No dia 3 de março, a baixinha, gorducha e dentuça mais amada do Brasil completa meio século de criação. Isso mesmo, Mônica e seu vestidinho vermelho já estão em nossos corações há 50 anos.
Para entender um pouco mais sobre a personagem, o Guia da Semana conversou com ninguém menos que seu criador, Mauricio de Sousa. O cartunista falou, dentre outros assuntos, sobre o processo de criação da personagem e suas histórias, sobre o futuro da Turma da Mônica e sobre o projeto de um novo parque temático.
Fale um pouco sobre a Mônica. Qual é o perfil dela?
Além de dentuça, gordinha e bravinha? Ah, a Mônica é uma menina companheira, que defende seus amigos e faz a alegria de milhares de crianças.
Por que você escolheu a Mônica como personagem principal da Turma da Mônica?
Eu não escolhi, foi o público. Logo que as tirinhas do Cebolinha foram divulgadas ela já virou um sucesso. Os leitores enviavam cartas e mais cartas pedindo mais historinhas com ela.
Esse ano a Mônica completa 50 anos. O que essa data significa para você?
Que aquela personagem criada com carinho, inspirada em minha filhinha com seus 3 anos de idade, conseguiu vencer o tempo e é amada até hoje por leitores de diversas gerações. Uma responsabilidade muito gostosa.
O que mudou na vida da Mônica nesses 50 anos?
Ela sempre procura falar a linguagem do dia e da hora. Resta aos roteiristas (e a mim) acompanhar a evolução de hábitos, costumes e comunicação para que a Mônica (e outros personagens) não envelheçam. As redes sociais têm uma grande valia para que consigamos acompanhar a evolução.
O que podemos esperar da Mônica daqui em diante?
A continuação dessa evolução (que vem de meio século) com boa dose de planos e projetos – daqui a alguns poucos anos pode ser que surja uma nova série que poderá se chamar "Turma da Mônica Adulta".
A Mônica é embaixadora do Unicef. Você se sente orgulhoso por isso?
Claro! É um prazer emprestar o prestígio de nossos personagens para causas sociais. Sempre que somos convidados por entidades públicas ou ONGs para esses projetos procuramos atender. E o UNICEF é referência mundial na defesa dos direitos das crianças e pela qualidade de vida.
São 50 anos de Mônica. Como fazer para renovar as histórias?
Cada dia é um novo dia. Tanto para nossos personagens quanto para nossos roteiristas. Eu sempre sugiro que sejam criadas histórias e situações o mais próximo da realidade e das emoções do dia a dia dos nossos criativos. Isso sempre deu certo. Juntando isso à técnica e à narrativa das HQ´s com o nosso estilo de contar histórias com humor e leveza, dá uma revista por dia. Uma grande produção.
Como foi o processo de criação da Turma da Mônica Jovem? O que levou o surgimento dessa nova etapa para os personagens?
A turminha clássica sempre teve grande aceitação e público, mas percebemos que o pré-adolescente já via a turminha como quadrinhos para criança. E começavam a nos trocar pelos mangás ( HQ em estilo japonês). Colocamos então em prática uma velha ideia de termos uma turma jovem. Criamos um estilo de mangá caboclo e deu certo. Hoje é a revista de maior vendagem no ocidente. Só perde para as revistas japonesas de HQ.
Há 50 anos as suas histórias fazem sucesso entre as crianças. Você acha que a fase da infância tem uma linguagem universal?
Com certeza. As mesmas historinhas que publicamos no Brasil são publicadas na China, Itália, Espanha e outros países. Criança é criança no mundo todo. A linguagem do humor e vontade de brincar é universal.
Existe algum projeto para construir um novo Parque da Mônica?
Vários projetos. O problema na criação de novos parques é a burocracia e impostos para importar os brinquedos. O custo quase que dobra e inviabiliza o investimento. É uma discussão que está acontecendo com o governo e espero que tenha bom resultado num futuro próximo. Ou estaremos perdendo campo para o turismo internacional.
Por Anna Thereza de Almeida
Atualizado em 2 Mar 2013.