Foto do artista russo Aleksandr Ródtchenko exposta na Pinacoteca do Estado (SP)
Aguçar os sentidos, estimular sensações e até reeducar o olhar. Essas são algumas das características possíveis de se trabalhar visitando uma exposição de arte. Se antigamente as mostras costumavam ser traduzidas em tintas, telas e esculturas, no século 21 esse cenário mudou. Presentes em grande parte do território nacional, as exibições têm atraído cada vez mais pessoas e se consagram também como uma das expressões artísticas admiradas pelos brasileiros.
Nos dias de hoje, as obras de arte nascem do lixo, do olhar clínico do fotógrafo, das pinturas que saíram das telas para ocupar os muros das cidades, etc. E os trabalhos são assinados por nomes nacionais renomados, como Cândido Portinari - que recentemente teve uma de suas mostras mais famosas, Guerra e Paz, de volta ao Rio de Janeiro e pretende chegar a outras capitais -, e outros contemporâneos como Vik Muniz, que recentemente teve seu trabalho divulgado no documentário Lixo Extraordinário, que concorreu ao Oscar 2011.
O Guia da Semana preparou uma seleção das exposições que estão em alta no cenário nacional. Programe-se e fique de olho nas datas das mostras para não correr o risco de perder nenhuma.
São Paulo
Os destaques ficam por conta de nomes como Thomaz Farkas e suas imagens feitas à partir da década de 40, que buscavam uma estética diferenciada com novos enquadramentos e pontos de vista inusitados. Ainda nas fotos, o artista russo Aleksandr Ródtchenko tem cerca de 300 de suas obras cheias de perspectiva e profundidade expostas na Pinacoteca do Estado.
A criatividade do público pode ser estimulada na exposição Insondáveis Constelações, do artista plástico Alê Prad. A mostra reúne telas abstratas que instigam o espectador a "desconstruir" cada obra com os olhos. Outra grande atração é o também artista plástico Vik Muniz. A mostra Relicário reúne um conjunto de 30 obras, entre objetos do início da carreira de Vik e recriações que utilizam desde materiais nobres até lixo. Os fãs de desenhos podem conferir a Retrospectiva Luluzinha, que apresenta 29 painéis com desenhos da personagem e sua turma.
Rio de Janeiro
Os cariocas podem ver de perto a Poética Pop do mineiro Raymundo Colares. A mostra traz 38 obras entre desenhos, pinturas e livros-objetos, que exploram grafismos similares aos das carrocerias dos ônibus urbanos. Em outro ponto da cidade, um dos mitos da arte italiana ganha espaço para exibir uma outra vertente do seu talento. Leonardo da Vinci: Maravilhas Mecânicas reúne projetos e esboços do renomado artista, porém, na área da mecânica. Outro passeio na história vem com a proposta de levar os visitantes a viverem as situações que transformaram o planeta ao longo dos séculos, na mostra Sensações do Passado Geológico da Terra.
Foto: Divulgação / Juan Guerra
O público pode interagir com os poemas do português Fernando Pessoa
Em (Re)construções: Arte Contemporânea da África do Sul, esse país ganha relevância. A mostra é formada por obras de 13 artistas sul-africanos de gerações diferentes, entre eles William Kentridge, com obras nos principais museus e galerias do mundo. Outra mostra que merece destaque é Fernando Pessoa, Plural Como o Universo (foto). Sucesso de público em São Paulo, os visitantes conferem instalações audiovisuais e podem, literalmente, viajar por entre os versos do autor português.
Belo Horizonte
A capital mineira é famosa por sua variedade de bares e isso deu origem a exposição Em Volta Dessas Mesas, Uma Cidade - Bares Como Lugares na História de Belo Horizonte. A mostra revela objetos, imagens, textos e documentos que destacam a importância dos bares, emblemáticos na história social e de consumo da cidade.
Outra atração são as obras do artista plástico romeno Emeric Marcier, que visitam quatro cidades de Minas Gerais até o mês de julho. A Mostra Itinerante Emeric Marcier: Estudos conta com 25 trabalhos (estudos) feitos com tinta a óleo, que exploram o traço técnico do artista em autorretratos, nus e retratos de familiares.
