Quando alguém diz a você que assistiu a um suspense, um terror ou uma comédia romântica brasileira, você se espanta? Pois talvez esteja na hora de conhecer um pouco melhor o cinema do seu país – que vive, hoje, um dos seus momentos mais férteis e ousados. Duvida? Confira 10 filmes que estão mudando a cara do cinema brasileiro:
O Som Ao Redor
A “nova geração” do cinema brasileiro começou a ganhar forma em 2012, quando “O Som Ao Redor” (de Kleber Mendonça Filho) mesclou a crítica social – tradicional – a uma linguagem mais simbólica e fantástica, criando um suspense arrepiante a partir de uma realidade absolutamente banal e cotidiana. A partir daí, o cinema nacional ganhou o “aval” para mergulhar no gênero e não parou mais.
2 Coelhos
No mesmo ano em que o suspense ganhou espaço, Afonso Poyart decidiu que era hora de arriscar em outro gênero quase exclusivamente hollywoodiano: a ação. Pois o diretor o fez tão bem que seu filme seguinte, “Presságios de Um Crime”, seria rodado nos Estados Unidos, com participação de Anthony Hopkins. Seu longa mais recente, “Mais Forte Que O Mundo: A História de José Aldo”, está entre os pré-candidatos à vaga brasileira no Oscar 2017.
O Lobo Atrás da Porta
Aproveitando a porta aberta por Mendonça Filho, Fernando Coimbra agarrou o suspense e o elevou a outro nível no ano seguinte com “O Lobo Atrás da Porta”. No filme, cada ponta de um triângulo amoroso começa a revelar suas verdadeiras facetas quando uma criança desaparece.
O Menino e O Mundo
A animação brasileira também tem vivido uma espécie de “era de ouro” desde 2013, quando “Uma História de Amor e Fúria” (de Luiz Bolognesi) venceu o Festival de Annecy – principal prêmio de animação no mundo. No ano seguinte, “O Menino e O Mundo” repetiu o feito e, em 2016, ele se tornou o primeiro filme brasileiro na história a concorrer ao Oscar de Melhor Animação.
Quando Eu Era Vivo
Outro representante do “novo suspense” nacional, que explorou uma abordagem mais psicológica e mais próxima do terror, foi “Quando Eu Era Vivo”, de Marco Dutra (“Trabalhar Cansa” e “O Silêncio do Céu”). O filme conta a história de um homem que volta a morar na casa dos pais após perder o emprego e a esposa. Lá, ele se reconecta com memórias da família e se torna obcecado pelo passado.
Hoje Eu Quero Voltar Sozinho
Indo em outra direção, “Hoje Eu Quero Voltar Sozinho” trouxe uma proposta mais intimista, resgatando um espírito adolescente e retrô com uma mensagem positiva de diversidade. O filme acompanha um menino cego que começa a desejar ter mais independência quando um novo aluno chega a seu colégio, despertando nele sentimentos conflituosos. Vencedor do Teddy Awards em 2014.
Ponte Aérea
“Hoje Eu Quero Voltar Sozinho” prenunciou a ascensão de outro gênero que seria muito explorado nos anos seguintes: o romance cotidiano. Sem histórias épicas ou trágicas, com pouco ou nenhum traço de comédia e explorando histórias doces e românticas que poderiam acontecer com qualquer um, esses filmes foram ganhando espaço aos poucos e encontraram seu representante mais forte em “Ponte Aérea”. Dirigido por Julia Rezende (“Meu Passado Me Condena” e “Um Namorado Para Minha Mulher”), o filme mostra o relacionamento conflituoso entre uma paulistana e um carioca que se conhecem numa viagem e acabam tendo suas vidas divididas entre as duas cidades.
Que Horas Ela Volta?
Premiado em Berlim e Sundance, “Que Horas Ela Volta?” reforçou o discurso do conflito de classes com um detalhe inovador, trazendo uma personagem pobre que estuda para passar numa universidade conceituada enquanto se hospeda na casa onde sua mãe trabalha como empregada. O tema não foi novo, mas a ideia de uma juventude mais antenada e consciente de seus direitos ganhou peso e conquistou o público e a crítica.
Mate-me Por Favor
De volta ao suspense, o longa de estreia de Anita Rocha da Silveira flerta com o cinema noir e com o terror para explorar um tema urgente da vida urbana: a violência contra a mulher e suas consequências sobre a formação de uma geração de meninas. Com uma linguagem mais poética que seus colegas de gênero, “Mate-Me Por Favor” mostra a rotina de um grupo de estudantes que, ao saberem de uma onda de assassinatos de mulheres, começa a fantasiar sobre a situação enquanto lida com a própria sexualidade pulsante.
De Onde Eu Te Vejo
Fechando o ciclo mais recente de romances cotidianos, está “De Onde Eu Te Vejo”, longa de Luiz Villaça sobre um casal adulto que se separa, mas continua vivendo em apartamentos vizinhos. O filme se destaca por apostar em protagonistas fora da faixa etária padrão de 20 a 30 anos (ou menos) e, como “Ponte Aérea”, também trabalha a cidade como protagonista, mas o faz com uma atenção maior à arquitetura.
Por Juliana Varella
Atualizado em 15 Set 2016.