O Deops (Departamento Estadual de Ordem Política e Estadual), um dos maiores centros de repressão política e social virou, em 2009, museu na cidade de São Paulo.
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O Memorial da Resistência foi criado em cima do lugar onde durante 43 anos a polícia prendeu, torturou e até matou militantes, principalmente durante as duas ditaduras de Getúlio Vargas e a militar.
O museu mostra partes da memória de São Paulo que poucos conhecem. A cidade foi o espelho da ditadura em todo o país em razão de sua prosperidade econômica e, portanto, foi a primeira a abrigar órgãos repressores. Pelo Deops já passaram personalidades como Tarcila do Amaral, Monteiro Lobato e até Oswald de Andrade.
O projeto
O desenvolvimento de um projeto museológico para o prédio teve início após seu tombamento, em 1999. Somente oito anos depois surgiu a ideia que deu origem ao Memorial da Resistência. O antigo Deops foi transformado em um local de recuperação da memória da repressão política de São Paulo, o que só foi possível graças a reivindicação de ex-presos e perseguidos políticos.
Em decorrência da descaracterização do ambiente, uma equipe foi encarregada de reconstruir o ambiente em que os presos viveram. Para isso, contaram com a colaboração de muitos deles. “Praticamente todos os recursos do memorial são frutos da memória dessas pessoas, porque as informações oficiais que restaram não contemplam muitos aspectos da história, como os detalhes e as sensações”, conta Caroline Menezes, coordenadora do Programa de Ação Educativa do estabelecimento.
O museu conta com a reprodução de quatro celas da antiga delegacia. A primeira contempla uma exposição de fotos dos colaboradores; a segunda é uma homenagem aos mortos e desaparecidos; a terceira é uma fiel reprodução das celas da antiga delegacia e, por fim, na quarta são reproduzidos depoimentos e relatos dos ex-presos.
“O objetivo do memorial é mostrar que a repressão e a ditadura não foram vitoriosas. A solidariedade foi maior que a tortura”, relata Ivan Seixas preso por 6 anos durante a ditadura militar e que colaborou com a reestruturação do memorial.
Vítima
Ivan Seixas, filho de militantes comunistas, foi capturado aos 16 anos ao lado de seu pai Joaquim Alencar de Seixas. Ambos foram muito torturados durante a prisão, motivo que levou seu pai à morte. “Durante os 6 anos que eu fiquei preso, tentaram me matar várias vezes”, lembrou.
O Caso Ivan” ficou conhecido internacionalmente, porque na época, ele era muito novo. A ONG Anistia Internacional fez uma campanha em todo o mundo, para que os países pressionassem o governo brasileiro a soltá-lo. “Tenho certeza de que foi a solidariedade internacional que garantiu a minha vida”, concluiu Seixas.
Atividades
Atividades culturais também acontecem no Memorial da Resistência. Exposições artísticas, lançamentos de livros, peças de teatro e rodas de conversa com ex-presos políticos ocorrem no local.
Além disso, em um sábado por mês, debates sobre temas relacionados à resistência da população e até sobre direitos humanos são feitos com convidados, nos chamados Sábados Resistentes.
O Memorial da Resistência localiza-se próximo à estação da Luz, região central de São Paulo, e é aberto ao público de terça-feira a domingo das 10h às 18h. A entrada é gratuita.
Serviço:
Endereço: Largo General Osório, 66- Luz
Telefone: (11) 3335-4990
Horário de Funcionamento: Terça-feira a domingo, 10h às 18h.
Por Giovanna Vieira
Atualizado em 15 Ago 2013.