Há alguns meses, recebi um grupo de alunos ávidos por penetrar na essência da música como meditação. Muitos se surpreenderam quando perceberam que a música ia tomar integralmente o tempo das aulas: não só a música que vinha da minha voz e dos instrumentos indianos, árabes e tibetanos, mas, especialmente, a música que vem de dentro deles mesmos, na forma de vibrações, sensações, respirações e estados mentais particulares que só o mantra-ioga consegue despertar.
Aos poucos, foram mudando seus conceitos sobre o que é música: é algo que está em tudo, em todo o cosmos, em cada inspiração, em cada pensamento. Não é somente aquele áudio que toca no aparelho de mp3. Prepará-los para cantar ao vivo em um Sat Sanga não foi difícil: o caminho da música é doce, completo, e propicia a mais sublime forma de meditação que pode existir. Hoje, meus alunos cantores compreendem por que tantos povos antigos consideraram a música como sendo a porta de entrada para o contato com o sagrado.
Sat significa verdade, Sang é uma palavra que tem várias conotações, mas traz consigo a ideia de reunir, cantar, compartilhar em grupo. Sat Sang é, portanto, um encontro em que as pessoas se reúnem em torno de algo comum: vivenciar momentos de profunda introspecção, cada um no caminho da sua busca interior. A tradição vem da Índia e está relacionada com o canto de mantras. O mantra-ioga é uma arte milenar, que poderia ser resumida como uma prática de ioga que realizamos por meio de entonação de sílabas, palavras, recitações e cantos, em que conjugamos posturas físicas, respirações, ativação vibracional dos chakras e o aprendizado dos mantras sagrados.
Recentemente, estudos de Harvard mostraram que cantar mantras altera a plasticidade do cérebro, ativa áreas que estavam adormecidas, e coloca nosso organismo em estado de profundo relaxamento. Mas afirmo que os músicos indianos, mesopotâmios e até mesmo os indígenas já sabiam disso faz tempo. A música altera a consciência e, para vivenciar isso, vamos reunir, pela primeira vez, no dia 1º de abril, o grupo formado em nosso estúdio para cantar ao vivo, com músicos consagrados da nossa world music que já estão na lida faz tempo. Vamos trazer arte, ciência, terapia, nova consciência e ação social.
Alguns alunos falaram sobre as impressões que a música deixou neles. "Não existem palavras para o som, para a música... a sensibilidade, a conexão, integração... minha vida ganha um novo olhar, uma profundidade e uma seriedade necessária para que haja uma transformação interna... nos ouvidos, nos olhos, na voz", disse Flávia Pereira instrutora de ioga. "A arte da música nos conecta ao som interior, compreendendo melhor sobre nós mesmos e despertando a sua potencialidade. Nunca devemos achar que já sabemos tudo ou o suficiente", falou Ivandro Martins, instrutor de ioga, com formação nas linhas Swasthya e Shivan Yoga. "Desafios e descobertas: essas palavras revelam e resumem o que tem sido minha experiência no curso de mantras. Vivências que contribuem para a cotidiana e eterna descoberta do "eu", conta Ana Claudia Cardoso, doutora em Sociologia e escritora.
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Quem é a colunista: Musicista new age, dançarina espiritual, yoguini e pesquisadora de arte oriental.
O que faz: Produz CDs autorais de fusão de MPB com música indiana e árabe, realiza performances de dança do ventre como meditação, e dirige seu estúdio na Vila Madalena com cursos regulares nas áreas de Mantras, Chakras e Dança do Ventre. .
Pecado Gastronômico: Cerveja belga e champagne sofisticada.
Melhor lugar do mundo: Deserto do Novo México e Golden Temple, no Punjab.
O que está ouvindo no carro, mp3, iPod: Eu mesma, sempre!
Fale com ela: [email protected], veja seu site e seu blog.
Atualizado em 6 Set 2011.