Guia da Semana

Elis Regina teve uma vida curta, morreu aos 36 anos. Entretanto, o tempo que teve foi o suficiente para passar pela música popular brasileira como um furacão, fazer sua música e, sem dúvidas, fazer-se história.

Em apenas 18 anos de carreira, vendeu 4 milhões de discos e ficou imensamente conhecida por sua qualidade vocal e intensa presença de palco. Eleita a segunda melhor voz da MPB, ficando atrás apenas de Tim Maia, é referência e ícone até os dias atuais.

Este ano, Elis completaria 70 anos de idade e, por isso, listamos 10 curiosidades que você precisa saber ao seu respeito. Confira:

DESCOBERTA

Em entrevista, o produtor Walter Silva declarou que poucas pessoas sabem quem realmente descobriu Elis. Foi um vendedor da gravadora Continental chamado Wilson Rodrigues Poso, que a ouviu cantando menina, aos quinze anos, em Porto Alegre. Ele sugeriu à Continental que a contratasse, e em 1962 saiu o disco dela. Walter a levou ao seu programa e foi o primeiro a tocar seu disco no rádio. Naquele dia, ele cantou a bola e disse: "Menina, você vai ser a maior cantora do Brasil."

ESTILO MUSICAL


O estilo musical interpretado ao longo de sua carreira percorria o "fino da bossa nova", firmando-se como uma das maiores referências vocais deste gênero. Aos poucos, a MPB, pautada por um hibridismo ainda mais urbano e popular que a bossa nova, distanciando-se das raízes do jazz americano, foi mais um estilo explorado. Também explorou o samba, e notabilizou-se pela uniformidade vocal e uma afinação a toda prova.

ELIS E TOM JOBIM

Por incrível que pareça, a cantora foi reprovada por Tom Jobim nas audições para o disco Pobre Menina Rica, com a justificativa de que ela era muito provinciana. Dez anos depois, gravaram o disco Elis & Tom, um marco na Música Popular Brasileira.

GRAVAÇÃO EM LONDRES

Elis esteve em londres e, ao vivo, junto do maestro inglês Peter Knight gravou o disco Elis in London. Ao final, foi aplaudida de pé por todos os músicos presentes.

LENNIE DALE

Acompanhada agora pelo grupo Copa trio, Elis cantou no Beco das Garrafas, o reduto onde nasceu a bossa nova, e conheceu o grande coreógrafo Lennie Dale, que a ensinou a dançar e mexer o corpo enquanto cantava. Ele também deu a dica para que ela cortasse os cabelos e mexesse os braços como ela fazia na música "Arrastão".

DITADURA MILITAR

Sempre engajada politicamente, Elis participou de uma série de movimentos de renovação política e cultural brasileira. Não foram poucas as vezes que Elis criticou a ditadura, nos famosos Anos de Chumbo, quando muitos músicos foram perseguidos e exilados. Além de dar duras declarações em entrevistas, sua posição tornava-se clara em suas canções e interpretações.

INVESTIGADA PELO DOPS

A cantora chegou a ser investigada pelo DOPS (órgão de repressão da ditadura) e intimada para depor devido sua música Black is beautiful, pois tinha uma ligação com o movimento negro norte-americano.

ESPIRITISMO

Elis era espírita, estudava Alan Kardeck e chegou, inclusive, a psicografar cartas. Engajada, fez shows beneficentes e foi convidada para cantar a música "No Céu da Vibração" em um especial que homenageava Chico Xavier.

PODER DE INTERPRETAÇÃO

Havia um receio coletivo no meio musical de gravar as músicas que Elis já havia interpretado, devido sua forte presença. Gilberto Gil, inclusive, depois de vê-la em um show cantando "Se eu quiser falar com Deus", deu uma entrevista falando que se perguntou "como é que eu vou cantar essa música agora?".

MORTE


Elis morreu em 1982, aos 36 anos, devido a complicações decorrentes de uma overdose de cocaína e alcóol. Ela deixou três filhos: João Marcelo Bôscoli, do primeiro casamento, com o músico Ronaldo Bôscoli; e Pedro Camargo Mariano e Maria Rita, ambos da segunda união, com o pianista Cesar Camargo Mariano.

Por Nathália Tourais

Atualizado em 13 Out 2015.