"Jorge sentou praça
Na cavalaria
E eu sou feliz porque também sou
Da sua companhia"
(Jorge da Capadócia - Jorge Ben Jor)
As cores vermelha e branca colorem a união de muitas crenças. Nas mãos, uma lança; no peito, um escudo e, na cabeça, uma sentença: destruir os "dragões" desse mundo. Jorge da Capadócia cavalgou pela história e, ao longo do tempo, foi conquistando fiéis. Este é um guerreiro de muitas faces: o Jorge das muitas igrejas, músicas e representações da fé, reverenciado como santo da Igreja Católica, Ogum na Umbanda e como Oxóssi no Candomblé. Já no Rio de Janeiro, o dia 23 de abril é marcado por missas, cavalgadas, feijoadas e carreatas para homenageá-lo. E todas as vertentes desta figura singular fazem parte da exposição As muitas faces de Jorge, em cartaz no Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular, no Rio de Janeiro.
A mostra reúne obras de artistas populares de diferentes lugares do Brasil, e que fazem parte do acervo do Museu do Folclore Edison Carneiro. E, em cada peça, uma representação singular da popularidade do santo guerreiro, que faz morada em uma legião de corações. Esse é o caso dos três devotos que as diretoras Isabel Joffily e Rita Toledo retratam no filme Uma festa para Jorge, que é exibido durante a exposição. E, para embalar a visita, músicas em que São Jorge é tema tocam durante todo o tempo: um convite à emoção. A devoção ao Santo Guerreiro vai, assim, do Ocidente ao Oriente: Jorge é padroeiro de países, cidades, ofícios (especialmente aqueles ligados ao ferro e ao fogo), escolas de samba e até times de futebol.
E, assim como a devoção a São Jorge tem múltiplas formas de demonstração, isso também acontece na história de sua vida. Talvez a mais conhecida seja a que marcou esta imagem do guerreiro matando o dragão, com sua lança, nas sombras das crateras lunares, livrando o povoado de Silca do mal e, assim, convertendo seus moradores à fé cristã. Há também a versão que conta o nascimento de Jorge na Capadócia, atual Turquia, sendo ele um guerreiro e mártir do Império Romano, que morreu defendendo sua fé, justamente no dia 23 de abril de 303, aos 23 anos de idade. Mas, independente da versão, um fator é comum: os sacrifícios sofridos e os milagres realizados por este guerreiro.
Aos que, assim como Jorge, são os guerreiros do dia a dia, travando suas lutas contra os dragões da vida cotidiana, essa exposição representa a fé que nunca morre. Àqueles que não creem no santo guerreiro, as peças contam a história do nascimento e fortalecimento da crença de um povo que deseja livrar-se dos inimigos, vestidos com as armas de Jorge e iluminados pela luz da lua cheia que brilha em cada um desses corações.
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Atualizado em 6 Set 2011.