Existem filmes que dão medo. Que fazem você pular da cadeira, roer as unhas e sofrer para dormir à noite. E existem filmes que provocam horror, simplesmente, por mostrarem o mundo real como ele poderia ser, se apenas algumas poucas condições fossem preenchidas. É esse último o caso de “12 Horas Para Sobreviver – O Ano da Eleição”, que chega aos cinemas no próximo dia 6 de outubro.
Este, na verdade, é o terceiro filme de uma trilogia, mas o título pode enganar, já que os primeiros se chamam “Uma Noite de Crime” (2013) e “Uma Noite de Crime: Anarquia” (2014). Todos partem da mesma premissa: num futuro próximo, nos Estados Unidos, foi instituído um feriado nacional chamado “Noite de Crime” (“the purge”, em inglês, que significa “expurgo”), que dura 12 horas e durante as quais todos os crimes (incluindo assassinato) são permitidos. Para piorar, todos os serviços de saúde e segurança ficam suspensos nesse período.
A ideia do diretor e roteirista James DeMonaco (autor dos três filmes) é semelhante à lógica por trás dos gladiadores romanos ou da franquia “Jogos Vorazes”: o ser humano tem um instinto de violência que precisa ser saciado – e é melhor que isso aconteça em doses controladas do que caoticamente, no dia-a-dia. Não que 12 horas de massacre sejam a melhor definição para “uma dose controlada”, mas, para interesses artísticos, o banho de sangue vem a calhar.
A série tem um tom caricato e se aproxima mais do horror B do que de um suspense mais sério, mas, se você não se incomodar com a violência abundante e com o excesso de nacionalismo (a Noite de Crime é uma espécie de consequência do “sonho americano” que fracassou), os filmes podem ser bem interessantes.
No primeiro longa, a história gira em torno de um representante comercial (Ethan Hawke) que trabalha numa empresa de segurança e, na noite do expurgo, tem sua fortaleza invadida. Já o segundo acompanha três histórias paralelas de pessoas comuns tentando sobreviver ao expurgo. Agora, em “12 Horas Para Sobreviver”, chegou o ano da eleição e a candidata Charlie Roan (Elizabeth Mitchell), que promete acabar com a Noite de Crime, precisa sobreviver ao evento antes de batalhar nas urnas.
A questão política é muito forte no último filme e a Noite é mostrada como uma manobra para reduzir a população carente e cortar gastos do governo. Além disso, é trabalhada uma dimensão mais fanática: os assassinatos são incentivados como atos simbólicos para representar a purificação e o renascimento de uma nação marcada por violência e crise.
Além de Mitchell, “12 Horas Para Sobreviver – O Ano da Eleição” traz no elenco Frank Grillo, Mykelti Williamson, Joseph Julian Soria e Betty Gabriel. Para quem quiser conhecer ou rever os longas anteriores, “Uma Noite de Crime” está em cartaz na Netflix e “Uma Noite de Crime: Anarquia” está no catálogo do Looke.
Atualizado em 30 Set 2016.