Guia da Semana

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De todos os dias da semana, o domingo parece-me o mais nostálgico de todos. A tríplice brindada por uma travessa generosa de macarronada, os ecos de "Ô loco, meu!" do invasivo Fausto Silva, e a trilha sonora marcada por sambas de partido alto, intercalada com pagodes noventistas de melodias descartáveis, ajudam a ter essa desconcertante sensação.


Para brindar o dia bucólico, o Fantástico é responsável por encerrar a minha semana com chave de ouro. Há duas semanas, os pneuzinhos do Zeca Camargo e Renata Ceribelli foram jogados para escanteio e deram vazão ao anúncio da saída do vocalista Thiaguinho.

Líder da nau Exaltasamba há nove anos, foi responsável por dar um fôlego extra ao grupo após a saída de Chrigor, companheiro de vocais com Péricles. O jovem foi descoberto no programa Fama, em 2002, espaço que despontou novos talentos da música brasileira. A partir daí, foi convidado a integrar o grupo nascido no ABC paulista.

O samba de raiz, unindo-se aos infalíveis refrões românticos, continuou a fazer parte do repertório. Porém, o carisma e a jovialidade do vocalista atraiu um público ainda maior, encabeçado, principalmente, por patricinhas, estudantes e frequentadores de micaretas.
O anúncio da sua saída e do suposto recesso da banda por tempo indeterminado fez suscitar o fantasma que ronda os pagodeiros que decidem dar asas à carreira solo, mas nem sempre com êxito à ousada investida.

Vavá, Belo, Salgadinho, Alexandre Pires, Netinho e Rodriguinho são alguns dos membros do bonde dos desistentes. Durante a trilha, caminhos excêntricos e diferentes paradas, passando pela Câmara dos Deputados, presídios, as ondas das rádios populares e, na pior das hipóteses, o limbo musical. Os porquês dessas variantes nem mesmo o saudoso mestre Cartola poderia explicar.

Mas chutar sobre o destino de Thiaguinho não é uma tarefa muito complexa. Girando a roleta da sorte, enveredar pelo caminho do sucesso, arrastando os chamados "exaltamaníacos" e angariando outros fãs, seria o anseio na jogatina; limitar-se a tocar em um bar diminuto, animando um grupo ínfimo em um palco reduzido, de onde sairiam os principais hits da antiga labuta ou, ainda, construir uma carreira à la Alexandre Pires, com menos de um quarto do sucesso obtido em conjunto, seria o tiro de azar.

Uma porta temerosa, apontada nas redes sociais por algumas fãs do grupo, é o suposto trabalho em parceria com o cantor Rodriguinho. As músicas Palavras de Amigo, Para de Falar Tanta Besteira, Livre pra Voar e Fugidinha são alguns dos rebentos nascidos desta parceria, uma das mais bem-sucedidas do cenário do samba pop.

Ao dividir palcos, fãs e contratos, este casamento estaria fardado ao divórcio, com uma briga de egos que infertilizaria o campo criativo com o ex-Travessos.

Neste furacão, sem a presença do menino dos olhos, o futuro do grupo é incerto. A maioria levanta a bandeira do recesso por tempo indeterminado. Como pretexto, afirmam que o mais de um quarto de século de sucesso não foi em sinergia ao acompanhamento do crescimento dos filhos, o frequente convívio familiar e a resolução das pendências pessoais. Seria a senilidade artística batendo à porta?

Mesmo que se sancione o recesso, a longa carreira de êxitos, se comparada aos outros grupos do gênero nascidos na década de 90, sacramenta o Exaltasamba entre um dos maiores fenômenos da música popular de todos os tempos. E, paralelamente, o ostracismo de mais um vocalista em busca de um pseudo Olimpo do cavaquinho.

Quem é a colunista: Andarilha desgovernada na busca incessante pela felicidade!

O que faz: Jornalista e mestre-cuca mal-sucedida nas horas vagas.

Pecado Gastronômico: Comida japonesa e Brigadeirão! Hum....


Melhor lugar do mundo: Qualquer lugar ao lado da minha família e amigos.

O que está ouvindo no carro, iPod, mp3: Rihanna, Chico Buarque, Exaltasamba, U2, Ney Matogrosso e assim vai..

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Atualizado em 6 Set 2011.