A morte ainda é um dos grandes tabus da humanidade. Apesar de ser encarada com naturalidade por algumas religiões orientais e celebrada com festa nas tradições mexicanas, ela é raramente discutida no restante do mundo e, no Brasil, é praticamente um assunto proibido.
Pois é para mudar essa visão que o Caixa Belas Artes está inaugurando o “Cineclube da Morte” – uma sessão mensal de um filme seguido por bate-papo com uma especialista sobre os medos e cuidados acerca desse momento, e também sobre a dor de quem fica. A ideia surgiu com os “death cafés”, que vêm se popularizando fora do país e nos quais os participantes conversam abertamente sobre o tema durante lanches ou jantares, embarcando em discussões filosóficas sobre a vida.
As sessões acontecem às terças-feiras, às 19h30, e terão a participação da Dra. Ana Claudia Arantes, médica geriatra e especialista em Cuidados Paliativos. Os ingressos custam R$ 20 (inteira) e estão à venda na bilheteria.
Confira a programação:
Terça-feira, 8 de agosto
19h30 - A Partida, de Yojiro Takita (2008)
O filme que abre a série foi escolhido por tratar diretamente do respeito à morte. “Trata-se de um olhar muito delicado para a morte e traz o aspecto cultural da morte entre os japoneses, que acreditam o quanto é é importante honrar a história da pessoa e que o corpo seja fiel ao que ele foi em vida”, explica Dra. Ana Claudia. “A relação do curador com o doente transforma o curador. Foi o que aconteceu comigo”, afirma Tom Almeida.
Terça-feira, 12 de setembro
19h30 - Invasões Bárbaras, de Denys Arcand (2003)
Esse é um clássico do assunto que nos leva direto às relações familiares e as oportunidades de resolver pendências e deixar o amor brotar. “É uma bênção proporcionar um bom final de vida para o outro. Aprender a ler nas entrelinhas”, afirma Tom Almeida. Apesar dos conflitos entre pai e filho, é uma relação intensa de parceria e confiança.
Terça-feira, 3 de outubro
19h30 - Mar adentro, de Alejandro Amenábar (2004)
O respeito ao ponto de vista do paciente é assunto central deste filme. Refletir sobre a eutanásia e o suicídio assistido. “No pacote da negação da morte em boa parte da cultura ocidental pode também estar contido o desrespeito a escolhas do paciente, em prol da manutenção de uma vida que talvez não se deseje mais”, reflete Dra. Ana Claudia.
Terça-feira, 7 de novembro
19h30 - O quarto filho, de Nanni Moretti (2001)
A dor de quem fica é o tema deste longa-metragem. “Embora todos nós saibamos que vamos morrer, a morte de um entende querido pode ser muito dolorosa, especialmente quando a "lógica etária" é invertida, ou seja, o filho morre antes dos pais”, diz Almeida. “Como aceitar a morte?”, é a pergunta que o filme nos convida a responder.
Terça-feira, 12 de dezembro
19h30 - Truman, de Cesc Gay (2016)
“Adoramos este longa por se tratar de escolhas”, afirma a dupla de debatedores. “Ainda é um tabu alguém escolher pela qualidade de vida em detrimento a um tratamento doloroso, que talvez pode prolongar a vida, porém com limitações maiores do que o paciente quer aceitar”, diz Tom. A consciência da morte pode ser enxergada como um privilégio do paciente, que pode escolher ao lado de quem quer estar, quem quer poupar. “O filme é muito atual e nos leva a pensar nos tratamentos de oncologia atuais”, afirma Dra. Ana Claudia.
Atualizado em 7 Ago 2017.