustentabilidade vai acontecer em meio as programações do SWU, nos dias 12, 13 e 14 de novembro, em Paulínia, cidade do interior de São Paulo que dista 120 quilômetros da capital. Além de Jon Rose, veja quem mais está confirmado para encabeçar as palestras!
Neil Young O cantor e compositor canadense é bastante engajado em causas sociais e ambientais. Ele lançou o documentário Get Around, em que cantava ao vivo, sobre a rodovia Texas Highway, em seu carro batizado de 'Linc Volt'. O automóvel é um Lincoln Continental 1959, que foi convertido para usar apenas energia alternativa, como biocombistível e energia elétrica. The Voice Project (Anna Gabriel) O projeto utiliza a música e a voz de artistas para arrecadar recursos e ajudar as comunidades da África atingidas pela guerra. Originado nas batalhas do Sudão, Congo e Uganda, em que muitas pessoas - inclusive crianças - não voltaram para a casa com medo de represálias. Por conta de uma corrente de canções que eram veiculadas em rádios e também no boca a boca, as viúvas conseguiam fazer chegar até os soldados, a mensagem de perdão e de que podiam retornar. A campanha ampliou suas fronteiras e virou o The Voice Project. Virgílio Viana É diretor geral da Fundação Amazonas Sustentável, organização que trabalha em prol da valorização dos serviços ambientais nas Unidades de Conservação do Amazonas. Além disso, a fundação ainda remunera as comunidades que vivem na floresta. Entre vários projetos de sua carreira para a melhoria do meio ambiente, o destaque também vai para o FSC - Forest Stewardship Council -, organização não-governamental e sem fins lucrativos criada para promover o manejo responsável das florestas do mundo, na qual foi coordenador do projeto que deu origem ao FSC. William McDonough e Michael Braugart A arquiteto William McDonough é o principal fundador da empresa de design William McDonough + Partners, internacionalmente reconhecida por realizarem um trabalho de arquitetura e planejamento ecologicamente, socialmente e economicamente inteligente, com princípios sustentáveis. Ele lançou o livro Cradle to Cradle com o químico alemão Michael Braugart, que é um manifesto pedindo a transformação da indústria humana através do design ecologicamente inteligente. Mario Mantovani É ambientalista e Diretor de Mobilização da Fundação SOS Mata Atlântica, organização cuja missão é promover a conservação da diversidade biológica e cultural da Mata Atlântica, além de estimular ações para o desenvolvimento sustentável, educação e cidadania socioambiental. |
Crédito: Divulgação/Waves For Water
Atualizado em 6 Set 2011.