As Tartarugas Ninja estão de volta, para quem quiser ver. “As Tartarugas Ninja – Fora das Sombras”, segundo filme da franquia iniciada em 2014, estreia neste mês trazendo mais uma história de parceiros que precisam aceitar suas diferenças para agir como uma equipe; mais uma história de mutantes que têm a chance de se tornarem humanos (mas, é claro, acabam aprendendo a se aceitarem como são); e mais um vilão que quer destruir o mundo, atravessando um portal no céu de Nova York.
Se todo esse déjà-vu não for suficiente para afastar o público dos cinemas, então “Fora das Sombras” será um sucesso. Apesar de repetir diversas fórmulas dos filmes de ação contemporâneos, o longa traz uma identificação muito maior com o material original do que o anterior. Ele é mais infantil em muitos sentidos – nas piadas inocentes, na empolgação dos heróis com seus gadgets tecnológicos (seus “brinquedinhos”) e na ingenuidade dos vilões – e, como talvez os fãs tenham sentido falta no primeiro filme, este deixa de lado o realismo para se permitir abraçar a fantasia, assumindo como antagonista o mais bizarro dos inimigos das tartarugas: o cérebro alienígena gigante e rosado chamado Krang.
Isso tudo pode ser positivo se suas expectativas estiverem alinhadas: é um filme bobinho, que talvez lembre aquilo que você gostava de assistir na infância – mas tenha em mente que o público-alvo é de 12 a 13 anos no máximo. Na verdade, até as crianças podem se irritar um pouco com o excesso de didatismo, afinal, depois de um filme inteiro, seria de se esperar que o público já soubesse quem é cada tartaruga e qual é a sua personalidade estereotipada (o intelectual, o musculoso, o líder e o engraçadinho). Ainda assim, o roteiro insiste em reforçar essa informação a cada minuto.
“Fora das Sombras” traz alguns personagens novos e queridos pelos fãs: Stephen Amell (“Arrow”) é Casey Jones, o policial que gosta de combater o crime com uma máscara de hockey; e Gary Anthony Williams e Stephen Farrelly são os capangas Bebop e Rocksteady, presidiários transformados num javali e num rinoceronte homanoides. Jones vem para preencher o papel do coadjuvante capaz de lutar, já que April O’Neil, interpretada por Megan Fox, se reveza entre ser a personagem inteligente (o que só acontece em alguns momentos bem específicos) e ser a mocinha que corre de um lado para o outro. Will Arnett retorna ao papel de Vernon Fenwick – felizmente, com muito menos espaço para suas piadas sem graça.
O que realmente prejudica a experiência neste filme é a trilha sonora. Genérica e “heroica” demais, ela poderia se encaixar num “Vingadores” ou num “Transformers”, mas não combina com a alma jovem de “Tartarugas Ninja”. Mais adequada seria uma trilha musical moderna e criativa, rica em pop e hip hop, como no clássico de 1990.
“As Tartarugas Ninja – Fora das Sombras” é dirigido por Dave Green (“Terra para Echo”) e tem os mesmos roteiristas de “As Tartarugas Ninja” (2014), Josh Appelbaum e André Nemec. Estreia no dia 16 de junho.
Por Juliana Varella
Atualizado em 19 Jun 2016.