O novo filme dos irmãos Ethan e Joel Coen, Inside Llewyn Davis, tem um nome difícil de pronunciar – algo como “Lúin”. Não é de se espantar, portanto, que seu protagonista esteja tendo dificuldades para tornar seu nome conhecido na vila de Greenwich nos anos 60. O filme abriu a Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, foi vencedor do Grand Prix no Festival de Cannes, e surpreende pela sutileza em comparação a outros trabalhos da dupla.
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Llewyn (Oscar Isaac) é um cantor folk. Sua voz é limpa e sua interpretação, emocionada. Mas ninguém parece se interessar por sua música e, para piorar, ele teima em fazer escolhas erradas, como abandonar um trabalho seguro na marinha ou não assinar um contrato de royalties quando deveria. Agora, ele não tem mais teto e vive entre o sofá de um amigo e de outro.
Se Llewyn depende de seus colegas para dormir, ele não se mostra muito bom em retribuir o favor: como é tradicional entre os protagonistas dos Coen, o músico é egoísta, mesquinho e pode ser frio o suficiente para abandonar um animal solitário na estrada. Dividem a tela com Isaac os figurões Justin Timberlake e Carrey Mulligan, o primeiro num papel secundário e a segunda, com uma personagem no mínimo desagradável.
O humor, quase sempre presente nos filmes de Ethan e Joel (responsáveis por Fargo e Queime Depois de Ler), vem diluído em pequenos momentos espirituosos, e não concentrado em grandes absurdos narrativos como em outros anos. Este humor é melancólico e aparece, por exemplo, nos freqüentes e irritantes encontros de Llewyn com outras pessoas que sabem cantar tão bem quanto ele, ou melhor.
Chama a atenção o fato de que certos problemas, que normalmente tomariam grandes dimensões na trama, aqui acabam caindo no esquecimento e, simplesmente, passando sem maiores consequências. A impressão que se tem é a de que Llewyn não se importa o suficiente para se esforçar em resolvê-los ou para tentar mudar sua situação.
Para alguns, isso será a fraqueza do filme; para outros, sua força: se Llewyn não se importa, fica difícil para o espectador torcer por ele ou por qualquer virada em sua história – afinal, esse é o seu jeito de viver, levando dia após dia, sem passado nem futuro, apenas com a companhia do seu violão.
Assista se você
- Gosta de filmes que quebram expectativas
- Aprecia a música folk
- Quer ver Justin Timberlake e Carrey Mulligan soltando a voz
Não assista se você
- Está muito cansado e quer ver um filme mais agitado
- Não gosta de filmes dos irmãos Coen
- Espera ver um filme tão engraçado quanto Queime Depois de Ler
Por Juliana Varella
Atualizado em 24 Fev 2014.