Entre escravos e astronautas, o Oscar 2014 trouxe na lista de candidatos a Melhor Filme uma proposta diferente. Ela (Her), de Spike Jonze, retoma antigos medos humanos com um ponto de vista romântico, otimista, mas nem por isso menos perturbador: esta é a história de um homem que se apaixona – de verdade, não por carência ou loucura – pelo sistema operacional de seu computador.
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Como Jonze, outros diretores se debruçaram sobre o tema da complicada relação entre o homem e suas máquinas, discutindo inteligência, consciência e, em meio a tanta tecnologia, o que significa ser humano. Para aquecer a discussão, o Guia da Semana selecionou 10 filmes que tentam encontrar respostas ou jogam novas perguntas nesta fogueira. Confira:
Metropolis (1927)
O clássico de Fritz Lang é considerado um dos primeiros filmes de ficção científica. Numa empresa dividida entre os trabalhadores “pensantes” e os “braçais” (que vivem no subsolo), o dono decide criar uma robô com a aparência da principal líder dos operários (Maria), para quebrar sua união e evitar um motim. A robô, porém, acaba atiçando o ódio e a paixão dos trabalhadores e causa um tumulto muito maior, enquanto a verdadeira Maria luta para sobreviver e salvá-los.
2001: Uma Odisseia no Espaço (1968)
O clássico de ficção científica de Stanley Kubrick foi produzido paralelamente ao livro, do roteirista Arthur C. Clarke. Enquanto o livro se aproxima mais das questões discutidas em Transcendence (2014), o longa discute a inteligência artificial e seus perigos. Uma equipe viaja a bordo de uma nave cujo computador central (Hal 9000) é capaz de tomar decisões independentes. Quando os tripulantes suspeitam de um erro e cogitam desligá-lo, o computador decide assumir o controle.
O Exterminador do Futuro (1984)
O filme de James Cameron com Arnold Schwarzenegger gira em torno de uma guerra entre homens e máquinas. Em 2029, John Connor é o líder dos humanos, que os conduzirá à vitória. Para vencer a guerra, os robôs enviam um soldado ao passado para assassinar a mãe de Connor, mas um homem também volta com a missão de protegê-la.
Ghost in the Shell / O Fantasma do Futuro (1995)
O anime japonês, baseado num mangá e transformado em filme, ambienta-se numa realidade cyberpunk e mistura um thriller criminal com uma ficção científica de fundo filosófico. A protagonista tem grande parte do corpo substituída por membros cibernéticos, o que a permite migrar entre diferentes corpos enquanto caça seu criminoso. Já o vilão, que se descreve como uma “entidade criada no mar de informação”, já foi humano, mas abandonou totalmente a forma física até se tornar um elemento eletrônico e, finalmente, invadir as mentes de suas vítimas.
Matrix (1999)
No filme que reacendeu a paranoia de “real x virtual”, Keanu Reeves vive Neo, um hacker que pensa viver num mundo tedioso, mas normal. Um dia, um homem revela a ele que aquela é apenas uma realidade virtual, criada pelas máquinas para mantê-lo vivo e, assim, sugar sua energia. É a Matrix. No mundo real, as máquinas dominam os homens e uma guerra estaria por vir.
I.A. Inteligência Artificial (2001)
Steven Spielberg tornou realidade um projeto que concebera com Stanley Kubrick e deu vida ao pequeno David. Vivido por Haley Joel Osment, David é uma criança-androide, criada para substituir o filho doente de um casal humano. Quando o filho verdadeiro volta à casa, porém, o androide perde o amor da mãe e parte numa jornada para se tornar humano e tentar, assim, recuperar seu lugar na família.
Eu, Robô (2004)
Inspirado numa coleção de contos de Isaac Asimov, Eu, Robô acompanha a investigação de um robô suspeito de ter assassinado seu criador, contrariando as “três leis da robótica”: não machucar um humano, não desobedecer a um humano e proteger a si mesmo. A suspeita quebra a confiança dos homens com seus serviçais e revela uma conspiração envolvendo uma nova linha de robôs e uma central de inteligência artificial, que toma decisões baseadas em probabilidades.
WALL-E (2008)
O robozinho da Pixar vive num futuro solitário, cuidando do lixo que sobrou na Terra depois que os humanos a abandonaram para viver no espaço. Quando ele encontra uma planta (item raro), ele ganha a companhia de outra robô e os dois vão para uma nave cheia de humanos. É quando descobrimos que os homens abandonaram toda a sua humanidade em nome do conforto – delegando todas as tarefas a máquinas, que evoluíram até se tornarem mais humanas do que eles.
Ela (Her, 2013)
No romance de Spike Jonze, Joaquin Phoenix vive Theodore, um homem recém-divorciado que compra um computador pessoal com um sistema operacional de última geração. Esse sistema, chamado Samantha, foi desenhado para atender a todos os desejos do seu dono e se revela curioso e bem-humorado, como uma parceira perfeita. O filme discute tanto a criação de personalidades virtuais quanto a supervalorização da aparência nos dias de hoje – Samantha, afinal, não tem corpo nenhum.
Transcendence (2014)
No longa de estreia de Wally Pfister, que estreia em abril nos EUA, Johnny Depp vive um cientista que descobre como transferir sua consciência para um computador, o que lhe permitiria viver eternamente e assumir o controle dos códigos digitais. Quando isso acontece, porém, seu poder se revela perigoso para a própria humanidade.
Por Juliana Varella
Atualizado em 16 Jun 2014.