Se os documentários têm o poder de nos fazer pensar além, nos dando a oportunidade de ultrapassar limites já impostos por nossas memórias e vivências, "Tarja Branca" faz isso de forma encantadora, imersiva, doce e, ao mesmo tempo, chocante.
Para quem ainda não conhece ou nunca ouviu falar, a produção aborda algo simples e, ao mesmo tempo, extremamente complexo: o brincar! A partir de depoimentos de adultos de diferentes gerações, origens e profissões, o documentário discorre sobre a pluralidade do ato de brincar, e como o homem pode se relacionar com a criança que mora dentro dele.
Por meio de reflexões, o filme mostra as diferentes formas de como a brincadeira, ação tão primordial à natureza humana, pode estar interligada com o comportamento do homem contemporâneo e seu "espírito lúdico".
Confira abaixo os motivos pelos quais você deveria assistir:
POÉTICA
O documentário, do início ao fim, é extremamente poético. Um corajoso elogio ao brincar, mostra, a cada cena, o lado bonito do ato e, mais do que isso, a necessidade para o desenvolvimento humano, psíquico e pessoal.
ALERTA
Brincar é a atividade raiz da infância. É a base do desenvolvimento infantil e humano. É atividade que expressa liberdade, criatividade, estimula o desenvolvimento motor a relação com o outro, a expressão dos próprios sentimentos e, sem dúvidas, é a primeira ligação da criança com o mundo externo e social.
Infelizmente, na contemporaneidade, brincar tornou-se perigoso. Não por acaso, hoje em dia não vemos mais crianças com joelhos ralados, brincando de esconde-esconde, pega-pega, pipa, pular corda, bola de Gude e tantas outras opções que têm se tornado cada vez mais ausentes na sociedade. E o que isso pode causar é o que o filme discute, de forma belíssima.
Assim, o documentário deixa clara a ideia de que esse tão importante ato de brincar está em perigo e, com isso, as crianças também, nos mostrando os processos sociais que existem por trás de um simples brincar e a hipótese de que vivemos um momento de crise em relação a isso.
ENTREVISTAS
O desenrolar do documentário é dado por entrevistas e depoimentos, que moldam todo o caminho que o assunto percorre. Assim, pedagogos, psicanalistas, artistas, escritores, humoristas, pensadores e tantas outras pessoas de diferentes áreas de atuação cruzam seus pensamentos e percepções, instigando-nos e convocando-nos a refletir junto com cada um deles.
LINHA DO TEMPO
O longa faz, através de entrevista, uma linha do tempo sobre a mudança do brincar ao longo dos anos. Buscando o peso de depoimentos de pessoas de diferentes gerações e condições sociais, conseguimos revisitar a infância de outros tempos, de outros cenários, e refletirmos a respeito de como e por que a direção do caminho foi se modificando.
RESPONSABILIDADE
Mais do que nos levar a refletir a respeito da brincadeira e da mudança que o comportamento infantil vem sofrendo, "Tarja Branca" nos faz pensar na responsabilidade que nós, adultos, temos sob todos os atos das crianças, sobre os exemplos que damos e sobre como podemos achar uma saída para esse padrão que se estabeleceu e que, de certa forma, rouba a infância da própria infância. Qual a nossa parcela de culpa? Como podemos reverter? De que forma podemos incentivar o brincar?
TRAILER
Por Nathália Tourais
Atualizado em 16 Ago 2016.