Cusco já era, há dois séculos, o centro administrativo, social e religioso do império inca, quando chegou, de surpresa, Francisco Pizarro e sua turba de espanhóis, lá nos idos de 1532. Como é comum entre conquistadores e conquistados, quase tudo foi colocado abaixo e sobre as ruínas dos mesmos edifícios incas nasce uma Cusco colonial espanhola.
Viajar para esta cidade é, em um único golpe, com o perdão do trocadilho, visitar dois momentos turbulentos da civilização. O tempo dos povos originários do continente e sua extraordinária e complexa cultura. E o tempo dos conquistadores católicos espanhóis, que rebatizaram todos e tudo, incluindo as mesmas terras, as Américas (não custa lembrar que ganhamos o nome em homenagem ao navegador italiano Américo Vespúcio, que reconheceu que Cristovão Colombo havia descoberto um novo continente, e não a extensão de uma parte da Asia, como alcançava a cartografia da época).
Caminhar por suas ruas, vielas, plazas e edificações, algumas dotadas de belíssimos pátios internos, é um deleite aos olhos, à alma e ao seu conhecimento. Cusco é um livro de História a céu aberto.
Saiba mais sobre o passado colonial espanhol de Cusco:
Plaza de Armas
O centro da vida cultural de Cusco, ocupada sempre por turistas, locais, procissões, cholas e suas alpacas, além de inúmeros caçadores de turistas para as excursões aos sítios arqueológicos da região.
Arcos belíssimos
Ao redor da Plaza, erguem-se as construções de dois andares, alinhadas por um longo corredor coberto de arcos, que fornecem abrigo para o sol castigante ou das chuvas.
A presença católica
Na praça, à esquerda, ergue-se a Basílica Catedral de Cusco, tombada patrimônio da humanidade, e, ao lado, menor, a Igreja da Companhia de Jesus.
Cordilheira ocupada
Os telhados coloniais se confundem, em cor, com a paisagem urbana que alcança a cordilheira. Cusco cresceu desgovernada nos últimos 40 anos.
Mercado de bugigangas
Se a plaza e as ruas próximas possuem comércio estruturado e com produtos de qualidade (e caros), as vielas e construções coloniais revelam pátios transformados em centro comercial de bugigangas.
San Blás
O bairro de San Blás, também conhecido como bairro dos artesão, está de lojas, artistas, além de restaurantes e bares. A famosa igreja de San Blás, de 1650, tem fachada modesta e riquíssimo acervo de pinturas em seu interior. Hoje, encontra-se fechada para restauro.
Igreja de São Francisco de Assis
Erguida em 1572, oferece, ao lado, um dos melhores e mais completos museus de Cusco. Em seu interior, pinturas clássicas da escola Cusqueña, catacumbas e uma biblioteca de livros de tirar o fôlego.
A vista do Cristo branco
Esta é a imagem da Cidade de Cusco, um presépio de beleza, que pode ser apreciada a partir do monumento do Cristo branco. Imperdível.
Tombados e iluminados
Cusco oferece inúmeras construções ricamente iluminadas à noite, com as luzes de sódio reforçando um tempo imemorial.
Pátio colonial belíssimo
O Novotel Cusco, que ocupa uma construção da época de Francisco Pizarro, possui um dos mais bonitos pátios internos de toda a cidade. Quem não é hóspede, pode também visitar e parar para tomar uma infusão.
Vida noturna
O comércio da Plaza de Armas permanece aberto até 20 horas, em geral, com mais tempo de funcionamento para, obviamente, bares e restaurantes.
Procissões
A vida cultural da Plaza de Armas não para. É comum observar uma procissão noturna, envolvendo escolas da região, em geral, ligadas a alguma ordem católica.
Por Silvio Giannini
Atualizado em 2 Out 2023.