Por Guilherme Udo
Depois de um período totalmente dedicado a trabalhos na televisão, mas sempre presente nas plateias de montagens teatrais, a atriz Mariana Ximenes volta ao teatro em Os Altruístas, texto do dramaturgo norte-americano Nicky Silver com direção de Guilherme Webber, conhecido por sua ampla atuação na cena teatral brasileira e um dos fundadores da Sutil Companhia.
Em sua primeira direção fora da companhia, Guilherme pôde extravasar suas possibilidades criativas e ainda escolher um elenco marcante. "A escalação tem que ser icônica", diz. Para compor o elenco que atua junto da amiga, escolheu Kiko Mascarenhas, Miguel Thiré, Jonathan Haagensen e Stella Rabello, todos representantes atuantes na cena teatral carioca e com trabalhos memoráveis, comenta o diretor justificando a escolha.
A montagem cumpre temporada no Teatro Augusta, em São Paulo, até 18 de dezembro e apresenta Sydney (Mariana), uma estrela de novela que é desequilibrada, politicamente incorreta e verborrágica. O dia a dia da atriz junto a seu namorado Tony (papel de Thiré) - líder de um grupo de assistentes sociais formado ainda por Ronald (papel de Mascarenhas), irmão de Sydney, e Vivian (papel de Stella) - é apresentado ao público. Lance, papel de Jonathas, é um michê que se relaciona com Ronald e completa a trama.
"A profissão é a única semelhança dela comigo. Meu interesse em fazer a Sydney é por ela pertencer à fantástica galeria de mulheres do Nicky Silver. Brincamos com o fato de ela também ser uma protagonista de novelas, mas isso não foi decisivo para a escolha do papel", conta Mariana, que recentemente esteve nas telinhas em Passione, mas não tem previsão de retornar às novelas.
Em duas horas de espetáculo, um texto de humor ácido e certeiro - características inerentes ao trabalho de Silver - é interpretado pelo elenco, que ainda conta com a plateia como mais um integrante da história, apesar de não existir uma real interação.
Mais do que ser o sexto elemento da peça, as pessoas são levadas ao choque com o desenrolar da montagem. "O público pode se assustar ao se reconhecer na encenação", diz Mariana. Guilherme é ainda mais enfático ao afirmar que todos os personagens são representações das anomalias humanas e isso pode gerar esse reconhecimento do público.
Por Guilherme Udo
Atualizado em 10 Abr 2012.