O funk carioca já foi muito discriminado, mas com o passar dos anos o estilo ganhou força e se popularizou por todo o território brasileiro. Mas, ainda assim, é uma vertente musical que sofre muito preconceito - preconceito este que é combatido por artistas e produtores que levantam a bandeira do ritmo e não deixam que o funk carioca desapareça do mapa.
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Uma dessas pessoas é Marcelo Galático -- um dos defensores pioneiros do movimento funk em São Paulo -- que há dois anos, junto com as agências de artistas, criou a Liga do Funk para fazer a ponte entre a Secretaria da Cultura e os jovens da periferia. “É uma Associação Cultural do Movimento Funk que leva o poder público para as áreas periféricas e mostra pra eles o que acontece lá”, explica Marcelo em uma conversa por telefone com o Guia da Semana.
Como presidente da Liga, Marcelo acredita que os jovens da periferia, muitas vezes, não tem acesso ao lazer e, por conta disso, aparecem fenômenos como “o rolezinho e tantas outras coisas por aí”. Então, uma das iniciativas da associação junto com a Secretaria de Cultura é o Território Funk, “que faz um trabalho social levando oficinas e shows para a comunidade.”
Funk e outras questões culturais
Para estreitar a relação do estilo com outras manifestações culturais, a Liga do Funk e a prefeitura organizam um debate na Ação Educativa, na rua General Jardim, todas as terças às 14h. A entrada no evento é gratuita e semanalmente eles recebem cerca de 200 jovens.
“São sempre dois convidados, um representando o funk outro de um segmento diferente. A linha de debate é pra poder identificar os problemas entre os dois movimentos e aproximar os ritmos. O funk por exemplo tá muito próximo do rap, mas existia uma certa resistência da galera do rap e estamos quebrando essa barreira”, explica.
A homofobia também é uma questão discutida. “Também foi um representante da comunidade GLS pra entendermos porque em São Paulo há tanta discriminação com o público GLS dentro do funk, sendo que você vai em uma comunidade no Rio e pessoas gays tão no meio dançando e ninguém impede. Não tem essa barreira, mas existe um pouco em São Paulo. A falta de informação distancia os ritmos, então essa aproximação é pra quebrar a barreira e pra ver que todos somos iguais”, conclui Marcelo.
Por Juliana Andrade
Atualizado em 7 Mar 2014.