Era começo de dezembro de 2017 e Alicia Vikander desembarcava em São Paulo para participar da quarta edição da Comic Con Experience. Em algumas horas, ela conheceria a euforia dos fãs brasileiros de uma das figuras mais famosas do universo dos games – uma que ela em poucos meses estaria representando em telas enormes nos cinemas de todo o país: Lara Croft, a exploradora destemida da franquia “Tomb Raider”.
Um novo filme, “Tomb Raider - A Origem”, estreia no dia 15 de março sob direção de Roar Uthaug e promete renovar a imagem da personagem para as novas gerações. Vikander conversou com o Guia da Semana e contou um pouco mais sobre o projeto e sobre a experiência:
“Quando me chamaram para fazer esse filme, meu primeiro pensamento foi: mas já não fizeram uma Lara Croft antes?” – confessou, lembrando dos dois filmes estrelados por Angelina Jolie em 2001 e 2003. “Foi quando me introduziram ao jogo de 2013, e eu entendi que havia uma outra história para ser contada, uma história de formação de Lara”. O filme é baseado no jogo mais recente da personagem, lançado como um reboot da série e mostrando uma protagonista mais jovem e ainda inexperiente.
“Nós a encontramos num momento em que ela está tentando encontrar a si mesma, longe de sua origem. Ela está tentando ganhar seu próprio dinheiro e quer encontrar seu lugar, algo com o qual acho que qualquer pessoa jovem vai se identificar” – explicou. “É uma fase difícil. Há muita pressão das pessoas, que perguntam o que você vai fazer com sua vida, e às vezes as pessoas, incluindo eu mesma, só precisam de um tempo para conhecer a si mesmas, e saber qual caminho seguir”.
Essa é a primeira vez que Vikander assume um papel como heroína de ação, dois anos depois de ganhar o Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante pelo drama “A Garota Dinamarquesa” (quando interpretou uma artista cujo marido se descobre transgênero). A julgar pela empolgação com que fala de seus treinos e desafios, porém, ação e aventura foram gêneros que sempre estiveram nos seus planos.
“Eu amo filmes de ação, cresci assistindo a ‘Indiana Jones’, não sei quantas vezes, e também ‘A Múmia’, acho que assisti a todos repetidamente” – a artista riu, relembrando a infância cinéfila. “Então, para mim, entrar nessa aventura foi pura emoção”. Na prática, é claro, as coisas não foram assim tão simples.
Atriz teve quatro meses para se preparar fisicamente para as cenas de ação (Foto: Ilze Kitshoff)
“Houve momentos em que eu pensava: eu deveria estar pulando desse penhasco? Meu corpo está dizendo que não! É claro, são coisas que dão medo... Mas, por outro lado, você também tem uma equipe incrível cuja principal função é a segurança. Quero dizer, onde você dedica mais tempo é na preparação, porque isso é o que define um bom trabalho. É passar por todos os estágios e estudá-los passo-a-passo para que, quando você fizer aquele último salto, você saiba que tudo vai dar certo e que vocês testaram tudo o que poderia dar errado...” – e completou, olhando para o próprio corpo e lembrando de todos os hematomas cobertos por maquiagem: “Mas, sim, minhas pernas ainda parecem as de uma criança de sete anos”.
Paralelamente ao trabalho como exploradora de sítios arqueológicos, Vikander também entrou para o time de atrizes (como Reese Witherspoon, Natalie Portman e Margot Robbie) que decidiram abrir produtoras próprias para financiar projetos onde mais mulheres estejam envolvidas, tanto à frente quanto atrás das câmeras.
Seu primeiro fruto, um road movie chamado “Euphoria”, tem direção e roteiro assinados por Lisa Langseth e três personagens femininas na linha de frente, vividas por Eva Green, Charlotte Rampling e a própria Vikander. “Eu amo cinema, e simplesmente não quero chegar no final do processo, apenas para os ensaios e as filmagens. Eu quero estar lá desde o início, desenvolvendo a ideia”. “Euphoria” ainda não tem data para chegar ao Brasil.
Atualizado em 8 Mar 2018.