Guia da Semana

Foto: M.Rossi/T4F


O cabelo platinado e curtíssimo de Marie Fredriksson está lá. A voz potente e delicada, também. O carisma de Per Gessle e sua habilidade com a guitarra, então, nem se fala. Seria uma quase volta aos anos 90, não fosse pela profusão de câmeras digitais e celulares na plateia - alguns deles tiravam fotos e as publicavam instantaneamente no Facebook -, pertencentes às quase sete mil pessoas que lotaram o Credicard Hall no dia 14 de abril na volta da banda sueca Roxette.


No segundo show da turnê Charm School pelo Brasil - o primeiro havia sido em Porto Alegre dois dias antes, e a banda ainda se apresentou no dia 16, no Rio, dia 17, em Belo Horizonte, e fechou a série de shows no dia 19, no mesmo Credicard - a festa tinha sua razão de existir. Fora do circuito de shows desde 1995, a banda deixou saudades - e muitos hits de sucesso absoluto nos anos 90. Os adolescentes da época - e muitos adultos também - se derretiam em baladas como It must have been love, ainda em 1987, Fading like a flower, de 1991, e a Listen to your heart, de 1995.

A espera acabou às 21h45, quando Marie e Gessle e sua banda chegaram chegando ao palco com Dressed for Success. As luzes vermelha e lilás deram as cores ao show, o que realçava ainda mais o loiro cabelo de Marie. E foi difícil ouvir sua voz: o coro do público acompanhou a música do começo ao fim, em um êxtase digno de um grande hino. Sem intervalo, Sleeping in my car arrebatou o coração dos trintões e trintonas de hoje que, na época, sonhavam em ter um carro e andar com ele por aí com a pessoa amada.

The Big L e I wish I could fly também tiveram bom acompanhamento do público, mas não com o mesmo entusiasmo. Mas o Credicard se incendiou com It must have been love: foi só a música começar a ser tocada que o público cantou, em peso, sem errar um verso. Marie e Gessle ouviram e se surpreenderam.


A voz de Marie é um capítulo à parte, principalmente na Perfect Day, quando ela se livrou da jaqueta de couro que usava e ficou com sua camiseta regata preta. A música, lenta, foi somente um acessório para acompanhar o timbre potente e delicado da cantora, que conseguiu - finalmente - criar um certo silêncio para que os fãs pudessem admirar sua voz, uma verdadeira obra de arte. Mas esse silêncio durou pouco. Uma sequência de hits trouxe de volta o coro da plateia: Fading like a flower, Silver Blue e How do you do.


De repente, um dos panos de fundo do palco cai, e mostra outro, com uma imagem dos anos 90 da banda. E embalou com Dangerous e Joyride - isso foi a deixa para o público entrar totalmente no clima nostálgico. E uma surpresa: depois de Joyride, o guitarrista Christoffer Lundquist desfilou pelo palco tocando Brasileirinho - e a plateia retribuiu com muitos aplausos.

O show se encaminhava para seu fim. Way Out, Listen to your heart e Church of your heart fecharam com chave de ouro uma apresentação memorável. Faltaram alguns hits, é verdade. Ausências como I don`t wanna get hurt e Crash! Boom! Bang! - minha música favorita - foram duramente sentidas.

Na apresentação, Gessle não perdeu o pique e dizia que era muito bom estar de volta - sempre munido de uma garrafa de água e uma toalha. Thank you very much era o que Marie mais dizia. A participação da loira era mais do que especial: foi uma vitória, depois de um período complicadíssimo na sua vida. Ela teve um tumor cerebral em 2002, e os médicos diziam que ela teria 20% de chances de cura. Um verdadeiro Crash! e Boom! Contrariando as expectativas, ela venceu e continua firme, forte, esbelta e mostrou que não perdeu o rebolado nem sua doçura. Bang!, ela está de volta.

Leia a coluna anterior de Vanessa Zampronho:

Deixe a preguiça em casa


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Atualizado em 6 Set 2011.