Salvador
O Nordeste também é reduto da arte e, inclusive, recebe de portas abertas as intervenções de outras capitais. Exemplo disso é um recorte da 29ª Bienal de São Paulo, exposto no Museu de Arte Moderna da Bahia. O público soteropolitano pode apreciar de perto as principais atrações do evento paulista. Outro destaque na capital baiana, a mostra Azulejos de Udo exibe o acervo de mais de 300 peças doadas pelo alemão Udo Knoff ao Estado da Bahia. As peças fazem parte da coleção de azulejos portugueses, espanhóis, franceses, ingleses, holandeses e italianos.
Foto: Divulgação
As obras do artista francês Auguste Rodin estão no Palacete das Artes e são avaliadas em R$ 26 milhões
Já o Palacete das Artes apresenta a exposição Auguste Rodin, Homem e Gênio, com 62 esculturas do artista francês considerado o pai da escultura moderna. O conjunto de peças de gesso, composto por originais que são registrados no inventário das coleções públicas francesas, é avaliado em R$ 26 milhões.
Brasília
Depois de passar por cidades como Porto Alegre e Rio de Janeiro, a mostra Olho do Céu chega à Capital Federal. Nela, são exibidas 30 imagens da Terra captadas por satélite do Centro Alemão de Aeronáutica e Astronáutica. Já a cultura nacional é ressaltada na mostra Povos Indígenas no Brasil. Composta de 60 imagens registradas pela fotógrafa Rosa Guaditano no período de 1989 a 2010, a exposição exibe as etnias dos povos indígenas pouco divulgadas no país.
Em outro extremo, a vídeoinstalação de Renato Barbieru e Regina Pessoa, Corpoalma, discute o que separa o sujeito do objeto e as obras e imagens projetadas investigam o corpo e a alma de instrumentos musicais.
Curitiba
A essência literal do homem é a grande chave da mostra O Fantástico Corpo Humano. A exposição exibe dez corpos humanos reais e aproximadamente 150 órgãos, além de músculos e partes do corpo saudáveis, com câncer e de fumantes. Já Curitiba na Mira do Fotógrafo traz como tema o processo de urbanização sofrido pela capital paranaense. Nela, cerca de 120 imagens em preto e branco retratam as transformações da cidade ao longo dos anos.
Curitiba também é sede do Museu Oscar Niemeyer, que é a casa da exposição do pintor Arcângelo Ianelli. O artista em seu testamento pediu que suas obras fossem doadas para diferentes museus no mundo inteiro e o MON foi um dos destinos escolhidos. E o público pode dar asas à imaginação na mostra A Sensibilidade da Abstração. A arte que, ao contrário do abstracionismo, não simplifica as imagens, destaca formas e figuras a partir de paisagens e sonhos.
Porto Alegre
Foto: Divulgação
Barbies transfiguradas e criadas em pequenos mundos são expostas no Museu do Trabalho
A concorrida mostra Titanic: A Exposição - Objetos Reais, Histórias Reais está na cidade e reúne 243 objetos resgatados do fundo do mar, que proporcionam aos visitantes uma viagem pela história do legendário barco, tema de filmes e livros, sucesso em todo o mundo. Outro grande ícone da história - dessa vez brasileaira - aparece em D. Pedro II - A Imagem de um Brasil Ilustrado. Com a ideia de mostrar uma biografia cronológica do império, o carro-chefe da mostra é o quadro do imperador, feito por Antônio Candido de Menezes em 1872.
Se a ideia é procurar algo mais descontraído, a boneca sinônimo de beleza no mundo recebe as mais variadas formas em Barbies Mutantes (foto). Com foco em situações reais, as obras foram criadas em pequenos mundos, apresentando Barbies totalmente transfiguradas. Outra curiosa exposição tem como tema a história e a evolução dos eletrodomésticos no Brasil. Na Tomada - Revolução, Conforto e Evolução traz peças usadas em casas da década de 50, 60 e 70, como televisores, eletrola, ventilador, geladeira, liquidificador e, inclusive, modelos vivos representando a época.
Atualizado em 6 Set 2011.